sábado, 30 de novembro de 2013

Didaqué - A Instrução dos Doze Apóstolos .

O documento conhecido como 'Didaqué' (Διδαχń) é anterior a diversos livros da Bíblia: foi possivlmente escrito antes do Evangelho de S. João, do Apocalipse e de algumas das epístolas. "Didaqué" é uma palavra grega que significa "instrução" ou "doutrina", e a obra era conhecida como a "Instrução dos Doze Apóstolos", o que lembra muito o que diz o livro de Atos (2,42) sobre "o ensinamento dos Apóstolos". Assim como ocorre com alguns livros do Novo Testamento, é difícil precisar se a obra foi escrita diretamente por algum(ns) dos Apóstolos de Jesus ou sob sua orientação, e se foi produzida por um só ou vários autores.

De todo modo, trata-se indiscutivelmente de uma preciosidade documental, um conjunto de textos que nos permite um mergulho profundo no inconsciente dos primeiros seguidores de Jesus, um olhar incrivelmente vivo e preciso sobre a maneira de ser e pensar das comunidades cristãs de 2 mil anos atrás. Atualmente, os estudiosos concordam que a obra é fruto da reunião de várias fontes escritas e/ou orais, que retratam a tradição viva das comunidades cristãs do primeiro século. Os locais mais prováveis da sua origem são a Palestina e a Síria.

A Didaqué é um manual da Religião, uma espécie de Catecismo dos primeiros cristãos: era o principal referencial escrito com que os primeiros seguidores do Cristo contavam além das Escrituras hebraicas, pois a Bíblia Cristã, como a conhecemos, ainda não existia. Esse documento nos permite entender melhor as origens do cristianismo, dá uma ideia de como eram a iniciação, as celebrações, a organização e a vida das primeiras comunidades. O(s) autor(es) dirige(m) seus ensinamentos às comunidades formadas pelos primeiros convertidos, que vinham principalmente do paganismo.

O conteúdo e o estilo da Didaqué lembram imediatamente muitos textos do Antigo e do Novo Testamento, bem como outros escritos do século I dC. - O tom e os temas de muitas exortações se parecem bastante com os da literatura sapiencial e com diversos trechos dos Evangelhos. Dessa forma, esse Catecismo das comunidades da Igreja Primitiva é um testemunho incrivelmente preciso do modo de vida dos primeiros cristãos. o Texto menciona Bispos, diáconos, os Sacramentos do Batismo, da Confissão e da Eucaristia.

Notável é o clima de preocupação que a comunidade vive, dentro de uma sociedade estruturalmente pagã, de não se confundir com o ambiente, de não se deixar manipular por aproveitadores oportunistas disfarçados de profetas. Sente-se também a esperança um pouco nervosa de uma escatologia (fim dos tempos) próxima, e o tema da perseverança heróica no caminho da fé são características marcantes das comunidades nascentes, que ainda estão descobrindo a sua vocação e a sua missão no mundo. A seguir, o conteúdo integral da Didaqué. Que seja útil.

'O CAMINHO DA VIDA E O CAMINHO DA MORTE'

CAPÍTULO I

1) Existem dois caminhos: o caminho da vida e o caminho da morte. Há uma grande diferença entre os dois.

2) Este é o caminho da vida: primeiro, ame a Deus que o criou; segundo, ame a seu próximo como a si mesmo. Não faça ao outro aquilo que você não quer que lhe façam.

3) Este é o ensinamento derivado dessas palavras: bendiga aqueles que o amaldiçoam, reze por seus inimigos e jejue por aqueles que o perseguem. Ora, se você ama aqueles que o amam, que Graça você merece? Os pagãos também não fazem o mesmo? Quanto a você, ame aqueles que o odeiam e assim você não terá nenhum inimigo.

4) Não se deixe levar pelo instinto. Se alguém lhe bofeteia na face direita, ofereça-lhe também a outra face e assim você será perfeito. Se alguém o obriga a acompanhá-lo por um quilometro, acompanhe-o por dois. Se alguém lhe tira o manto, ofereça-lhe também a túnica. Se alguém toma alguma coisa que lhe pertence, não a peça de volta porque não é direito.

5) Dê a quem lhe pede e não peças de volta pois o Pai quer que os seus bens sejam dados a todos. Bem-aventurado aquele que dá conforme o mandamento pois será considerado inocente. Ai daquele que recebe: se pede por estar necessitado, será considerado inocente; mas se recebeu sem necessidade, prestará contas do motivo e da finalidade. Será posto na prisão e será interrogado sobre o que fez... e daí não sairá até que devolva o último centavo.

6) Sobre isso também foi dito: que a sua esmola fique suando nas suas mãos até que você saiba para quem a está dando.

CAPÍTULO II

1) O segundo mandamento da instrução é:

2) Não mate, não cometa adultério, não corrompa os jovens, não fornique, não roube, não pratique a magia nem a feitiçaria. Não mate a criança no seio de sua mãe e nem depois que ela tenha nascido.

3) Não cobice os bens alheios, não cometa falso juramento, nem preste falso testemunho, não seja maldoso, nem vingativo.

4) Não tenha duplo pensamento ou linguajar pois o duplo sentido é armadilha fatal.

5) A sua palavra não deve ser em vão, mas comprovada na prática.

6) Não seja avarento, nem ladrão, nem fingido, nem malicioso, nem soberbo. Não planeje o mal contra o seu próximo.

7) Não odeie a ninguém, mas corrija alguns, reze por outros e ame ainda aos outros, mais até do que a si mesmo.

CAPÍTULO III

1) Filho, procure evitar tudo aquilo que é mau e tudo que se parece com o mal.

2) Não seja colérico porque a ira conduz à morte. Não seja ciumento também, nem briguento ou violento, pois o homicídio nasce de todas essas coisas.

3) Filho, não cobice as mulheres pois a cobiça leva à fornicação. Evite falar palavras obscenas e olhar maliciosamente já que os adultérios surgem dessas coisas.

4) Filho, não se aproxime da adivinhação porque ela leva à idolatria. Não pratique encantamentos, astrologia ou purificações, nem queira ver ou ouvir sobre isso, pois disso tudo nasce a idolatria.

5) Filho, não seja mentiroso pois a mentira leva ao roubo. Não persiga o dinheiro nem cobice a fama porque os roubos nascem dessas coisas.

6) Filho, não fale demais pois falar muito leva à blasfêmia. Não seja insolente, nem tenha mente perversa porque as blasfêmias nascem dessas coisas.

7) Seja manso pois os mansos herdarão a terra.

8) Seja paciente, misericordioso, sem maldade, tranquilo e bondoso. Respeite sempre as palavras que você escutou.

9) Não louve a si mesmo, nem se entrege à insolência. Não se junte com os poderosos, mas aproxima dos justos e pobres.

10) Aceite tudo o que acontece contigo como coisa boa e saiba que nada acontece sem a permissão de Deus.

CAPÍTULO IV

1) Filho, lembre-se dia e noite daquele que prega a Palavra de Deus para você. Honre-o como se fosse o próprio Senhor, pois Ele está presente o­nde a soberania do Senhor é anunciada.

2) Procure estar todos os dias na companhia dos fiéis para encontrar forças em suas palavras.

3) Não provoque divisão. Ao contrário, reconcilia aqueles que brigam entre si. Julgue de forma justa e corrija as culpas sem distinguir as pessoas.

4) Não hesite sobre o que vai acontecer.

5) Não te pareças com aqueles que dão a mão quando precisam e a retiram quando devem dar.

6) Se o trabalho de suas mãos te rendem algo, as ofereça como reparação pelos seus pecados.

7) Não hesite em dar, nem dê reclamando porque, na verdade, você sabe quem realmente pagou sua recompensa. reverência, como à própria imagem de Deus.

12) Deteste toda a hipocrisia e tudo aquilo que não agrada o Senhor.

13) Não viole os mandamentos dos Senhor. Guarde tudo aquilo que você recebeu: não acrescente ou retire nada.

14) Confesse seus pecados na reunião dos fiéis e não comece a orar estando com má consciência. Este é o caminho da vida.

CAPÍTULO V

1) Este é o caminho da morte: primeiro, é mau e cheio de maldições - homicídios, adultérios, paixões, fornicações, roubos, idolatria, magias, feitiçarias, rapinas, falsos testemunhos, hipocrisias, coração com duplo sentido, fraudes, orgulho, maldades, arrogância, avareza, palavras obscenas, ciúmes, insolência, altivez, ostentação e falta de temor de Deus.

2) Nesse caminho trilham os perseguidores dos justos, os inimigos da verdade, os amantes da mentira, os ignorantes da justiça, os que não desejam o bem nem o justo julgamento, os que não praticam o bem mas o mal. A calma e a paciência estão longe deles. Estes amam as coisas vãs, são ávidos por recompensas, não se compadecem com os pobres, não se importam com os perseguidos, não reconhecem o Criador. São também assassinos de crianças, corruptores da imagem de Deus, desprezam os necessitados, oprimem os aflitos, defendem os ricos, julgam injustamente os pobres e, finalmente, são pecadores consumados. Filho, afaste-se disso tudo.

CAPÍTULO VI

1) Fique atento para que ninguém o afaste do caminho da instrução, pois quem faz isso ensina coisas que não pertencem a Deus.

2) Você será perfeito se conseguir carregar todo o jugo do Senhor. Se isso não for possível, faça o que puder.

3) A respeito da comida, observe o que puder. Não coma nada do que é sacrificado aos ídolos pois esse culto é destinado a deuses mortos.

'CELEBRAÇÃO LITÚRGICA'

CAPÍTULO VII

1) Quanto ao batismo, faça assim: depois de ditas todas essas coisas, batize em água corrente, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

2) Se você não tiver água corrente, batize em outra água. Se não puder batizar com água fria, faça com água quente.

3) Na falta de uma ou outra, derrame água três vezes sobre a cabeça, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

4)Antes de batizar, tanto aquele que batiza como o batizando, bem como aqueles que puderem, devem observar o jejum. Você deve ordenar ao batizando um jejum de um ou dois dias.

CAPÍTULO VIII

1) Os seus jejuns não devem coincidir com os dos hipócritas. Eles jejuam no segundo e no quinto dia da semana. Porém, você deve jejuar no quarto dia e no dia da preparação.

2) Não reze como os hipócritas, mas como o Senhor ordenou em seu Evangelho. Reze assim: "Pai nosso que estás no céu, santificado seja o teu nome, venha o teu Reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai nossa dívida, assim como também perdoamos os nossos devedores e não nos deixes cair em tentação, mas livrai-nos do mal porque teu é o poder e a glória para sempre".

3) Rezem assim três vezes ao dia.

CAPÍTULO IX

1) Celebre a Eucaristia assim:

2) Diga primeiro sobre o cálice: "Nós te agradecemos, Pai nosso, por causa da santa vinha do teu servo Davi, que nos revelaste através do teu servo Jesus. A ti, glória para sempre".

3) Depois diga sobre o pão partido: "Nós te agradecemos, Pai nosso, por causa da vida e do conhecimento que nos revelaste através do teu servo Jesus. A ti, glória para sempre.

4) Da mesma forma como este pão partido havia sido semeado sobre as colinas e depois foi recolhido para se tornar um, assim também seja reunida a tua Igreja desde os confins da terra no teu Reino, porque teu é o poder e a glória, por Jesus Cristo, para sempre".

5) Que ninguém coma nem beba da Eucaristia sem antes ter sido batizado em nome do Senhor pois sobre isso o Senhor disse: "Não dêem as coisas santas aos cães".

CAPÍTULO X

1) Após ser saciado, agradeça assim:

2) "Nós te agradecemos, Pai santo, por teu santo nome que fizeste habitar em nossos corações e pelo conhecimento, pela fé e imortalidade que nos revelaste através do teu servo Jesus. A ti, glória para sempre.

3) Tu, Senhor o­nipotente, criaste todas as coisas por causa do teu nome e deste aos homens o prazer do alimento e da bebida, para que te agradeçam. A nós, orém, deste uma comida e uma bebida espirituais e uma vida eterna através do teu servo.

4) Antes de tudo, te agradecemos porque és poderoso. A ti, glória para sempre.

5) Lembra-te, Senhor, da tua Igrreja, livrando-a de todo o mal e aperfeiçoando-a no teu amor. Reúne dos quatro ventos esta Igreja santificada para o teu Reino que lhe preparaste, porque teu é o poder e a glória para sempre.

6) Que a tua graça venha e este mundo passe. Hosana ao Deus de Davi. Venha quem é fiel, converta-se quem é infiel. Maranatha. Amém."

7) Deixe os profetas agradecerem à vontade.

A VIDA EM COMUNIDADE

CAPÍTULO XI

1) Se vier alguém até você e ensinar tudo o que foi dito anteriormente, deve ser acolhido.

2) Mas se aquele que ensina é perverso e ensinar outra doutrina para te destruir, não lhe dê atenção. No entanto, se ele ensina para estabelecer a justiça e conhecimento do Senhor, você deve acolhê-lo como se fosse o Senhor.

3) Já quanto aos apóstolos e profetas, faça conforme o princípio do Evangelho.

4) Todo apóstolo que vem até você deve ser recebido como o próprio Senhor.

5) Ele não deve ficar mais que um dia ou, se necessário, mais outro. Se ficar três dias é um falso profeta.

6) Ao partir, o apóstolo não deve levar nada a não ser o pão necessário para chegar ao lugar o­nde deve parar. Se pedir dinheiro é um falso profeta.

7) Não ponha à prova nem julgue um profeta que fala tudo sob inspiração, pois todo pecado será perdoado, mas esse não será perdoado.

8) Nem todo aquele que fala inspirado é profeta, a não ser que viva como o Senhor. É desse modo que você reconhece o falso e o verdadeiro profeta.

9) Todo profeta que, sob inspiração, manda preparar a mesa não deve comer dela. Caso contrário, é um falso profeta.

10) Todo profeta que ensina a verdade mas não pratica o que ensina é um falso profeta.

11) Todo profeta comprovado e verdadeiro, que age pelo mistério terreno da Igreja, mas que não ensina a fazer como ele faz não deverá ser julgado por você; ele será julgado por Deus. Assim fizeram também os antigos profetas.

12) Se alguém disser sob inspiração: "Dê-me dinheiro" ou qualquer outra coisa, não o escutem. Porém, se ele pedir para dar a outros necessitados, então ninguém o julgue.

CAPÍTULO XII

1) Acolha toda aquele que vier em nome do Senhor. Depois, examine para conhecê-lo, pois você tem discernimento para distinguir a esquerda da direita.

2) Se o hóspede estiver de passagem, dê-lhe ajuda no que puder. Entretanto, ele não deve permanecer com você mais que dois ou três dias, se necessário.

3) Se quiser se estabelecer e tiver uma profissão, então que trabalhe para se sustentar.

4) Porém, se ele não tiver profissão, proceda de acordo com a prudência, para que um cristão não viva ociosamente em seu meio.

5) Se ele não aceitar isso, trata-se de um comerciante de Cristo. Tenha cuidado com essa gente!

CAPÍTULO XIII

1) Todo verdadeiro profeta que queira estabelecer-se em seu meio é digno do alimento.

2) Assim também o verdadeiro mestre é digno do seu alimento, como qualquer operário.

3) Assim, tome os primeiros frutos de todos os produtos da vinha e da eira, dos bois e das ovelhas, e os dê aos profetas, pois são eles os seus sumos-sacerdotes.

4) Porém, se você não tiver profetas, dê aos pobres.

5) Se você fizer pão, tome os primeiros e os dê conforme o preceito.

6) Da mesma maneira, ao abrir um recipiente de vinho ou óleo, tome a primeira parte e a dê aos profetas.

7) Tome uma parte de seu dinheiro, da sua roupa e de todas as suas posses, conforme lhe parecer oportuno, e os dê de acordo com o preceito.

CAPÍTULO XIV

1) Reúna-se no dia do Senhor para partir o pão e agradecer após ter confessado seus pecados, para que o sacrifício seja puro.

2) Aquele que está brigado com seu companheiro não pode juntar-se antes de se reconciliar, para que o sacrifício oferecido não seja profanado.

3) Esse é o sacrifício do qual o Senhor disse: "Em todo lugar e em todo tempo, seja oferecido um sacrifício puro porque sou um grande rei - diz o Senhor - e o meu nome é admirável entre as nações".

CAPÍTULO XV

1) Escolha bispos e diáconos dignos do Senhor. Eles devem ser homens mansos, desprendidos do dinheiro, verazes e provados pois também exercem para vocês o ministério dos profetas e dos mestres.

2) Não os despreze porque eles têm a mesma dignidade que os profetas e os mestres.

3) Corrija uns aos outros, não com ódio, mas com paz, como você tem no Evangelho. E ninguém fale com uma pessoa que tenha ofendido o próximo; que essa pessoa não escute uma só palavra sua até que tenha se arrependido.

4) Faça suas orações, esmolas e ações da forma que você tem no Evangelho de nosso Senhor.

O FIM DOS TEMPOS

CAPÍTULO XVI

1) Vigie sobre a vida uns dos outros. Não deixe que sua lâmpada se apague, nem afrouxe o cinto dos rins. Fique preparado porque você não sabe a que horas nosso Senhor chegará.

2) Reúna-se com freqüência para que, juntos, procurem o que convém a vocês; porque de nada lhe servirá todo o tempo que viveu a fé se no último instante não estiver perfeito.

3) De fato, nos últimos dias se multiplicarão os falsos profetas e os corruptores, as ovelhas se transformarão em lobos e o amor se converterá em ódio.

4) Aumentando a injustiça, os homens se odiarão, se perseguirão e se trairão mutuamente. Então o sedutor do mundo aparecerá, como se fosse o Filho de Deus, e fará sinais e prodígios. A terra será entregue em suas mãos e cometerá crimes como jamais foram cometidos desde o começo do mundo.

5) Então toda criatura humana passará pela prova de fogo e muitos, escandalizados, perecerão. No entanto, aqueles que permanecerem firmes na fé serão salvos por aquele que os outros amaldiçoam.

6) Então aparecerão os sinais da verdade: primeiro, o sinal da abertura no céu; depois, o sinal do toque da trombeta; e, em terceiro, a ressurreição dos mortos. 7Sim, a ressurreição, mas não de todos, conforme foi dito: "O Senhor virá e todos os santos estarão com ele". 8Então o mundo assistirá o Senhor chegando sobre as nuvens do céu.

Fonte:

ALTANER, Berthold & STUIBER, A. Patrologia, São Paulo: Paulinas, 1972, pp. 89/91

Ex-pastor "evangélico" explica porque a Missa é totalmente bíblica.

Conheça o impressionante depoimento de Scott Hahn, ex-ministro presbiteriano, autor, entre muitos outros, do livro autobiográfico "O Banquete do Cordeiro", que conta em detalhes a trajetória de sua conversão à Igreja de Jesus Cristo. O texto abaixo é um trecho desta obra, que recomendamos vivamente.

"Ali estava eu, incógnito, um ministro protestante à paisana, esgueirando-me nos fundos de uma capela em Milwaukee para participar pela primeira vez da Missa. A curiosidade me arrastara até lá e eu ainda não tinha certeza de que fosse uma curiosidade saudável. Ao estudar os escritos dos primeiros cristãos, encontrei inúmeras referências à “liturgia”, à “Eucaristia”, ao “sacrifício”. Para aqueles primeiros cristãos, separada do acontecimento que os católicos de hoje denominam “Missa”, a Bíblia – o livro que eu mais amava – era incompreensível.

Eu queria entender os cristãos primeiros, mas não tinha nenhuma experiência de liturgia. Por isso, persuadi a mim mesmo a ir ver, como uma espécie de exercício acadêmico, mas jurando o tempo todo que não ia me ajoelhar nem participar de idolatria.

Sentei-me na obscuridade, em um banco bem no fundo daquela capela no subsolo. À minha frente havia um número considerável de fiéis, homens e mulheres de todas as idades. Impressionaram-me suas reflexões e sua evidente concentração na oração. Então um sino soou e todos se levantaram quando o padre surgiu de uma porta ao lado do altar. Hesitante, permaneci sentado. Durante anos, como calvinista evangélico, fui instruído para acreditar que a Missa era o maior sacrilégio que alguém poderia cometer. Tinha aprendido que a Missa era um ritual com o propósito de “sacrificar Jesus Cristo outra vez”. Por isso, eu seria um espectador, ficaria sentado, com a Bíblia aberta ao meu lado.

Entretanto, è medida que a Missa prosseguia, alguma coisa me tocou. A Bíblia não estava só ao meu lado. Estava diante de mim – nas palavras da Missa! Um versículo era de Isaías, outro dos Salmos, outro de Paulo. A experiência era prodigiosa. Eu queria interromper tudo e gritar: “Ei! Posso explicar o que está acontecendo a partir das Escrituras? Isso é maravilhoso!” Não obstante, mantive minha posição de espectador à parte até que ouvi o sacerdote pronunciar as palavras da consagração: “Isto é o meu corpo… Este é o cálice do meu sangue”.

Eu senti todas as minhas dúvidas se esvaírem. Quando vi o sacerdote elevar aquela hóstia branca, percebi que uma prece subiu de meu coração em um sussurro: “Meu Senhor e meu Deus. Sois realmente vós!”

A partir daquele ponto, fiquei, por assim dizer, tolhido. Não imaginava uma emoção maior que a que aquelas palavras provocaram em mim. Porém a experiência intensificou-se um momento depois, quando ouvi a congregação repetir: “Cordeiro de Deus… Cordeiro de Deus… Cordeiro de Deus”, e o sacerdote responder: “Eis o Cordeiro de Deus…”, enquanto elevava a hóstia.

Em menos de um minuto a frase “Cordeiro de Deus” ressoou quatro vezes. Graças a longos anos de estudos bíblicos, percebi imediatamente onde eu estava. Estava no livro do Apocalipse, no qual Jesus é chamado Cordeiro nada menos que vinte e oito vezes em vinte e dois capítulos. Estava na festa de núpcias que João descreve no final do último livro da Bíblia. Estava diante do trono do Céu, onde Jesus é saudado para sempre como o Cordeiro. Entretanto, não estava preparado para isso – eu estava na Missa!

Voltei à Missa no dia seguinte e no outro dia e no outro. Cada vez que voltava, eu “descobria” mais passagens das Escrituras consumadas diante dos meus olhos. Contudo, naquela capela escura, nenhum livro me era tão visível quanto o da revelação de Jesus Cristo, o Apocalipse, que descreve a adoração dos anjos e santos do Céu. Como nesse livro, vi, naquela capela, sacerdotes paramentados, um altar, uma assembléia que entoava: “santo, santo, santo”. Vi a fumaça de incenso, ouvi a invocação de anjos e santos; eu mesmo entoava os aleluias, pois me sentia cada vez mais atraído a essa adoração. Continuei a me sentar no último banco com minha Bíblia e mal sabia para onde me voltar – para a ação no Apocalipse ou para a ação no altar, que pareciam cada vez mais ser exatamente a mesma.

Mergulhei com vigor renovado em meu estudo do cristianismo antigo e descobri que os primeiros bispos, os Padres da Igreja, tinham feito a mesma “descoberta” que eu fazia a cada manhã. Eles consideravam o livro do Apocalipse a chave da liturgia e a liturgia a chave do livro do Apocalipse. Alguma coisa intensa aconteceu com o estudioso e crente que eu era. O livro da Bíblia que eu achava mais desconcertante – o do Apocalipse – agora elucidava as idéias mais fundamentais de minha fé: a idéia da aliança como elo sagrado da família de Deus. Além disso, a ação que eu considerava a maior das blasfêmias – a Missa – agora se revelava o acontecimento que ratificou a aliança de Deus: “Este é o cálice do meu sangue, o sangue da nova e eterna aliança”.

Eu estava aturdido com a novidade de tudo aquilo. Durante anos tentei compreender o livro do Apocalipse como uma espécie de mensagem codificada a respeito do fim do mundo, a respeito do culto no Céu distante, a respeito de algo que, em sua maioria, os cristãos não poderiam experimentar aqui na terra. Agora, depois de duas semanas de comparecimento diário à Missa, eu me via querendo levantar durante a liturgia e dizer: “Ei, pessoal. Quero lhes mostrar onde vocês estão no livro do Apocalipse! Consultem o capítulo 4, versículo 8. Agora mesmo vocês estão no Céu”.

No Céu agora mesmo! Os Padres da Igreja mostraram que essa descoberta não era minha. Pregaram a respeito há mais de mil anos. Entretanto, eu estava convencido de que merecia o crédito pela redescoberta da relação entre a Missa e o livro do Apocalipse. Então descobri que o Concílio Vaticano II tinha me passado para trás. Reflita nestas palavras da Constituição sobre a Sagrada Liturgia:

Na liturgia terrena, antegozando, participamos da liturgia celeste, que se celebra na cidade santa de Jerusalém, para a qual, peregrinos, nos encaminhamos. Lá, Cristo está sentado à direita de Deus, ministro do santuário e do tabernáculo verdadeiro; com toda a milícia do exército celestial entoamos um hino de glória ao Senhor e, venerando a memória dos Santos, esperamos fazer parte da sociedade deles; suspiramos pelo Salvador, Nosso Senhor Jesus Cristo, até que ele, nossa vida, se manifeste, e nós apareçamos com ele na Glória.

Espere um pouco. Isso é Céu. Não, isso é a Missa. Não, é o livro do Apocalipse. Espere um pouco: isso é tudo o que está acima.

Esforcei-me bastante para ir devagar, cautelosamente, com o cuidado de evitar os perigos aos quais os convertidos são suscetíveis, pois eu estava depressa me convertendo à fé católica. Contudo, essa descoberta não era produto de uma imaginação superexcitada; era o ensinamento solene de um concílio da Igreja Católica. Com o tempo, descobri que era também a conclusão inevitável dos estudiosos protestantes mais rigorosos e honestos. Um deles, Leonard Thompson, escreveu que “até mesmo uma leitura superficial do livro do Apocalipse mostra a presença da linguagem litúrgica disposta em forma de culto… A linguagem de culto desempenha importante papel na coerência do livro”. Bastam as imagens da liturgia para tornar esse extraordinário livro compreensível. As figuras litúrgicas são essenciais para sua mensagem, escreve Thompson, e revelam “algo mais que visões de ‘coisas que estão por vir’”.

O livro do Apocalipse tratava de Alguém que estava por vir. Tratava de Jesus Cristo e sua “segunda vinda”, a forma como, em geral, os cristãos traduziram a palavra grega parousia. Depois de passar horas e horas naquela capela de Milwaukee, em 1985, aprendi que aquele Alguém era o mesmo Jesus Cristo que o sacerdote católico erguia na hóstia. Se os cristãos primitivos estavam certos, eu sabia que, naquele exato momento, o Céu tocava a terra. “Meu Senhor e meu Deus. Sois realmente vós!”.

A partir daquele ponto da Missa, fiquei, por assim dizer tolhido. Não imagino uma emoção maior do que aquelas palavras provocaram em mim. Porém a experiência intensificou-se um momento depois, quando ouvi a congregação repetir: Santo,Santo,Santo, Senhor Deus do Universo…

Meu Deus,eu que estudara o Apocalipse durante 20 anos,entendia muito bem o que estava acontecendo ali… o Céu baixava-se naquele local para celebrar com os católicos!

Mais aturdido ainda fiquei quando ouvi toda assembléia proclamar: 'Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós… Dai-nos a Paz!', e o sacerdote responder: 'Eis o Cordeiro de Deus; eis Aquele que tira o pecado do mundo!'

Em menos de um minuto a frase 'Cordeiro de Deus' ressoou quatro vezes. Graças aos longos anos de estudos bíblicos, percebi imediatamente onde eu estava. Estava no livro do Apocalipse, no qual Jesus é sempre chamado Cordeiro. Estava na Festa de Núpcias que João descreve no Apocalipse. Estava diante do Trono do Céu, onde Jesus é saudado para sempre como Cordeiro. Entretanto,eu não estava preparado para isso – EU ESTAVA NA SANTA MISSA DO SENHOR!

Voltei à Missa no dia seguinte, e no outro dia e no outro. Cada vez que voltava, eu descobria mais passagens das Escrituras consumadas diante de meus olhos.

Mergulhei com vigor renovado em meu estudo do cristianismo antigo e descobri que os primeiros padres e bispos da Igreja, haviam feito a mesma descoberta que eu fazia a cada manhã. Eles consideravam o livro do Apocalipse a chave da Liturgia. Alguma coisa intensa acontecia com o estudioso e crente que eu era. ALÉM DISSO, A MISSA, QUE EU ACHAVA A MAIOR DAS BLASFÊMIAS, agora se revelava no acontecimento que ratificou a Aliança com Deus: 'Este é o Cálice de meu Sangue…'

Eu estava aturdido com a novidade de tudo aquilo. Em meio a crianças chorando e correndo dentro da igreja, para cá e acolá; em meio a um coral destoado nas vozes; em meio a mulheres vestidas como se fossem para a praia, o Céu se une com os católicos para celebrarem o Banquete do Cordeiro.

Depois de duas semanas de comparecimento diário à Missa, eu me via querendo levantar durante a Liturgia e dizer: “Ei pessoal! Quero lhes mostrar onde vocês estão no livro do Apocalipse! Consultem o capítulo 4, versículo 8; agora mesmo vocês verão que estão no Céu!”.

Verdadeiramente me converti à Igreja Católica, e descobri que os padres é que descobriram toda essa riqueza, e não eu. Descobri que o Concílio Vaticano II tinha me passado para trás, quando diz: 'Na Liturgia terrena, antegozando, participamos da Liturgia Celeste, que se celebra na Cidade Santa de Jerusalém, para a qual, peregrinos, nos encaminhamos. Lá, Cristo está sentado à direita do Pai, Ministro do Santuário e do Tabernáculo verdadeiro; com toda Milícia do Exército Celestial entoamos um hino de Glória ao Senhor e, venerando a memória dos Santos, esperamos fazer parte da sociedade deles; suspiramos pelo Salvador, Nosso Senhor Jesus Cristo, até que ele, nossa vida, se manifeste, e nós apareçamos com ele na Glória'."
Fonte: Portal Catedral Sagrado Coração de Jesus

O beijo de Judas.

Tenham cuidado! O inimigo está dentro da Santa Igreja Católica Apostólica Romana. Na noite mais sagrada da história da humanidade, quando o Filho de Deus instituiu a Eucaristia e o Sacerdócio, a serpente estava lá, sussurrando no ouvido de Judas Iscariotes.

(1) Santo Evangelho segundo São Mateus (26, 46-49): “Levantai-vos, vamos! Aquele que me trai está perto daqui. Jesus ainda falava, quando veio Judas, um dos Doze, e com ele uma multidão de gente armada de espadas e cacetes, enviada pelos príncipes dos sacerdotes e pelos anciãos do povo. O traidor combinara com eles este sinal: 'Aquele que eu beijar, é ele. Prendei-o'! Aproximou-se imediatamente de Jesus e disse: 'Salve, Mestre'. E beijou-o.”

(2) São Paulo, o grande Apóstolo, falando aos bispos e clero em Êfeso (Atos 20, 28-30), adverte: “Cuidai de vós mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastorear a Igreja de Deus, que Ele adquiriu com o seu próprio Sangue. Sei que depois da minha partida se introduzirão entre vós lobos cruéis, que não pouparão o rebanho. Mesmo dentre vós surgirão homens que hão de proferir doutrinas perversas, com o intento de arrebatarem após si os discípulos.”

(3) Em uma carta escrita em 4 de dezembro de 1970, Ir. Lúcia, vidente de Fátima, escreveu: “Nossa Senhora solicitou e recomendou que o Rosário fosse rezado todos os dias, tendo repetido isso em todas as Aparições como se ela estivesse nos advertindo de que, nesses tempos de desorientação diabólica, não devemos nos deixar enganar por falsas doutrinas que diminuem a elevação de nossa alma a Deus através da oração”.
 

(4) Juntamente com São Basílio, São Gregório Nazianzeno e Santo Atanásio, São João Crisóstomo é tido como um dos quatro grandes Doutores Orientais da Igreja. - São João Crisóstomo nasceu em 344 aD e passou a maior parte de sua vida em Antioquia, cidade onde os sete macabeus foram martirizados e onde, pela primeira vez, homens foram chamados de “cristãos”. Em 398 aD, São João Crisóstomo foi consagrado Arcebispo e Patriarca de Constantinopla.

São João Crisóstomo foi simplesmente o oposto de seu predecessor, o afável bispo Nectário. Começou a “limpar a casa,” dando ao clero mais trabalho e insistindo na necessidade de mais oração. Ele exigia que os monges retornassem a seus mosteiros em vez de ficar vagando, como alguns faziam. São João não dava banquetes, comia uma refeição frugal à noite, vestia-se modestamente, vendeu o rico mobiliário do palácio episcopal e deu o dinheiro, comida e roupas aos pobres.

Dois de seus maiores inimigos eram bispos: Severiano, Bispo de Gabala, na Síria, e Teófilo, Patriarca de Alexandria. Com ajuda e suporte da Imperatriz, Eudóxia, Teófilo reuniu um grupo de bispos do Egito e eles realizaram um Concílio falso para depor São João Crisóstomo. Levantaram acusações falsas e frívolas contra ele, — de que ele havia deposto um diácono para surrar um funcionário, chamado vários de seus clérigos de homens sem categoria, ordenado sacerdotes em sua capela doméstica, havia vendido bens que pertenciam à igreja, que ninguém sabia o paradeiro de suas receitas, que ele fazia suas refeições sozinho. - Eles também o acusaram de traição contra o imperador.

O imperador então emitiu uma ordem para bani-lo, mas esta foi desafiada por seu povo, que se reuniu ao redor da igreja para proteger o seu pastor. Em um sermão de despedida aos fiéis, São João Crisóstomo exclamou: “Tempestades violentas me rodeiam de todos os lados, ainda assim não tenho medo, porque estou firmado em uma rocha. Embora o mar se agite, e as ondas se elevem bem alto, elas não podem afundar o navio de Jesus. Não temo a morte, que é um ganho para mim, nem o exílio, porque toda a Terra é do Senhor, nem a perda de bens, porque vim ao mundo nu e devo deixá-lo na mesma condição. Cristo está comigo, a quem temerei?”
 

(5) São João Eudes fundou a Congregação de Jesus e Maria. Juntamente com Santa Maria Margarida Alacoque, foi o fundador e iniciador da devoção do Sagrado Coração. Nasceu na Normandia, França, em 1601, e faleceu em 1680. Disse ele: “A marca mais evidente da Ira de Deus e o castigo mais terrível que Ele pode infligir ao mundo são manifestos quando Ele permite que seu povo caia nas mãos de padres que são sacerdotes mais no nome do que em atos, sacerdotes que praticam a crueldade de lobos vorazes em vez da caridade e afeição de pastores devotos”.

(6) La Salette ainda hoje é uma pequena aldeia no alto dos Alpes franceses, próximo de Grenoble. Em 19 de setembro de 1846, duas crianças pobres, Melanie Mathieu, de 14 anos e Maximin Giraud, de 11 anos , viram uma Senhora extraordinariamente bela enquanto vigiavam o gado na montanha. Ela lhes disse para não temerem, que ela tinha vindo para dizer-lhes algo de grande importância. Cinco anos mais tarde, essa Aparição da Santa Mãe de Deus foi aprovada pela Igreja. De 1858 a 1877, Melanie disseminou a mensagem de Nossa Senhora de La Salette, e a pôs por escrito em 1878.

De acordo com esses documentos, disse a Mãe de Deus em La Salette: “Os sacerdotes, ministros de meu Filho, os sacerdotes, por suas vidas perversas, por sua irreverência e sua impiedade na celebração dos Santos Mistérios, por seu amor ao dinheiro, seu amor a honras e prazeres, os sacerdotes se tornaram fossas de impureza. Ai dos sacerdotes e daqueles dedicados a Deus que através de suas vidas perversas estão crucificando o meu Filho novamente!”

(7) O Papa Leão XIII reinou por vinte e cinco anos (1878-1903) e com 93 de idade. Durante o seu pontificado, tomou conhecimento da infiltração maciça do ateísmo, ocultismo e de todas as formas do mal penetrando a sociedade. Ficou particularmente perturbado pela influência dos maçons, cujo objeto era a ruína da Igreja Católica. Ele teve uma experiência mais que extraordinária com relação ao mal. Enquanto se consultava com vários Cardeais na capela privada do Vaticano, em 13 de outubro de 1884 (exatamente 33 anos antes do “Milagre do Sol”, em Fátima), ao passar diante do Altar, parou subitamente e pareceu perder toda a consciência do que estava ao seu redor. Sua face delgada ficou pálida, seus olhos ficaram estarrecidos de terror e ele ficou imóvel por vários minutos, até que as pessoas que estavam ao seu redor pensaram que ele estivesse prestes a morrer. Seu médico correu para o seu lado, mas o Papa se recuperou, e quase de maneira dolorosa exclamou: “Oh! Que palavras terríveis eu ouvi.” O Papa então compôs a famosa oração a São Miguel Arcanjo.

Depois de algum tempo, Leão XIII confidenciou o que havia visto. O demônio se gabou a Deus de que poderia destruir a Igreja se tivesse mais tempo e mais poder. Então, pediu a Deus 75 anos, depois 100 anos. Sua solicitação foi concedida por Deus, com o entendimento de que haveria uma punição quando ele falhasse. -Como forma de implorar a proteção divina contra Satanás, o Papa Leão XIII ordenou a recitação das Três Ave-Marias e a oração a São Miguel Arcanjo após toda Missa Rezada. A recitação dessas orações após a Missa foi descontinuada após o Vaticano II.
 

São Pio X

(8) Em sua Carta Encíclica
Pascendi Dominici Gregis, de 8 de setembro de 1907, na qual condenou a heresia do modernismo, o Papa São Pio X escreveu: "Sem demora falemos, antes de tudo, que os fautores do erro já não devem ser procurados entre os inimigos declarados; mas, o que é muito para sentir e recear, se ocultam no próprio seio da Igreja, tornando-se tanto mais nocivos quanto menos percebidos”. Salienta o Papa santo que eles buscam destruir a Igreja a partir de dentro e escreve: "Não se afastará da verdade quem os tiver como os mais perigosos inimigos da Igreja. Estes, em verdade, como dissemos não já fora, mas dentro da Igreja, tramam seus perniciosos conselhos; e por isto, é por assim dizer nas próprias veias e entranhas dela que se acha o perigo, tanto mais ruinoso quanto mais intimamente eles a conhecem. Além de que, não sobre as ramagens e os brotos, mas sobre as mesmas raízes que são a Fé e suas fibras mais vitais, é que meneiam eles o machado”.

(9) No início dos anos 60, durante a época do Concílio Vaticano II, nossa Mãe Santíssima apareceu em Garabandal, uma pequena aldeia nas montanhas a nordeste da Espanha, a quatro moças: María Loli, Conchita, Jacinta, e María Cruz. Apesar das aparições não serem formalmente aprovadas pela Igreja, o Santo Padre Pio as apoiou e o bispo local confirmou que não havia nada na mensagem contrário à Fé Católica. Nossa Senhora de Garabandal disse: “Muitos cardeais, bispos e sacerdotes estão na estrada para o inferno e arrastam muito mais almas junto consigo”.

(10) No nono aniversário de sua coroação como Papa, na Festa dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, em 29 de junho de 1972, o Papa Paulo VI declarou: “Acreditamos que após o Concílio viria um dia de sol brilhante para a história da Igreja. Porém, invés disso veio um ida de nuvens, tempestades e de escuridão… e como foi que isso aconteceu? Há um poder, um poder adversário. Chamemo-nos pelo nome: o demônio. Parece que por alguma rachadura misteriosa a fumaça de Satanás entrou no Templo de Deus”.

(11) O Papa João Paulo II, em 7 de fevereiro de 1981, apenas alguns anos em seu pontificado, afirmou: “Devemos admitir realisticamente e com sentimentos de profunda dor que os cristãos hoje em dia, em grande medida, se sentem perdidos, confusos, perplexos e até mesmo decepcionados; idéias opostas à verdade revelada e sempre ensinada estão sendo espalhadas em abundância no exterior; heresias, no sentido pleno e próprio da palavra, foram espalhadas na área de dogma e moral, criando dúvidas, confusões e rebelião; a liturgia foi adulterada. Os cristãos são tentados pelo ateísmo, agnosticismo e pelo cristianismo sociológico destituído de dogmas definidos ou uma moralidade objetiva”.

(12) Em 17 de março de 1990, o Cardeal Oddi deu o seguinte testemunho ao jornalista italiano Lucio Brunelli, “O Terceiro Segredo não tem nada a ver com Gorbachev. A Virgem Maria nos alertou contra a apostasia na Igreja”.

 

(13) Em uma entrevista de 1992, o Pe. Malachi Martin disse o seguinte: “Não há dez bispos que concordem com alguma coisa. Não há duzentos padres que concordem com alguma coisa. Não há coesão sobre a presença real do Santíssimo Sacramento, sobre a devoção a Nossa Senhora, sobre o valor do celibato, sobre o valor da pureza, sobre o valor do matrimônio, ou sobre o valor da vida humana. Estamos divididos pela dissensão. A maioria dos católicos romanos da América aceitam a contracepção. A maioria aceita o aborto como opção. Um elevado percentual aceita o homossexualismo. O que é isso? Temos o homossexualismo nos seminários, dirigidos pelos bispos. Temos hereges ensinando nos seminários, dirigidos pelos bispos. Pera lá! A Igreja como a conhecíamos não existe mais! E Roma não pode fazer nada a respeito. O Cardeal Ratzinger não pode fazer nada a respeito. O Papa não pode fazer nada a respeito. Eles sabem disso tudo, mas eles não podem fazer nada a respeito. Então, descobrimos que há um anel de sacerdotes na Arquidiocese de Chicago que tem praticado pedofilia satânica entre si e assassinado qualquer membro dissidente de seu próprio grupo. Por quanto tempo isso tem ocorrido? E ninguém tem feito nada a respeito! Pera lá, a organização é uma fachada! A Igreja não existe como antes!”

(14) A edição de novembro de 2000 do periódico Christian Order continha a seguinte informação: “Nos anos 30, a liderança comunista emitiu uma diretriz mundial sobre a infiltração na Igreja Católica. Enquanto que no início dos anos 50, a Sra. Bella Dodd também fornecia explicações detalhadas da subversão comunista da Igreja. Falando como ex-oficial de alta patente do Partido Comunista Americano, a Sra. Dodd dizia: 'Nos anos 30 colocamos mil e cem homens no sacerdócio a fim de destruir a Igreja a partir de dentro'. A ideia era que esses homens fossem ordenados e progredissem em seus cargos de influência e autoridade, como Monsenhores e Bispos. Doze anos antes do Vaticano II ela afirmou que: 'Justo agora eles estão nos lugares mais altos da Igreja' — onde eles estavam trabalhando para mudar a Igreja. Ela disse que essas mudanças seriam tão drásticas que 'vocês não reconheceriam a Igreja Católica'”.

(15) No outono de 2002, o Pe. Nicholas Grüner, perito de Fátima mundialmente conhecido, escreveu: “Deus também nos fala, através da Mensagem de Fátima, que Ele punirá o mundo através de quatro castigos —guerra, fome, perseguição à Igreja e perseguição ao Santo Padre. O que a maioria das pessoas não sabe, incluindo aqueles na Igreja, é que a perseguição à Igreja é o que estamos enfrentando atualmente. Isso é um castigo terrível. A Santa Madre Igreja atualmente está sendo perseguida pela infiltração de homens perversos; homens hereges; homens apóstatas, como, por exemplo, maçons, comunistas e, particularmente, pela rede de pedofilia e homossexuais. A perseguição da Igreja é um castigo espiritual muito pior do que todos os castigos materiais. É esse castigo espiritual que está na raiz do escândalo de pedofilia na Igreja hoje em dia”.
 
1) No Santo Evangelho segundo São Mateus, Capítulo 10, o Filho de Deus diz aos seus doze discípulos: “O irmão entregará seu irmão à morte. O pai, seu filho. Os filhos levantar-se-ão contra seus pais e os matarão. Sereis odiados de todos por causa de meu Nome, mas aquele que perseverar até o fim será salvo. Se vos perseguirem numa cidade, fugi para uma outra”.

(2) Em 26 de dezembro de 1957, a Irmã Lúcia, de Fátima, falou ao Pe. Fuentes, “A Bem-Aventurada Virgem Maria me contou que o demônio está com vontade de se engajar em uma batalha decisiva contra a Virgem. De agora em diante, precisamos escolher os lados. Ou estamos a favor Deus ou estamos a favor do demônio. Não há outra possibilidade”.

(3) A heresia do Arianismo causou uma confusão catastrófica na Igreja, entre 336 e 381 aD. O arianismo foi condenado em 325 aD, em Niceia, onde o Primeiro Concílio Ecumênico foi realizado. Ainda em 336, ressurgiu. A heresia, ao final, arrastou 90% dos bispos, antes que fosse finalmente derrotada cinquenta anos mais tarde. Na confusão e perda de fé disto decorrentes, mesmo o grande Santo Atanásio foi perseguido e enviado ao exílio.

(4) São João Gualberto, Abade, nasceu em Florença, Itália, ao final do século X. Ele se tornou fundador dos Beneditinos Ambrosianos de Val. Sua virtude cristã heroica foi demonstrada por ter perdoado o assassino de seu próprio irmão. Antes de se tornar monge, ele havia procurado este assassino com um bando de soldados. Quando encontraram o assassino, este colocou seus braços em forma de cruz e pediu-lhe clemência pelo amor de Cristo Crucificado. São João o perdoou, e através desse grande ato, Deus o levou a se tornar monge.

Apesar de suas virtudes cristãs exemplares de misericórdia e perdão, São João Gualbert não hesitou em buscar a remoção de um prelado corrupto de sua época. Foi à Roma pedir ao Papa que destituísse o Arcebispo de Florença porque era indigno de seu cargo. O fundamento para a petição de São João era que o Arcebispo havia pago dinheiro a determinadas pessoas de influência a fim de ser ele mesmo nomeado Arcebispo.

(5) A Aparição da Bem-Aventurada Virgem Maria em La Salette foi aprovada pela Igreja Católica em 1851. De acordo com Nossa Senhora de La Salette: “O vigário de meu Filho terá muito que sofrer, uma vez que, por um tempo, a Igreja será a vítima de grande perseguição: este será um tempo de escuridão. A Igreja sofrerá uma crise terrível. Todos os governos civis terão um e o mesmo plano, que será o de abolir e acabar com todo princípio religioso, abrir caminho para o materialismo, ateísmo, e vício de todos os tipos. Roma perderá a Fé e se tornará a sé do Anticristo.”

(6) No final dos anos trinta, antes de se tornar o Papa Pio XII, o Cardeal Eugenio Pacelli afirmou: “Estou preocupado com as mensagens da Bem-Aventurada Virgem à Lúcia de Fátima. Essa persistência de Maria sobre os perigos que ameaçam a Igreja é um alerta divino contra o suicídio de alterar a Fé, em sua Liturgia, sua teologia e sua alma”.

(7) Antes falecer, em 1981, o Pe. Joaquin Alonso, o arquivista oficial de Fátima durante dezesseis anos, testemunhou o seguinte, em referência ao Terceiro Segredo de Fátima: “Portanto, é completamente provável que o texto faça referências completas à crise de fé dentro da Igreja e à negligência dos próprios pastores, [às] lutas internas no próprio seio da Igreja e da negligência pastoral grave da alta hierarquia”.

(8) Em uma entrevista, em 1991, o Pe. Malachi Martin disse o seguinte: “Tudo o que sabemos dos santos e dos Papas a partir do século dezenove nos diz que o nosso século em particular é o tempo de crise no qual existe uma batalha de dois mil anos entre Cristo e Satanás. Se tivermos que ser bastante francos, devemos dizer que há um aumento enorme no pecado público ou legalizado. Há um aumento enorme no número de abortos. Há um aumento enorme na quantidade de pornografia. Esses acontecimentos devem ser atribuídos a uma atividade intensa por parte de Satanás. Penso que estamos testemunhando a escalada para o ponto de crise da grande batalha entre Lúcifer e Maria, a Mãe de Deus.”

“(...)Os clérigos não tomarão medidas verdadeiras porque eles não querem problemas. Eles não querem ser impopulares. Eles não querem ser mártires. Muitos bispos e padres pensam que não há nada errado com o aborto. Eles perderam a sua fé. Eles não são mais católicos. Eles se tornaram alguma forma de neo-católicos, que é meio caminho entre os anglicanos e os clubes rotarianos. No campo da educação, a situação é até mesmo pior. Não há dúvida de que o ensinamento do catecismo, o ensino da religião, desapareceu. Os jesuítas, dominicanos, carmelitas e franciscanos se tornaram secularizados. E você não pode falar mais sobre faculdades católicas. Não há como estimar o dano que tem sido feito. Hoje em dia, os marxistas, lésbicas e homossexuais têm direitos iguais nos campus católicos. Eles ensinam sobre preservativos, o estilo de vida homossexual e a eutanásia. Os estabelecimentos católicos de ensino querem ser como os outros. Querem se adaptar ao sistema, mas infelizmente o sistema é imoral."

"Assim, a condição da Igreja é muito triste a partir desse ponto de vista. Além desses problemas existe o fato de que a Igreja está dilacerada por facções. A grande maioria dos católicos nos países ocidentais agora foram afastados da Igreja como ela era. Eles não rezam mais da mesma maneira. Eles não pensam mais da mesma maneira. O jejum e a abstinência acabaram. Nossa Igreja está sendo completamente secularizada porque a fé desapareceu”.

(9) O Papa João Paulo II, escrevendo sobre a Igreja na Europa, em sua Exortação Apostólica Ecclesia in Europa, a 28 de junho de 2003, afirma (nº 9): “Na raiz desta perda de esperança está uma tentativa de promover uma visão de homem separada de Deus e separada de Cristo. A cultura europeia dá a impressão de 'apostasia silenciosa' por parte de pessoas que têm tudo que precisam e que vivem como se Deus não existisse.

(10) Bernard Janzen, jornalista canadense e editor, escreveu (1990): “Há frequentemente uma enorme discrepância entre a realidade de uma determinada situação e a sua imagem sendo projetada ao público. O período da história da Igreja após o Vaticano II foi apresentado pelas autoridades eclesiásticas atuais como uma grande renovação e um segundo Pentecostes. As duras realidades do declínio estatístico, perda disseminada da fé entre os fiéis e incontáveis escândalos confirmam que este exercício de relações públicas tem sido um ato de grande decepção.”

(11) Pe. Malachi Martin, em entrevista de 1990, disse: “Oh, penso que a Missa Nova é a causa de todas as nossas dificuldades. É uma calamidade porque Monsenhor Annibale Bugnini elaborou essa Missa deliberadamente para criar uma cerimônia não católica. Uma dificuldade com a Missa Nova é que ela ensejou Missas inválidas. Ela também tirou das mentes das pessoas do ponto central da Missa, o Sacrifício no Calvário. Agora se trata de uma refeição em comum, feita em uma mesa. O sacerdote é o ministro. Nós as pessoas fazemos uma refeição juntos.”

* Não é sem razão que São João Crisóstomo, Doutor da Igreja, declara: “Os corredores do inferno estão pavimentados com crânios de bispos”. Sem dúvida, o inimigo está dentro. Quase 100 anos atrás, Nossa Senhora de Fátima desceu à Terra para instar-nos a rezar o Santo Rosário e a fazer penitência. Ela alertou-nos que a grande apostasia na Igreja começaria no topo.
 
(1) Na Última Ceia, Jesus Cristo molhou o pão e o deu a Judas Iscariotes. Em João 13:30, lemos o seguinte: “Tendo Judas recebido o bocado de pão, apressou-se em sair. E era noite…”.

(2) No Santo Evangelho Segundo São Mateus, Capítulo 10, o Filho de Deus diz a seus doze discípulos: “Não julgueis que vim trazer a paz à terra. Vim trazer não a paz, mas a espada. Eu vim trazer a divisão entre o filho e o pai, entre a filha e a mãe, entre a nora e a sogra e os inimigos do homem serão as pessoas de sua própria casa”.

(3) Em uma entrevista de 26 de dezembro de 1957 com o Pe. Fuentes, a Ir. Lúcia de Fátima disse: “O que aflige o Imaculado Coração de Maria e o Coração de Jesus é a queda de almas religiosas e sacerdotais. O demônio sabe que os religiosos e sacerdotes que abandonam a sua bela vocação arrastam numerosas almas para o inferno. (…) O demônio deseja tomar posse de almas consagradas. Ele tenta corrompê-las a fim de embalar as almas de leigos e com isso levá-las à impenitência final”.

(4) Em uma carta escrita em 16 de setembro de 1970, Ir. Lúcia de Fátima escreveu: “O demônio foi capaz de infiltrar o mal sob o disfarce de bem,” e “o demônio foi bem-sucedido em iludir e enganar as almas que têm muita responsabilidade por causa das posições que ocupam! Eles são cegos guiando cegos”.

(5) Por volta de 1527, o Rei Henrique VIII da Inglaterra pretendia deixar a sua esposa de dezoito anos, a Rainha Catarina, e substituí-la por Ana Bolena. Ele buscou o apoio de João Fisher, um dos homens mais eminentes da época. Fisher fora um bispo exemplar da Diocese de Rochester por vinte e três anos, numa época em que as vidas de muitos bispos eram menos que edificantes. Ele fora o favorito do pai e do avô do Rei Henrique, chanceler da Universidade de Cambridge, membro do Conselho Privado do rei, um líder na Casa dos Lordes e, entre o clero, foi reconhecido universalmente por sua piedade e erudição.

São João Fisher se opôs à traição conjugal do Rei Henrique e declarou que este e Catarina eram verdadeiros marido e mulher, que suas filhas eram legítimas, e que aquilo que Deus unira nenhum homem deveria separar. Ele liderou essa oposição quase sozinho. Quando, em seu leito de morte, escutou que quase todos os prelados haviam assinado um juramento afirmando a supremacia de Henrique e repudiando a autoridade do Papa, ele exclamou: “O forte foi traído”, culpando assim mais os pérfidos eclesiásticos do que o Rei. Cerca de 95% dos bispos e clérigos ingleses traíram a Santa Madre Igreja!

Em 22 de junho de 1535, o mesmo São João Fisher, aos setenta e sete anos de idade e quase incapaz de caminhar, foi levado da Torre de Londres para as proximidades da Tower Hill. No andaime, pouco antes de ser decapitado, São João Fisher disse: “Eu vim aqui para morrer pela Igreja Católica de Cristo. E eu agradeço a Deus . . .”.

(6) A Igreja Católica aprovou a Aparição Mariana de Nossa Senhora do Bom Sucesso em Quito, Equador, em 1634. Nesta Aparição, a Santa Mãe de Deus disse à Venerável Madre Mariana de Jesús Torres que no final do século XIX e ao longo de grande parte do século XX na Igreja se produziria uma grande heresia. Nossa Senhora disse que o Sacramento do Matrimônio seria atacado e profanado, que leis iníquas seriam promulgadas com o objetivo de abolir este Sacramento e facilitar a todos a viverem em pecado. Nossa Senhora alertou também: “O espírito cristão decairá rapidamente, extinguindo a luz preciosa da Fé até que ela chegue ao ponto em que haverá uma quase total e geral corrupção de valores morais”. Ela falou de padres que se tornariam negligentes em seus deveres sagrados, da falta de vocações sacerdotais e religiosas, da inocência que não mais seria encontrada nas crianças nem a modéstia nas mulheres.

(7) Nossa Senhora de La Salette revelou o seguinte: “Os chefes, os líderes do povo de Deus negligenciaram à oração e à penitência, e o demônio ofuscou a sua inteligência. Eles se tornaram estrelas cadentes que o antigo demônio arrastará com a sua calda para fazê-las perecer. Um grande número de sacerdotes e membros de ordens religiosas deixarão a verdadeira religião; dentre essas pessoas haverão até mesmo bispos.”

(8) O Papa Paulo VI disse, em 29 de junho de 1972: “A fumaça de Satanás entrou na Igreja de Deus através de alguma rachadura .”

(9) No 56º aniversário do “Milagre do Sol,” em 13 de outubro de 1973, no Japão, Nossa Senhora de Akita disse à Ir. Agnes Sasagawa: “O trabalho do demônio se infiltrará na Igreja de tal maneira que se verá cardeais se opondo a cardeais, bispos contra bispos. Os padres que me venerarem serão escarnecidos e sofrerão a oposição de seus confrades… Igrejas e altares serão saqueados; a Igreja estará repleta daqueles que aceitam concessões e o demônio pressionará muitos padres e almas consagradas a deixarem o serviço do Senhor”.

(10) No sexagésimo aniversário do “Milagre do Sol,” em 13 de outubro de 1977, o Papa Paulo VI exclamou: “A cauda do demônio está funcionando na desintegração do mundo católico. A escuridão de Satanás entrou e se espalhou por toda a Igreja Católica até mesmo ao cume. A apostasia, a perda da fé, está se espalhando por todo o mundo e nos mais elevados níveis dentro da Igreja”.

(11) Em 1995, o Cardeal Mario Luigi Ciappi, teólogo papal para cinco papas consecutivos (do Papa Pio XII ao Papa João Paulo II), comunicou ao Professor Baumgartner em Salzburgo, Áustria: “No Terceiro Segredo foi predito, entre outras coisas, que a grande apostasia na Igreja começará no topo”.

(12) A Sra. Bela Dodd, que se converteu à Fé pouco tempo antes de sua morte, era advogada do Partido Comunista dos Estados Unidos. Ela dava uma série de palestras na Universidade Fordham e em outros lugares durante os anos que antecederam o Vaticano II. A edição de novembro de 2000 do periódico "Christian Order" reconta este testemunho de um monge que participou de uma dessas palestras no início dos anos 1950:

“Ouvi essa mulher durante quatro horas e ela me deixou de cabelo em pé ao final. Tudo o que ela disse se tornou realidade ao pé da letra. Você poderia pensar que ela era a maior profetiza do mundo, mas não era. Ela estava simplesmente expondo passo-a-passo o plano de batalha da subversão comunista da Igreja Católica. Ela explicou que de todas as religiões do mundo, a Igreja Católica era a única temida pelos comunistas, porque ela era a única oponente de fato. A ideia toda era destruir, não a instituição da Igreja, mas sim a fé das pessoas, e até mesmo usar a instituição da Igreja, se possível, para destruir a fé através da promoção de uma pseudo-religião: algo que lembrava o catolicismo, mas que não era a coisa real. Uma vez que a fé fosse destruída, ela explicava que haveria um complexo de culpa introduzido na Igreja… A chamar a 'Igreja do passado' como sendo opressiva, autoritária, cheia de preconceitos, arrogante em reivindicar ser a única dona da verdade e responsável por divisões de comunidades religiosas ao longo dos séculos. Isso seria necessário a fim de constranger os líderes da Igreja a uma 'abertura para o mundo' e para uma atitude mais flexível em direção a todas as religiões e filosofias. Os comunistas iriam então explorar essa abertura a fim de minar a Igreja.”

(13) Em uma entrevista de 1990, o Pe. Malachi Martin comentou: “Hoje em dia, em muitas igrejas, se você encontrar a confissão, o que pode ser difícil, você pensa que se trata de uma conversa entre você e o padre. (...) É um bate-papo amigável entre pessoas. Originalmente, você ia a um padre para ser absolvido de seus pecados. Hoje em dia, a crença é que o padre não dá absolvição alguma. Você sente muito por seus pecados e ele lhe dá uma benção. A confissão acabou! A confissão acabou porque o pecado acabou”.

(14) Em uma entrevista de 1991, o Pe. Malachi Martin afirmou:

“Dentro da Igreja, há um corpo substancial de bispos e cardeais que são completamente contrários a duas coisas. Eles são contrários à Missa Romana da maneira que a conhecemos antes do Vaticano II e eles são contrários a qualquer coisa relacionada à Nossa Senhora. Eles não querem quaisquer notícias sobre Fátima. Eles não querem quaisquer notícias sobre Akita. Eles não querem nem mesmo quaisquer notícias sobre Lourdes. Há um esforço internacional coordenado para atacar e denegrir Fátima e colocá-la em uma dimensão menor. Este é um sinal da atividade de Satanás. A coisa mais patética e assustadora para mim é me deparar com paróquias inteiras que nunca ouvem que a Missa é o Sacrifício do Calvário. Sob a liderança do pároco e sob as ordens do bispo, os catecismos paroquiais, livros religiosos e sermões refletem todos um abandono da Fé. As crianças não conhecem o seu catecismo. Elas não conhecem as doutrinas básicas da Igreja. Elas não são mais católicas, mas elas não sabem disso. Essa é a devastação da Igreja de Cristo. Se você me perguntar qual é realmente a causa fundamental da derrocada da Igreja, minha resposta é que esta é a interrupção e destruição da Missa.”

(15) Em uma entrevista de 1990 e 1991, o Pe. Malachi Martin afirmou ainda:

“Hoje em dia, muitos bispos e padres são apóstatas. Eles não são mais católicos. Católico significa alguém que sabe que a Missa é o Sacrifício do Calvário, tem devoção à Nossa Senhora, é devoto do Santo Padre, reza e cumpre as leis da Igreja. Hoje em dia, não temos esse tipo de clero católico em muitos lugares. Há centenas de bispos que estão fora da Igreja em sua doutrina e ensinamento. Então, há o comportamento dos bispos. Há bispos homossexuais nos Estados Unidos, que têm acompanhantes sabidamente homossexuais em suas casas.”

Não é sem razão que São João Crisóstomo, Doutor da Igreja, declara: “Os corredores do inferno estão pavimentados com crânios de bispos.”

(16) Em 13 de dezembro de 2005, o Pe. Bob Hoatson impetrou uma ação judicial contra o Cardeal Edward Egan de Nova York e nove outras autoridades e instituições católicas, reclamando um padrão de “retaliação e assédio” que teve início depois que Hoatson alegou um acobertamento de abuso de clérigos em Nova York e começou a ajudar as vítimas. O Pe. Hoatson alegou que o Cardeal Egan é “homossexual ativo” e que ele tem “conhecimento pessoal disso”. Sua ação judicial indicou como gays ativos outros dois clérigos católicos de alto escalão na região — o bispo de Albany, Howard Hubbard e o arcebispo de Newark, João Myers. O Pe. Hoatson afirma que bispos ativamente gays estão com muito medo de serem eles mesmos expostos para entregar padres pedófilos. A homossexualidade escondida dos bispos, conforme a ação judicial afirma, “afetou a capacidade dos réus de supervisionar e controlar predadores, e serviu como motivo para a retaliação”.

Só recentemente, o Hartford Courant relatou que durante os doze anos do Cardeal Egan como Bishop de Bridgeport, ele repetidamente deixou de investigar padres onde havia sinais óbvios de abuso. A Diocese de Bridgeport teve que liquidar os casos e indenizar as vítimas em cerca de $12-15 milhões em danos. Ao se referir a um caso de negligência inacreditável, de acordo com o Hartford Courant, em 1990, Egan recebeu um memorando sobre “um padrão de acusações em desenvolvimento” de que o Rev. Charles Carr de Norwalk havia acariciado meninos. Egan manteve Carr trabalhando por mais cinco anos, e somente o suspendeu depois que uma ação judicial foi impetrada, e, então, em 1999 ele o designou como capelão no hospital de Danbury. Como assim? O Connecticut Post também reportou que no início do seu reinado, dezenas de pessoas chegaram a acusar o Rev. Raymond Pcolka de Greenwich de abuso sexual e violência contra crianças. Egan reclamou que nunca foi “comprovado” que os acusadores estavam dizendo a verdade. Bem, Egan nunca nem mesmo se incomodou em entrevistá-los e manteve Pcolka no apostolado. [Toda essa negligência municia fartamente os inimigos da Igreja, mas nenhum membro do alto escalão da própria parece se importar com isso]

Escrevendo para o Business Insider, em 8 de fevereiro de 2012, Michael Brendan Dougherty, que viveu na Arquidiocese de Nova York sob o reinado do Cardeal Egan, salienta que Egan efetivamente puniu alguns padres, mas não molestadores de crianças. Mas ele puniu rapidamente e expulsou aqueles padres católicos que celebravam a Missa Tradicional em Latim. De acordo com Dougherty, Egan mimava abusadores de crianças e perseguia padres decentes durante o seu ignominioso reinado como Príncipe da Igreja.

(17) O trecho a seguir foi extraído de um artigo publicado pelo Eric Giunta, em 21 de abril de 2010, na RenewAmerica.com. Em 2004, um grupo de católicos leigos preocupados da Arquidiocese de Miami constituíram-se a si mesmos uma organização leiga sob o nome Christifidelis. Eles se motivaram a agir assim por aquilo que alegaram ser uma supercultura gay governando a arquidiocese. As alegações incluíam que: a vasta maioria dos sacerdotes da Arquidiocese são gays sexualmente ativos, muitos padres estavam utilizando os fundos paroquiais de maneira indébita para viver estilos de vida exorbitantes, e o Arcebispo Favalora e o vigário geral Monsenhor William Hennessey estão implicados nesta supercultura. Em 20 de abril de 2010, a Santa Sé forçou Favalora a apresentar a sua renúncia.

Há centenas de páginas de documentação consistindo grandemente de testemunho anônimo acusando diversos padres diocesanos de promiscuidade arbitrária e crimes financeiros durante o curso do reinado de Favalora. Um antigo padre da Arquidiocese de Miami observou: “Você não poderia dirigir a Arquidiocese sem o clero gay, nem a Arquidiocese de Miami ou qualquer outra.”

Gaude, María Virgo, cunctas hǽreses sola interemísti in univérso mundo.
____
Fonte:
Website Fratres in Unun, disponível em
http://fratresinunum.com/2012/04/12/o-beijo-de-judas-iscariotes-parte-iii/
Acesso 26/11/013.
vozdaigreja.blogspot

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

A Satíssima tridade, um só Nome.

POR DOM HENRIQUE EM SEU NOVO BLOG: http://visaocristadomhenrique.blogspot.com.br/

Cremos em um só Deus - Pai, Filho e Espírito Santo - Criador das coisas visíveis - como este mundo, onde se desenrola nossa vida passageira -, Criador das coisas invisíveis - como são os puros espíritos, que também chamamos anjos -, Criador igualmente, em cada homem, da alma espiritual e imortal (Credo do Povo de Deus - Paulo VI, 1972).

Tantas vezes escutamos a afirmação que o Deus dos cristãos é o mesmo Deus dos judeus e dos muçulmanos. É verdade até certo ponto. Os cristãos receberam dos judeus a fé no Deus único: “Ouve, ó Israel, o Senhor nosso Deus, o Senhor é UM!” (Dt 6,4). Esse é o Deus que tudo criou, que Se manifestou aos patriarcas, que deu a Lei e guiou Israel. É o mesmo Deus a Quem os muçulmanos chamam Alá (= Deus, em árabe). Deus eterno, infinito, onipotente, santo, mais além e mais aquém de tudo, que tudo penetra e tudo sustenta e dá consistência. Deus é um: não pode ser dividido nem multiplicado; Dele nada se pode subtrair, a Ele nada se pode acrescentar, Nele nada há de mutável! Esta percepção de Deus é totalmente partilhada por judeus, cristãos e muçulmanos.

No entanto, nesta unidade perfeita, santa e absoluta, habita um mistério surpreendente: este Deus absolutamente único, perfeitamente único, simplesmente único, indivisivelmente único, é ao mesmo tempo eternamente Pai que eternamente gera de Si, de Sua própria substância divina, o eternamente Filho, numa eterna geração de amor, que não é algo, mas Alguém, chamado Espírito Santo: o Deus único é Gerante, Gerado e Geração!

Só para que se entenda um pouco mais: o Pai não é primeiro Deus para depois ser Pai... Ele só existe como Pai e ser Pai é o que faz o Seu existir; desse modo o Pai existe porque gera o Filho eterna e continuamente, como uma fonte, que só existe porque mana água.

Do mesmo modo o Filho, somente existe sendo total e continuamente gerado pelo Pai, como a água brota ininterruptamente da fonte. Ainda da mesma maneira o Santo Espírito, que é a própria Geração, na qual o Pai gera e o Filho é gerado.

Poderíamos dizer assim: um é o Gerante, outro o Gerado, outro a Geração; um é o Amante, outro é o Amado, outro ainda é o Amor. Os três são eternamente eternos e cada um dos três é totalmente a divindade toda.

Um exemplo: eu não sou a humanidade toda: há bilhões de seres humanos além de mim, de modo que minha pessoa encarna apenas um mínimo modo de ser humano. Em Deus não: o Pai é todo Deus e toda Divindade está Nele completa e perfeitamente. O Filho é todo Deus e toda Divindade está totalmente Nele, completa e perfeitamente. Do mesmo modo o Santo Espírito: Nele está toda a Divindade, completa e perfeitamente.

Pense no Pai: Ele não somente é todo Deus, mas também possui toda a Divindade; do mesmo modo o Filho: somente Ele é todo Deus e somente Ele tem toda a Divindade! E o mesmo se pode dizer do Espírito Santo: Ele é total e perfeitamente Deus e toda a Divindade está totalmente Nele! Assim, os Três são total e absolutamente uma só Divindade, mas um é o Gerante, outro é o Gerado e outro, a própria Geração. Os Três são um só e os Três são totalmente diversos um em relação aos outros dois: na Trindade só um pode gerar, só um pode ser gerado, só um é a própria Geração, toda presente no Gerante e no Gerado, como o Amor que está todo no Amante e todo no Amado!

Cremos, portanto, em um só Deus – Pai, Filho e Espírito Santo! Um só é o Nome divino, acima de todo nome. Isto aparece no próprio modo como os cristãos invocam o seu Deus: nunca se diz “Em Nome do Pai, em Nome do Filho e em Nome do Espírito Santo”. Isto seria triteísmo, como se houvesse três pessoas divinas que são na verdade três deuses unidos infinitamente no amor e na comunhão. Esta não é e nunca foi e nunca será a fé da Igreja! Um só é o Nome divino, que não pode ser repetido nem multiplicado!  

No Nome se exprime a Unidade infinita e nas Pessoas, a Trindade verdadeira, santa e consubstancial. Por isso mesmo, desde os primórdios, no momento do Batismo mergulhava-se o catecúmeno três vezes dizendo: “Eu te batizo em Nome do Pai ( e se mergulhava a primeira vez), e do Filho (segundo mergulho) e do Espírito Santo (terceira imersão). Mas, note-se: não se repete nunca o vocábulo “nome”! Uma advertência prática: existe um “Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo estamos aqui... para louvar, agradecer...” Esta fórmula, além de totalmente antilitúrgica é herética! Rompe com a norma da linguagem do cânon trinitário e exprime uma concepção triteísta da santa e indivisa Trindade. Essa multiplicação de “nomes” rompe totalmente o equilíbrio da fé no Deus Triuno e deve ser totalmente rejeitada, pois agride de modo clamoroso a contínua Tradição orante herdada das origens da Igreja No dogma trinitário, qualquer alteração de terminologia leva, pouco a pouco, à traição do verdadeiro sentido da nossa fé!]

Para complementar.

Suponhamos que a maioria da humanidade professasse a fé cristã e que a grande maioria dos brasileiros fosse católica, como há algum tempo, suponhamos que o cristianismo fosse respeitado e seus dogmas, acreditados e seus ministros, levados a sério...

Isto ainda não seria o importante nem o essencial!

Cristo nosso Deus fez-Se homem para trazer aos homens o Reino de Deus. Ora, esse Reino não acontece primeiramente em estruturas externas, em realidades sócio-político-econômicas... Esse Reino bendito começa no coração, no âmago da vida de cada um de nós!

Assim, não são as maiorias, os prestígios, os aplausos, a concordância ou elogio do mundo que revelam o triunfo do cristianismo, mas sim a vida concreta dos cristãos - na conversão contínua, na mortificação, na oração perseverante, na vitória sobre si mesmo, no amor fraterno - que indicará a vitória de Cristo, a presença bendita no mundo do Reino que Ele veio anunciar e inaugurar com a Sua bendita Encarnação, Sua santíssima Paixão e Sua gloriosa Ressurreição e Ascensão.

Este Reino não é uma coisa, uma realidade inerte, simplesmente objetiva e fria. O Reino é o Santo Espírito do Ressuscitado, que em nós estabelece já aqui a vida da Glória!

Assim, o verdadeiro cristianismo, a real vitória de Cristo aparece primeiramente na minha e na sua vida, caro Leitor. Que mistério tão grande: nós somos o lugar do Reino, a epifania do Reino, a prova da vitória de Cristo feito homem e ressuscitado, salvador e glorificador dos homens na força do Espírito Santo!


- Senhor, tem piedade de nós! Senhor, compadece-Te de nossa fraqueza! Senhor, socorre-nos com a força do Espírito recebido nos Teus santos sacramentos, para que sejamos, vasos de argila, sagrado perfume do Teu Reino que inebriará o mundo e lhe revelará a Tua salvação! Amém.

O essencial do cristianismo.

Por Dom Henrique http://visaocristadomhenrique.blogspot.com.br

Meu caro Leitor, estive imaginando uma catequese sobre a essência do cristianismo, feita de um modo acessível... Quantos somos cristãos, mas não temos uma ideia clara sobre qual é o sentido mesmo, mais profundo e definitivo, da fé cristã. Eis, portanto, nas postagens seguintes, uma proposta bem simples de explicar algo central da nossa fé! A linguagem é simples, mas o conteúdo é profundo! Não é meu; é a fé da Igreja, a fé dos Apóstolos, o desígnio amoroso de Deus! Lá vai:

Imaginemos um Juliano, curioso, sincero, crítico, sedento...

- Diga-me: Em que consiste o cristianismo? Qual a sua essência? Afinal, por que ser cristão? Por que EU deveria tornar-me cristão? Diga-me isto sem muito arroxeio! Mostre-me que o cristianismo é necessário, é indispensável! Convença-me a ser cristão!

E pensemos no que responderia um Teófilo, cristão do essencial, daqueles que conhecem em profundidade a fé cristã, daqueles que vão na mira, direto ao que realmente importa:

- Primeiro que tudo, é preciso compreender isto: O cristianismo se considera uma religião revelada. Não é fruto de uma pensamento filosófico ou religioso sobre a vida. Sua doutrina não é uma descoberta dos homens, de um sábio que teve uma intuição superior...

Os cristãos acreditam que Deus Se revelou, falou homem; disse o significado do mundo, da humanidade, sua finalidade e o que fazer para chegar a essa finalidade...

Os cristãos acreditam que não chegar a essa finalidade é frustrar-se, é não saciar o coração, é não encontrar o sentido último e fundamental da existência, é esvaziar-se neste mundo e perder-se para a eternidade...

Mas, vou logo avisando: não se pode ser cristão sem se crer que Deus falou, que disse a Verdade sobre o mundo, sobre o homem, sobre a vida e sobre a morte, sobre o certo e o errado, o bem e o mal, o aqui e o Além... Quem não crê nisto, não pode ser cristão.

Juliano: Mas, que Deus é esse?

Teófilo: Aquele dos judeus. Os cristãos cremos que o Deus dos judeus é o Deus verdadeiro. Escolheu aquele povo, educou-lhe pelos seus profetas, guiou-os pelo seus pastores (juízes, reis, profetas, sacerdotes, escribas...).

Mas, tudo isto era preparação, figura, uma forma de profecia feita história viva.

Juliano: E para que isto tudo? Parece um jogo de esconde-esconde, uma brincadeira... Um Deus sério perderia tempo assim?

Teófilo: Você me perguntou pelo essencial. E vou direto a ele! Por agora basta dizer que o que Deus queria com tudo isto era levar o homem ao seu destino.

Juliano: E qual é esse destino?

Teófilo: Deus criou tudo e nos criou para uma Plenitude, para participar de modo pleno e total da Sua própria Vida.

Então, toda a preparação do Antigo Povo e todo o cristianismo têm este sentido: Deus quer dar ao mundo a Plenitude. Ele criou tudo bom, tudo perfeito, mas não tudo pleno! Aliás, nada na criação é pleno! Tudo se move, tudo está a caminho: não só as águas que correm para o mar, não só o vento que sopra inquieto, não só o coração humano que não tem sossego! Tudo, tudo absolutamente caminha, se move, dirige-se a um Ponto Final! E esse Ponto não é o nada, mas uma Plenitude, a participação na Vida mesma de Deus. Para isso Ele criou tudo, por isso a saudade que tudo tem de “uma Coisa”, de “um Algo”. Tudo neste mundo parece tão incompleto, tão provisório, tão a caminho de “Algo mais”... Até o vulcão zangado e o tsunami furioso têm saudade...

E aqui está um dado essencial para compreender o cristianismo: a Plenitude não está na criatura, mas no Criador! A criatura não se realiza em si própria, mas somente recebendo a Vida divina, a Vida plena do Eterno, a Vida eterna do Deus vivificante! Nós, cristãos, chamamos essa comunhão com o Criador, essa Plenitude de “Salvação”!

Ser salvo é ser pleno da Plenitude de Deus; ser salvo é ser criatura plena, é entrar nesta explosão de Vida, de Alegria, de Gozo, de Saciedade, de Felicidade que somente Deus tem e somente Deus pode dar! É por isso que os Livros Santos falam em banquete, bodas, vinhos finos e a carnes gordas, alegria... Tudo isto são figuras para dizer o indizível, para dizer algo dessa Plenitude!

Juliano: Eu pensava que salvação era ter o perdão dos pecados... Os cristãos falam tanto nisto!

Teófilo: Não! É muito mais que isto! Pensar na salvação simplesmente como remissão dos pecados é muito, mas muito estreito! Salvação é comunhão e participação na Plenitude de Deus! É isto que chamamos Céu, Reino de Deus, Vida Eterna...

Agora, como cremos que a humanidade pecou, para entrar nessa Plenitude de que falei, realmente tornou-se necessário o perdão dos pecados. A remissão dos pecados não é, em si, a salvação, mas tornou-se a porta, a condição necessária para a Salvação, isto é, para a comunhão com Deus. Assim, esse perdão é apenas o início, a porta para entrar na Plenitude, na Salvação. Salvação de que coisa? Explico logo: de ficar incompleto, no meio do caminho, longe daquilo para que fomos criados... Sem receber a Vida plena que Deus nos preparou desde o princípio, esta vida nossa é incompleta... Seríamos eternos insatisfeitos, saudosos do nosso modelo original, saudosos de nós mesmos!

Juliano: Até agora compreendi. Mas, não é isto que os cristãos dizem geralmente...

Teófilo: Deficiência na nossa formação! Uma das maiores misérias nossas, dos cristãos, é achar que sabemos direitinho a nossa fé, quando estamos bem longe disso, daquilo que nossos primeiros irmãos creram, viveram e pregaram...

Mas, voltemos ao essencial sobre o qual você me perguntou!

Nós cremos que Deus foi preparando tudo na história do povo judeu... E no tempo que Ele escolheu – Olhe só que coisa! Prepare-se porque é estranho, quase coisa de louco o que vou dizer! -, Ele próprio enviou o Seu Filho, Deus como Ele, igual Ele, para fazer-Se homem, fazer-Se criatura, fazer-Se matéria, fazer-Se mundo, igual à Sua criação, igual à humanidade!

Juliano: Então, os cristãos acreditam que Jesus, o homem como os homens, é Deus igual a Deus?!

Teófilo: Sim! Nós dizemos, desde o princípio da pregação dos Apóstolos: Tudo foi criado através Dele e para Ele, Ele estava com Deus e Ele mesmo era Deus! Dizemos assim: Ele, Jesus, é Deus vindo de Deus, Luz nascida da Luz, Deus verdadeiro gerado sempre, eternamente, de Deus verdadeiro, Filho do mesmíssimo Ser, da mesmíssima Substância do Pai, sendo Ele mesmo Um com o Pai!

Juliano: É meio doido! É meio besta! É meio lenda! É meio estória da carochinha! Um homem ser Deus; Deus ser um homem!

Teófilo: Eu lhe disse! Não é possível ser cristão sem crer que Deus Se revelou, que Ele nos falou! Não é um cálculo, não é uma filosofia, não é uma descoberta humana! O cristianismo nasce da adesão a uma revelação! Mas, eu não quero me deter nisto – teria muitíssimo a falar sobre este tema! Quero lhe dizer o que você me perguntou, quero lhe dizer a essência do cristianismo! Ainda não cheguei lá,

Teófilo: Aqui está o essencial, o caroço, o núcleo do cristianismo: em Jesus de Nazaré Deus mesmo Se fez pessoalmente humano, parte deste mundo. Ele veio nos trazer a Vida de Deus, da qual precisamos para viver a Vida divina já nesta vida e ter a Plenitude da comunhão com Deus no mundo que há de vir.

Juliano: E para vocês, cristãos, como Jesus fez isto? Qual o mecanismo? Como funciona? Como devo compreender que essa Vida divina, essa Energia chega até mim e chega ao universo?

Teófilo: Primeiro é preciso compreender que essa Energia, essa Vida divina, Essa Glória, essa Seiva, esse Poder divino tem um nome: Espírito! E como nós cremos que esse Espírito é Deus, chamamos Espírito “Santo” – só Deus é Santo! A pregação dos Apóstolos, que as Escrituras nos guardaram e transmitem, nos diz isto: o Deus Único – absolutamente UM e Único – , Deus de Israel, o Deus dos judeus, é Pai, Filho e Santo Espírito. Pois bem: cremos que o Filho Jesus Se fez humano, com vida humana igualzinha à nossa, de corpo humano e alma humana, para, como humano, ser cheio do Espírito Santo, da Energia divina e, assim, nos energizar de Deus, nos divinizar, nos dar a semente daquela Plenitude de que lhe falei... É assim que somos salvos, é assim que teremos a Plenitude: recebendo a Vida do próprio Deus! Somos cristãos para receber a Vida, a Energia divina que Jesus nos trouxe!

Juliano: E como Jesus fez para dar a vocês essa Vida, esse Espírito Santo? E como pode dar essa Energia ao universo todo? É meio irreal isso, não é não?

Teófilo: Primeiro, atenção: o Filho eterno fez-Se realmente humano! Como humano, com vida humana, gestos humanos e palavras humanas nos mostrou humanamente Quem é Deus, qual o verdadeiro caminho para Ele, qual o sonho do Altíssimo para a humanidade. Ele fez isto com gestos e com palavras, com todo o Seu modo de viver!

Juliano: Quer dizer, então, que Jesus é um mestre e ser cristão é fazer o que Ele ensinou?

Não, não! Este é o engano de muitíssimos! Se fosse assim, Jesus seria somente um filósofo, um guru, um propagador de ideias, um sábio! Jesus, com a Sua vida e Suas palavras, mostrou-nos o caminho para Deus, o Pai. Cada palavra, cada gesto de Jesus nos revela Deus, nos faz entrar em contato com o Deus verdadeiro, porque Ele mesmo é uma Pessoa divina: não é simples mestre, mensageiro, profeta, sábio, guru rabino... Ele é uma Pessoa divina agindo humanamente, numa natureza humana! Só isto já bastaria para mostrar o quanto Jesus é absolutamente único e insubstituível para nós, cristãos!

Mas, isto é só um aspecto da Sua missão em nosso favor! Tem ainda muito mais!

Primeiro, assumindo tudo quanto é realmente humano, Ele foi mostrando como viver humanamente na vontade do Pai e, assim, sendo Ele mesmo Deus, foi consertando, redimindo o humano que, além de não pleno, fora deturpado, deformado pelo pecado. Jesus é o homem perfeito, o protótipo, o modelo de toda verdadeira humanidade! Quanto mais parecermos com Ele, mais humanos seremos! Quanto mais longe Dele, mais desumanos, deformados somos! É como aquela música: “Eu caçador de mim...” Vivo me procurando... Só me encontrarei de verdade em Jesus, o Homem perfeito, o modelo de toda humanidade!

Mas, isto ainda não é tudo! Este ainda não é o ponto principal! Estamos caminhando para o miolo, o núcleo do cristianismo. Vou lhe dizendo coisas cada vez mais centrais, mais importantes... Mas, ainda não o essencial do ser cristão, pelo qual você, Juliano, me perguntou!

Juliano: Então, vamos lá: segundo vocês, Deus criou tudo perfeito, mas não pleno. Essa Plenitude seria um caminho que o homem e toda a criação teriam de fazer, um dom que Deus daria mais adiante.

Teófilo: Isto mesmo! Basta ver o relato da criação no Gênesis: a plenitude não está no início... Vai aumentando, vai dirigindo-se para um misterioso “descanso” de Deus, do Deus que não Se cansa nunca, como diz o Salmo 120/121! A plenitude de Vida que Deus daria está simbolizada na Árvore da Vida, para a qual Deus fechou o caminho, por causa da presunção o homem de querer ser pleno do seu modo: decidindo por si, de modo soberbo o que é bem e o que é mal! É este o sentido daquele belíssimo conto do Gênesis! O homem vive procurando essa Árvore, esse Fruto, essa vida! Procura no poder, no sexo, nos mil prazeres, nos bens materiais, no sucesso, nas pessoas... E nada, nada de encontrar o caminho para a Árvore, nada de roubar o fruto! Deus fechou o caminho! Comer o Fruto é dom de Deus! Nunca será presunção humana! Lembra? Até em Babel o homem tentou chegar à Vida de Deus com suas próprias forças! Bicho teimoso, o homem! E só construiu “confusão”. É este o sentido de “Babel”, as de ontem e de hoje!

Juliano: Ainda não sei onde esta história via dar... Mas, é inteligente, é interessante! Quando se compreende bem, se vê que toca a essência mesma da história e dos sonhos humanos!

Mas, continuando, para ver se compreendi bem: para levar o homem e toda a criação à Plenitude e para dar-lhes o perdão do pecado da presunção original, Deus enviou Deus: o Pai enviou o Filho para que o Filho “turbinasse”, transfigurasse, plenificasse, tudo com a Vida divina, com a Plenitude! E esta Plenitude é Deus mesmo, chamado Espírito Santo! Isto? Fica engraçado: Deus enviou Deus para nos dar Deus! Ou: o Pai enviou o Filho para dar o Espírito! É isto?


Teófilo: Perfeito! Mas, atento: só há um Deus, não dividido, não multiplicado, Eterno, Infinito, Santo! E no entanto o Pai que envia não é o Filho enviado que, por Sua vez, não é o Espírito derramado em nós!

Juliano: Em todo caso, pelo que compreendi até agora, a finalidade de toda esta história seria, então, dar a Vida, a Plenitude, a Energia de imortalidade, de felicidade, de bênção, de paz... E isto tudo é esse Espírito Santo... Compreendi bem?

Teófilo: Perfeitamente!

Juliano: E por que escuto falar tão pouco desse Espírito Santo? Porque se é como você me diz, Ele é central, absolutamente indispensável, para essa Salvação, essa Plenitude! Por que os cristãos só dizem que Jesus salvou tudo e pronto? Eu nem sabia que era preciso esse Espírito Santo para a Salvação... Ao menos não pensei que fosse indispensável deste modo!

Teófilo: Isto mesmo! Infelizmente, a catequese dos cristãos sobre o Espírito Santo é muitíssimo deficiente! Por isso tantos mal-entendidos sobre o sentido último do cristianismo! Lembro agora de uns primeiros cristãos de Éfeso, que diziam: “Nós nem sabemos que há um Espírito Santo!” Está lá, nos Atos dos Apóstolos!

Mas, ainda não chegamos lá, no centro! É preciso dar ainda alguns passos! Aí chegaremos no “x” da questão!

Juliano: Pois bem! Qual o próximo passo para chegarmos ao essencial do cristianismo?

Teófilo: Lá vai: Jesus, Deus-Filho feito homem deveria encher-Se de Vida divina, de Energia divina, de Espírito Divino, na Sua natureza humana, composta, como a nossa, de corpo e alma humana, para nos “contagiar” com esse Espírito, dando-nos, assim, a Vida de Deus.

Juliano: Agora complicou muito! Como assim “contagiar?

Teófilo: Pense num vírus. Por exemplo: o vírus da aids. No início estava somente nos macacos; não contagiava humanos. Quando um humano foi contagiado, passou para outros humanos: de humano para humano. Assim também a tal da gripe suína. Pois bem: Jesus é Deus que Se fez homem; assumiu a vida humana e, humanamente, nos mostrou Deus: em Suas palavras, em seus gestos, na Sua vida entre nós, Deus Se revelou humanamente e nossos olhos viram a Deus humanizado, nossas mãos tocaram Deus na Sua humanidade! Mas, a natureza humana de Jesus era igual à nossa; não tinha vida divina: era frágil, precisava de alimento e descanso, de tudo quanto a nossa precisa... Era mortal! Que pobreza, que humildade ,que humilhação: Deus humanizado, Deus fragilizado, Deus igual aos homens em tudo! Deus feito mundo, feito matéria limitada! Assim, feito pobre, feito homem, feito incapaz de, sozinho, ter a Plenitude na Sua humanidade, Jesus, para nos contagiar com a Vida divina, deveria primeiro recebê-La em plenitude em Si mesmo! Em outras palavras: a natureza humana de Jesus precisava ser divinizada para poder nos dar Vida divina!

Juliano: Nunca ouvi falar dessas coisas!

Teófilo: Imagino! No entanto, estamos chegando no núcleo mesmo, na essência mais verdadeira do cristianismo! Está tudo lá, nas Escrituras, nas Epístolas dos Apóstolos!

Juliano: Então, explique: Como Jesus encheu a natureza humana Dele de Vida Divina, de Espírito Santo?

Teófilo: Esvaziando-Se da Sua vida meramente biológica e psíquica! Na cruz, num ato de amor obediente, o Homem Jesus desfez o nó da desobediência humana, desmantelou o mecanismo que nos mantinha longe de Deus. Mas, isto ainda não é tudo nem o principal.

O principal é isto: Ele, na cruz, esvaziou-Se totalmente de Si, da Sua vida humana e, assim, o Pai encheu de Espírito Santo o Seu corpo humano e a Sua alma humana! Jesus, na Sua humanidade que era igual à nossa, foi totalmente divinizado pelo Espírito Santo no momento da Ressurreição!

Juliano: Explique isso melhor!

Teófilo: Foi o Pai Quem ressuscitou o Filho. Fez isso impregnando-O, no Seu corpo e na Sua alma, com o Espírito Santo. Compreende: Jesus foi ressuscitado pelo Pai com a Potência, a Vida, a Plenitude do Espírito! Como o fogo impregna e transfigura uma barra de ferro, a humanidade de Jesus foi transfigurada pelo Espírito Divino! Assim, Jesus ressuscitado é um novo tipo de homem, é um Novo Adão, é o Primogênito de uma raça nova, que não tem só uma vida biológica ou psíquica; tem agora uma Vida “Espirituada”, uma Vida plena de Espírito Santo!

Juliano: E esta Vida é diferente da nossa e das outras criaturas?

Teófilo: Totalmente! É Vida do próprio Deus, Vida do Eterno, Vida “Eterna” e não mais simplesmente “humana”! Essa Vida, nós sequer podemos imaginar direito como será! Nós cremos que é algo como os olhos jamais viram, os ouvidos jamais ouviram e nem mesmo o coração humano imaginou! Cremos que gloriosa da Glória de Deus, incorruptível da Incorruptibilidade de Deus, “espirituada” do Espírito de Deus! Essa Vida não mais pertence nem está sujeita às leis deste mundo nosso! Basta ver o corpo de Jesus ressuscitado!

Juliano: Não sei bem, não entendo muito de Bíblia... Como era o corpo de Jesus quando Ele ressuscitou?

Teófilo: Aí é que está: as Escrituras, os Evangelhos não conseguem nem pretendem descrevê-lo! Está em outra! É totalmente diverso! É o mesmo corpo Seu, tem as chagas da paixão, mas de um modo totalmente diverso! Os discípulos não podiam nem vê-Lo nem reconhecê-Lo mais, a não ser que Ele se mostrasse e Se fizesse reconhecer! Jesus agora tinha um corpo divinizado! Os Doze só podiam exclamar, admirados: “Senhor!”

Atenção: “Senhor”, aqui não é uma simples título de respeito, mas é o Nome do próprio Deus: “Adonai”, em hebraico, dito “Kyrios”, “Senhor”, em grego...

Compreende, Juliano? A certeza de que Jesus é Deus não nasceu de uma teoria, mas de um susto, de uma baita e inacreditável experiência, que deixou os Doze primeiros discípulos tontos para sempre: Jesus estava agora com um corpo totalmente divinizado, um corpo que não mais estava sujeito a este mundo, um corpo totalmente impregnado do Espírito de Deus, da Energia divina! Ali era Vida pura, borbulhando, expandindo-Se... Não dá para imaginar, para descrever, para narrar... Foi um choque! Mas, isto transformou para sempre a vida daqueles lá! Tanto que, a partir daí, somente viveram e morreram por Jesus e para Jesus!

Juliano: É uma história incrível! É bonita e surpreendente... Se é verdade, ainda não sei direito! Mas, e a tal da Plenitude, da Vida, do Espírito? Jesus agora está cheio de tudo isto, é o Novo Adão... E os cristãos, como recebem esta Vida, como Jesus os contagia?

Teófilo: Então! O Filho fez-Se homem e esvaziou-Se de Sua vida humana até a morte para que o Pai O enchesse, na Sua humanidade igual à nossa, com a Potência vivificante, que é o Espírito Santo. E para que isto? Para nos contagiar, para nos dar Sua Vida divina! Por isso Ele dizia, na Última Ceia: “É do vosso interesse que Eu parta; se Eu não partir, isto é, se Eu não Me esvaziar de Minha vida simplesmente psicofísica, o Espírito não poderá vir a vós. Mas, se Eu Me for, se Eu me esvaziar totalmente de Mim até a morte de cruz, o Pai, que é fidelíssimo, Me glorificará, encherá Minha pobre natureza humana, igual à vossa, de Espírito Santo, isto é, de Vida Divina, de Glória Divina, de Potência Divina e divinizante! E Eu poderei dar-vos esse Espírito que, então, será humanamente Meu!”

Juliano: Que coisa! Nunca tinha escutado assim a fé cristã!

Teófilo: Veja: o humano (Jesus na Sua humanidade agora divinizada pelo Espírito) salva o humano, a carne salva a carne! Desse modo, na tarde mesma da Ressurreição, Jesus, totalmente divinizado no Seu corpo e na Sua alma, soprou sobre os Apóstolos! Soprou-lhes o Espírito, soprou como Deus soprou no princípio, quando criou o céu e a terra, soprou sobre eles, que representavam a Igreja toda, a multidão toda dos que acreditariam, recriando-os!

Juliano: Como assim?

Teófilo: Naquele momento, os discípulos tornaram-se cristãos!

Juliano: E os Doze já não eram cristãos antes?

Teófilo: Não! O cristianismo nasce com a efusão do Espírito do Ressuscitado! Antes os Doze eram discípulos: amavam Jesus, seguiam Jesus, acreditavam Nele... Mas, ainda não tinham dentro de si a Vida divina Dele. Essa Vida é o Espírito Santo, agora Espírito de Jesus, dado pelo Pai, que eles receberam naquele Sopro bendito na tarde da Ressurreição, no Cenáculo! Naquele momento, os Doze foram batizados no Espírito.

Agora, com o Espírito de Cristo, eles tinham neles a Vida de Cristo ressuscitado, como os galhos têm a seiva do tronco da videira, como os membros têm a vida da cabeça do corpo! A partir daquele momento, os Doze tinham neles a semente de Deus, o germe divino, o princípio de imortalidade, que vence a própria morte psicofísica!

Juliano: É impressionante, esta história toda! Mas, e a Igreja, e os outros cristãos? Jesus deu o Espírito de Vida aos Apóstolos, vivificando-os. E a humanidade toda? E a criação toda? E quem estava fora do Cenáculo?

Teófilo: Certamente não! Preste bem atenção, Juliano, porque aqui, começamos realmente a entrar no núcleo mais central do cristianismo: Aquele Seu Espírito Vivificante, que Cristo ressuscitado deu aos Apóstolos na tarde da Ressurreição, aquela Vida divina, Vida de plenitude, Ele deu, dá e continuará dando aos Seus discípulos até o final dos tempos!

Juliano: Teimo com a minha pergunta: Como o Cristo ressuscitado faz isso? Como Ele dá o Espírito aos Seus discípulos para inundá-los com essa Vida divina? Como Cristo continua alcançando todos os homens, em todos os tempos e lugares? Como Ele faz essa “transfusão” de Espírito Santo Dele para nós?

Teófilo: Aqui chegamos ao “x” da questão: O Senhor continua dando a Sua Vida divina que vivifica, que plenifica tudo, cristifica tudo e tudo prepara para a Vida eterna através dos sacramentos da Igreja; sacramentos que Ele mesmo instituiu!

Você sabe – e eu já disse antes – que Jesus veio realizar Sua missão não somente por Sua pregação, mas também por Seus gestos salvíficos, culminando com Sua morte e ressurreição. Pois bem, esses gestos de Jesus - agora que Ele ressuscitou e está cheio de Espírito vivificante – continuam nos sacramentos e, através deles, o Espírito é dado aos fieis.

Assim, cada vez que um cristão recebe os sacramentos, recebe uma dose de Espírito Santo, uma dose de Vida de Cristo ressuscitado, uma dose de Vida eterna... E mais: pela Igreja que celebra os sacramentos, os mistérios divinos (é assim que os cristãos chamam as celebrações dos sacramentos: mistérios divinos), o mundo todo vai sendo cristificado, divinizado, transfigurado! São Paulo mostra isto bem direitinho no capítulo VIII da Epístola aos Romanos: o destino do cosmo está misteriosamente unido ao destino da humanidade, e o destino da humanidade realiza-se nos cristãos, humanidade transfigurada em Cristo! Que coisa! Pense bem: nos sacramentos a Salvação acontece, nos sacramentos o homem é plenificado, nos sacramentos a Vida eterna entra no nosso mundo caduco e precário, nos sacramentos a criação toda planta em si os germens da Vida Gloriosa que explodirá no Final dos Tempos! Nos sacramentos, o que a Palavra anuncia na força do Espírito, na força do Espírito acontece efetivamente!

Juliano: Então, você está me dizendo que os sacramentos são essenciais para receber aquela Plenitude para a qual, segundo você, Deus criou tudo?

Teófilo: Perfeitamente! Lembre: o Espírito Santo de Cristo é a própria Graça divina, é a Glória divina, é a Plenitude divina, é a Vida divina, é o Poder divino! É recebendo esse Espírito de Cristo que somos unidos realmente, concretamente, verdadeiramente a Cristo Jesus e, por Ele, temos acesso a Deus, o Pai! Era isto que Jesus queria dizer quando falava nós permaneceríamos Nele e Ele em nós! Isto é real, isto é um mistério incrível! Nós Nele como os membros no corpo, como os ramos na videira... E a Vida que liga os membros no corpo e os ramos na videira é o Espírito recebido nos sacramentos!

Sem os sacramentos o cristianismo seria palavra anunciada mas não realizada, promessa sem cumprimento! Dito de outro modo, mais uma vez: o que a Palavra anuncia, os gestos sacramentos realizam! Segundo a fé dos cristãos, quem age nos sacramentos é o próprio Cristo Senhor ressuscitado, cheio de Espírito Santo! Os sacramentos são, antes de tudo, ações de Cristo, gestos de Cristo! Por isso não podem ser suprimidos, aumentados, manipulados! Ali é Cristo Quem age e nos dá o que nós mesmos não poderemos jamais produzir: a Vida Plena, a Vida Eterna, a Vida Divina! Os cristãos não produzem a Vida, a Igreja, coitadinha, não produz a Graça, padre ou Bispo algum gera a salvação! É Cristo na potência do Espírito! Só Ele é o Salvador, só Ele é o Autor da Graça! E tudo isto Ele opera nos sacramentos, ou melhor, no Espírito dado nos sacramentos! Compreendeu?

Esta é a essência do cristianismo: somos cristãos porque cremos que Jesus é o Filho do Pai, Filho cheio de Espírito Santo, que Ele nos dá através dos sacramentos! Somos cristãos para sermos plenificados, transfigurados, santificados, divinizados! Divinizados porque, sendo humanos por natureza, pela Graça – que é o Espírito Santo – somos tornados participantes da natureza divina, a ponto de sermos verdadeiramente filhos de Deus porque recebemos em nós nos sacramentos o Espírito do Filho que clama em nós “Abbá-Pai”! Somos cristãos porque não nos contentamos só com esta vida precária e mortal, somos cristãos porque cremos e queremos e esperamos a Vida plena que só Jesus nos dá! Compreendeu?

Juliano: Tenho ainda uma dúvida. Se os sacramentos dão o Espírito de Cristo que é a Plenitude, a Vida, a Eternidade, por que, então, são sete sacramentos?

Eu não sabia que todos os sacramentos dão o Espírito Santo! E, se os sete dão, então não bastaria receber um só, e já se teria o Espírito Santo? Para que receber sete vezes o Espírito Santo?

E olhe que são mais de sete, porque se celebra a Eucaristia muitas vezes, se deve confessar muitas vezes, se pode casar mais de uma vez, já vi gente recebendo a Unção dos Enfermos mais de uma vez! Isto não parece se encaixar no que você acabou de dizer...

Teófilo: Veja: em cada sacramento recebemos o Espírito Divino; sempre o mesmo Espírito, mas em cada um deles o efeito que o Espírito provoca é diferente! É o mesmo Espírito que tem sete formas – Espírito septiforme: as formas dos sacramentos! Na nossa fé cristã o Espírito é assim: unidade e diversidade, sempre o mesmo provocando efeitos bem diversos! Penso que Jesus instituiu os sete porque “sete” significa plenitude; e os sacramentos permeiam plenamente toda a vida do cristão, levando-o a ser humanidade plena, totalmente cheia da Vida divina!

Juliano: Compreendi sim! Mas, só para não ficar meio no ar... Que efeitos essa Energia de Cristo ressuscitado, que é o Espírito Santo, provoca em quem recebe os sacramentos?

Teófilo: De modo bem resumido:

No Batismo, o Espírito é dado na água como Vida nova, Vida ressuscitada, Vida eterna em Cristo; 

Na Crisma (atenção: “a Crisma” é o sacramento; “o crisma” é o óleo usado no sacramento), o Espírito é dado como Força para edificar a Igreja e testemunhar a fé; 

Na Eucaristia, o Espírito transfigura e impregna o pão e o vinho, tornando-os Corpo e Sangue do Cristo imolado e ressuscitado. Assim, quem comunga, recebe, no Cristo e com o Cristo, o Espírito de imolação, de oblação amorosa; o mesmo Espírito no qual o Filho Se entregou ao Pai na Sua vida humana até a morte de cruz!

Na Penitência, se recebe o Espírito para a remissão dos pecados;

No Matrimônio, o casal recebe o Espírito de Amor Esponsal, o mesmo com o qual Cristo e a Igreja se amam, de modo que o Espírito, consagrando o amor dos dois, o faz sacramento do amor entre Cristo e a Igreja.

Na Ordem, o Espírito unge o eleito para que ele possa agir em Nome e na Pessoa de Cristo sacerdote, mestre e pastor real do rebanho. É exatamente na força do Espírito que os ministros ordenados podem agir em Nome de Cristo.

Por fim, na Unção dos Enfermos, o Espírito é dado como Força, Sustento e Consolo para que o cristão, unido ao Senhor, possa completar na sua carne os padecimentos de Cristo, possa também ter o perdão de seus pecados, alívio de suas dores e sofrer de modo cristão, participando da paixão do Senhor!

Como você pode ver, o Espírito dado e recebido nos sacramentos impregna a vida do cristão de Vida Eterna, Vida de Deus!

O cristão já entrou na Plenitude, já vive na Plenitude. Mas, essa Vida nova e plena só será manifestada na Glória do Céu! Tanto São Paulo quanto São João dizem isto nas suas epístolas! Os primeiros autores cristãos gostavam de dizer que os cristãos são uma raça diferente porque têm uma Vida diferente, um germe da Eternidade, de um outro Mundo, do Mundo de Deus! Essa Vida nova, essa Salvação, essa Santidade, essa Glória é real e concreta, como são concretos os sacramentos! No entanto, “já somos filhos de Deus, mas o que seremos ainda não se manifestou. Quando Cristo nossa Vida aparecer, seremos semelhantes a Ele, pois o veremos como Ele é!”

Juliano: Teófilo, não posso dizer que creio! Mas, posso dizer que o cristianismo tem sentido e é uma bela crença, uma estupenda eperança. Compreendi seu miolo, sua essência, sua ideia central!

Teófilo: Tudo o mais na doutrina cristã decorre disso que acabei de apresentar-lhe. Tudo se encaixa nisso e leva a isso. Tudo o mais!

Gastei um monte de palavras para explicar nossa fé. Agora, o resto é com você e com a Graça do Senhor! O Espírito levou você a sentir a curiosidade, levou-o a perguntar, a procurar entender! É o Espírito Quem haverá de suscitar em você a resposta generosa que se resume em duas palavras: “Eu creio!” Mas isto fica no sacrário do mistério do encontro da sua liberdade com a liberdade gratuita de Deus!

Juliano: Eu agradeço o tempo que você perdeu comigo! Agradeço por me ter mostrado sua fé de modo tão harmonioso e coerente! Você que crê, reze por mim!

Teófilo: Rezarei! Você não está longe do Reino dos Céus! Que o Senhor complete a obra que iniciou em você e lhe conceda tanta sede Dele que não tenha paz até que O encontre plenamente neste mundo e no outro!