domingo, 10 de novembro de 2013

Gloriosa História da Igreja - 2


O que mais impressiona no estudo das primeiras comunidades cristãs é o fervor e a coragem dos fiéis. Diante das autoridades romanas e dos líderes religiosos judaicos daquele tempo, os fiéis cristãos não tinham medo de confessar a fé em Jesus. A presença do Espírito Santo é muito viva. Em cada comunidade local da Igreja havia ministros, presbíteros, diáconos... Todo fiel colocava sua vida, literalmente, à disposição da Igreja.

A atuação feminina era muito importante e expressiva, mas não havia confusão entre o papel do homem e o da mulher. As grandes sociedades da antiguidade, e aí se incluem tanto a romana quanto a judaica, eram machistas: a mulher era vista como propriedade do marido, e as crianças também podiam ser rejeitadas ou abandonadas pelos pais. Mas os cristãos tinham valores completamente diferentes. Em Cristo não há diferença de dignidade entre grego e judeu, homem e mulher, escravo e livre.

Todos se reuniam para celebrar a Eucaristia, especialmente no domingo (que substituiu o sábado como o sétimo dia dos cristãos, por causa da ressurreição do Senhor), rezavam juntos, partilhavam seus bens... O rito de iniciação cristã era o batismo, no qual os efei-tos da morte redentora de Cristo eram aplicados sobre o fiel. Havia ainda a imposição das mãos, ou Crisma, através da qual o fiel confir-mava o seu compromisso com a Fé e com a comunidade, e a unção dos enfermos, para curar e confortar os doentes.

Uma fonte importante sobre a vida das comunidades cristãs nos séculos I e II é a Didaqué, a Instrução dos Doze Apóstolos, uma espécie de Catecismo primitivo, que foi escrito no primeiro século, ainda antes do Evangelho segundo S. João e do Apocalipse. A primeira parte da Didaqué apresenta os dois caminhos que o homem pode escolher: o da vida e o da morte. Tem orientações para a conduta dos fiéis e exortações. Na segunda parte há uma descrição da vida sacramental e da oração. O batismo é feito em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e, quando a imersão não é possível, a água pode ser simplesmente derramada três vezes sobre a cabeça de quem vai receber o Sacramento. A celebração dominical da Missa é o Sacrifício Verdadeiro, e cumpre a profecia de Ml 1,10s.

A Didaqué também fala dos sacerdotes ou presbíteros, bispos e diáconos da Igreja, e adverte contra os “falsos profetas e corrup-tores”, e contra o anticristo que virá quando o fim estiver próximo.

Os primeiros cristãos, geralmente, eram gente simples. Ex-teriormente não se distinguiam das outras pessoas do seu tempo, mas viviam de modo honesto e digno. Não eram revolucionários, procuravam ser obedientes às autoridades e rezavam pelos governantes. Tanto os epíscopos (bispos) como os presbíteros e diáconos eram ordenados através da imposição de mãos. Esta estrutura ministerial deu origem à hierarquia da Igreja tal como a conhecemos hoje.

Sto. Inácio de Antioquia, já no primeiro século, declarou: “Que todos reverenciem os diáconos, o bispo e os presbíteros (padres), que são o Senado de Deus, a Assembleia dos Apóstolos”1. Desde os seus primórdios, a Igreja possui uma hierarquia, primeiro formada pelos Apóstolos e por S. Pedro, e esta constituição foi transmitida ininterruptamente através do Sacramento da Ordem.

Os Apóstolos fundaram comunidades e ordenaram pessoas para presidi-las. Estas, por sua vez, ordenaram suas sucessoras, e o processo prosseguiu continuamente, de tal modo que permite ligar cada bispo, cada padre, cada diácono da Igreja de hoje aos Apóstolos e, dos Apóstolos, ao próprio Jesus Cristo. De modo particular, o bispo de Roma é o sucessor do Apóstolo S. Pedro e, portanto, responsável por garantir a unidade e a integridade da fé da Igreja.

Outra característica importante dos primeiros cristãos era a ansiedade pela Volta do Senhor Jesus Cristo, a Parusia. Pelas cartas de S. Paulo, notamos que a volta próxima de Jesus era a crença comum. Nas assembleias litúrgicas ouvia-se a exclamação cheia de esperança: “Maranatha!” (Vem, Senhor!) Com o tempo, percebeu-se que a vinda de Jesus não era para aquelas primeiras gerações.

O cristianismo usou a imensa rede de estradas que interligava o Império Romano. Desenvolveu-se principalmente nas cidades. De boca em boca, através de mercadores, viajantes, judeus hele-nizados, artesãos e escravos, a Boa-Nova do Evangelho ia chegando aos lugares mais distantes. O Império de Roma tornou-se, afinal, a “Pátria do Cristianismo”.

Entre pseudo historiadores sensacionalistas, muito se fala sobre uma suposta oposição entre São Pedro e São Paulo, e alguns chegam a sugerir um suposto conflito de ideias entre os dois. Nada mais distante da verdade. Os Evangelhos mostram a importância de Pedro como chefe do Colégio Apostólico e líder da Igreja de Jesus Cristo. “Tu és Kepha (Pedra - Pedro) e sobre esta Kepha edificarei a minha Igreja”. Estas palavras do Senhor são mais do que suficientes para estabelecer a importância e a autoridade superior de Pedro. Junte-se a isto o testemunho dos Atos dos Apóstolos no próprio testemunho direto de Paulo, que fez questão de encontrar-se com Pedro para ter confirmada a sua missão.

Durante a perseguição de Agripa I, Pedro ficou preso, mas graças às orações da Igreja foi milagrosamente libertado. Segundo a Tradição, Pedro e Paulo foram as colunas da Igreja em Roma. Na Cidade Eterna, durante a perseguição de Nero, por volta do ano 64, as vidas dos dois Apóstolos foram ceifadas no martírio (Pedro morreu provavelmente no ano 64, e Paulo em 63, embora existam estudiosos que proponham outras datas). Crê-se que Paulo foi decapitado e Pedro crucificado de cabeça para baixo.

Quando Paulo estava já perto da morte, escreveu estas palavras: “Quanto a mim, já fui oferecido em libação, e chegou o tempo da minha partida. Combati o bom combate, terminei a minha corrida, guardei a fé. Desde já me está reservada a coroa da justiça, que me dará o Senhor, Justo Juiz, naquele Dia; e não somente a mim, mas a todos os que tiverem esperado com amor a sua Aparição” (2Tm 4,6-8).

João, Apóstolo e Evangelista

Entre os anos 92 e 96, João, "o discípulo que Jesus amava", encontrava-se na ilha de Patmos, deportado por ordem do imperador Domiciano. Do seu exílio, ele testemunhava a crueldade das perseguições contra a Igreja.

Inspirado por Deus, sentindo a necessidade de reagir contra o desespero e a angústia que ameaçavam os cristãos, escreveu um livro que é o grito de esperança e confiança em Deus de todo seguidor de Jesus: o Apocalipse.

Quando o primeiro século chega ao seu final, o apóstolo é um ancião venerável, cheio de glória e santidade, reverenciado por toda a Igreja. O seu corpo conservava as marcas do suplício do óleo fervente, do qual tinha sobrevivido milagrosamente.

Entre 96 e 104 conclui o quarto Evangelho. Entre suas maiores preocupações estavam as heresias e os erros que ameaçavam a integridade da fé. Seu estilo teológico é bem particular, marcado pela influência grega (fala do Verbo ou Logos, por exemplo).

Com a morte do discípulo que Jesus amava, aquele que recebeu Maria em sua casa como mãe, que viu o sangue e a água saindo do lado do Salvador e que conheceu e tocou com as mãos o Verbo da Vida, encerram-se os tempos apostólicos.

Os demais Apóstolos

Há uma tradição, que consta dos escritos de Eusébio de Cesaréia (265-340aC), que diz que os Apóstolos foram dispersos pelos quatro cantos da Terra. Tomé teria ido para o país dos partos, Mateus para a Etiópia, André para a Cítia e João para a Ásia, falecendo em Éfeso.

Marcos teria partido para a evangelização no Egito. Tiago, irmão de João, foi decapitado por ordem de Agripa I, em 44. Em 62, o sumo sacerdote Anã manda apedrejar Tiago, irmão do Senhor e bispo de Jerusalém. Ele é sucedido por Simeão, filho de Cleófas e de Maria, irmã da mãe de Jesus.

A compreensão da autêntica história da Igreja é de fundamental importância para todo cristão, em especial nos tempos atuais, em que temos a impressão de que a crítica infundada à Igreja Católica tornou-se uma espécie de hobby para muitos professores de História, sejam do ensino médio ou universitários. A Igreja Católica é como um boneco em que todos gostam de bater. Metaforicamente falando, qualquer pedaço de pau serve para malhar a Igreja, e esse professor ainda é visto como um sujeito inteligente, crítico, moderno, de pensamento livre, etc.

A Igreja é muitas vezes apresentada como uma instituição muito poderosa, uma ditadora que comanda os usos e costumes das nações com mão de ferro, impondo regras aos pobres cidadãos ignorantes, e quem pensa assim invariavelmente gostaria de ver todo o poder nas mãos do Estado. No entendimento dessas pessoas, ao Estado “laico” é que caberia o poder de decisão sobre absolutamente todas as coisas: o Estado é que deveria mandar, por exemplo, na educação dos nossos filhos, ditando a todos o que é moralmente certo e o que é errado, aquilo que cada um de nós deve ou não fazer... E não a religião. Curioso é que essa experiência já foi feita por muitas nações, em diversas ocasiões, e o resultado foi sempre desastroso. A receita mais certa para o desastre de um país é não saber olhar para o passado e aprender com ele.

Ocorre que a religião é uma parte intrínseca do ser humano. Hoje sabemos que, no sentido mais puro da palavra, não ter fé é impossível para os seres humanos, e os místicos já o haviam entendido bem antes de a antropologia descobrir que, além de racional, psíquico, social, político e inacabado, o homem é um ser religioso. Se formos fundo na questão, perceberemos que negar as formas religiosas é apenas mais uma forma religiosa. - Uma forma religiosa negativa. - O sobrenatural e o divino estão relacionados ao ser religioso que é o homem; neles o homem busca respostas e soluções para os seus problemas existenciais, e isso sempre foi assim. Escavações arqueológicas não cessam de encontrar vestígios de rituais religiosos praticados nos tempos das cavernas. Por isso é que a religião tem uma dimensão ética fundamental nas sociedades, bem captada pelo historiador inglês Arnold Joseph Toynbee, que disse: “A religião leva a notar que há no mundo a presença de algo espiritual maior do que o próprio ser humano”.

Nessa relação homem e Divindade, no que se pode chamar transcendência e imanência, o homem corresponde a esse grande Mistério, que é superior às suas possibilidades e conhecimentos, usando de orações, gestos, cerimônias e rituais para manifestar a sua reverência, gratidão e comprometimento, estabelecendo dessa maneira um contato com o Sagrado.

É por isso que nunca, em tempo algum, um governo poderá podar do ser humano aquilo que lhe é intrínseco, que está na sua própria essência e natureza. Mais do que isso, o conceito torto de "laicismo" que temos hoje, se examinado bem “de perto”, revela-se bastante difuso, subjetivo. Ora, todo governo é regido por pessoas, e toda pessoa tem suas próprias ideologias, seu próprio sistema de crenças, acalenta ideais, tem princípios, códigos de moral. O socialismo, por exemplo, é uma ideologia bem definida, quase religiosa, com seus próprios dogmas e até ritos, por assim dizer. O mesmo podemos dizer do capitalismo ou de qualquer outro sistema político-econômico. Então, quando excluímos o fator Deus desse esquema, estamos apenas mudando prioridades.

Um país que proíbe a exposição de crucifixos e Bíblias nos seus tribunais, por exemplo, mas incentiva a ostentação de um retrato do presidente da república, está apenas redefinindo quem é a autoridade última naquele lugar: não se espera mais o auxílio divino, universal e transcendente para se fazer justiça, e sim confia-se na autoridade humana. Não mais manifestamos confiança em Deus, mas sim no Estado. Não mais reverenciamos Deus, mas sim o homem.

Além de tudo, nada mais ridículo e ilusório do que ver a Igreja como uma grande ditadora, já que há muito tempo, - infelizmente, - a Igreja não exerce mais poder praticamente nenhum sobre as sociedades humanas. O poder que a Igreja tem é sobre as almas, é inspirar corações, mas se existe uma instituição que foi relegada à irrelevância dentro do quadro de poder que hoje compõe o establishment mundial é a Igreja Católica. A Igreja é, - ainda, - tolerada, exatamente devido à sua relevância junto aos sentimentos da população, mas não junto à classe política e dominante. E é por isso que esses professores tão "moderninhos" e "descolados", que se colocam como inimigos declarados da Igreja, em sua profunda ignorância prestam um enorme desserviço às consciências dos nossos jovens.

O estudo da História da Igreja, portanto, requer de nós um esforço especial, diferente. O sujeito a ser investigado é uma realidade impossível de ser compreendida apenas intelectualmente, Não é a mesma coisa que estudar, por exemplo, a História Antiga, a História da Europa, a História da Medicina, etc. O estudo da História da Igreja, para ser frutuoso, exige um certo preparo prévio. Isso porque a Igreja não é apenas um grupo de pessoas, unidas em sociedade, para obter um fim. A Igreja é mais do que isso. Existe um verdadeiro Mistério que é intrínseco à ela, não enquanto instituição, mas ontologicamente falando (ontologia é a ciência do ser, que estuda o ser em geral e sua essência, com suas propriedades transcendentais 1).

Para dar continuidade ao nosso estudo da história da Igreja, vamos analisar um testemunho histórico fundamental: a história da conversão de São Paulo Apóstolo.

Saulo de Tarso, isto é, Paulo, foi educado na cultura helenística, e como era filho de pais judeus devotos, foi levado a Jerusalém para estudar na escola de Gamaliel. Esse homem culto e devoto percebeu que havia um fenômeno importante e estranhíssimo ocorrendo no judaísmo de sua época: este fenômeno não era um movimento nem uma doutrina. Era uma pessoa. Alguém a quem chamavam Jesus de Nazaré.

As transformações em curso não estavam somente no que este homem dizia ou mesmo no que Ele fazia, nem sequer na beleza do que Ele pregava, pois haviam muitos candidatos a Messias com belas palavras e propondo doutrinas revolucionárias nessa época. O fenômeno estava na Pessoa, no Homem em si.  

Uma questão de simples coerência

De forma geral, qualquer pessoa que fala em Jesus o faz com respeito. Mesmo os não cristãos, e até aqueles que não têm fé alguma, em sua grande maioria, ao se referirem ao personagem Jesus o retratam pelo menos como um grande sábio, como um iluminado, um dos maiores pensadores da História. Acontece, porém, que se formos analisar a questão um pouco mais a fundo, somente aqueles que têm fé em Jesus como o Cristo, isto é, como o Filho de Deus e Salvador do mundo, é que podem considera-lo um sábio. Ora, para os que não têm essa fé, não há como considerar Jesus um “sábio”. Por quê? Porque Jesus, em todo seu discurso, apresentou-se e proclamou-se como Filho de Deus. Este é o ponto central de toda a sua mensagem, desde o começo até o final.

Sim. Aquilo que encontramos nos Evangelhos é algo de escandaloso. Ao observarmos o Sermão da Montanha, que é também apreciado enquanto obra literária até por aqueles que não têm fé, Jesus insistentemente diz: “Ouvistes o que foi dito (por Deus a Moisés); eu, porém, vos digo...” (Mt 5,21-22). Jesus afirma, simplesmente, que o que Ele diz tem a mesma autoridade do que aquilo que Deus disse a Moisés no Antigo Testamento! Ele está reformulando a Lei, está acrescentando “vírgulas”, esclarecendo a Palavra de Deus com autoridade divina. Jesus diz de si mesmo, literalmente: “Eu sou a Verdade”. Não diz apenas que diz a Verdade, que sua doutrina é verdadeira, que aponta para a Verdade. Ele diz, categoricamente: “Eu sou a Verdade!”.

Sendo assim, você precisa escolher, de duas, uma: ou você crê no que Jesus diz, que Ele é Deus, aceitando-o como Deus que se fez homem, ou então você precisa, - necessariamente, considerá-lo como uma louco varrido, alguém que não merece o menor respeito. Não há outra alternativa.

E aqui precisamos entrar numa questão bem específica. Ocorre que alguns chegam a dizer que Jesus nunca se declarou Deus. – uma afirmação completamente absurda, desprovida de qualquer sentido, que só pode partir de quem nunca leu os Evangelhos. - Por essa razão, apresentamos abaixo um breve estudo sobre a divindade de Jesus, segundo as Escrituras.

Jesus declarou-se Deus?

É possível crer nas Sagradas Escrituras e nos Evangelhos e não crer na divindade de Jesus, como fazem, por exemplo, os espíritas? Vejamos...

• O Evangelho segundo S. João já se inicia com a afirmação, - logo nos seus primeiros versículos, - de que Jesus é o Verbo de Deus, e que “o Verbo é Deus que se fez carne” (Jo 1, 1-5) . Encontramos ali a afirmação direta e textual que Jesus é Deus feito carne.

• Jesus diz de si mesmo: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10,30), - e a reação dos judeus foi, imediatamente, a de apedrejá-lo: “’Não te apedrejamos por alguma boa obra, mas pela blasfêmia; porque, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo” (Jo 10,33).

• Ainda no Evangelho segundo S. João (8,58), vemos: “Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade, vos digo: antes que Abraão existisse, Eu Sou”. - O “Eu Sou” (אֶהְיֶה אֲשֶׁר אֶהְיֶה - Ehyeh-Asher-Ehyeh, contraído no Português ‘Eu Sou’) é um dos Nomes atribuídos a Deus pelos judeus, que mais uma vez tomaram pedras para apedrejar Jesus (Jo 8,59), por se declarar Deus.

• Jesus usou vinte e três vezes a expressão “EU SOU” nos Evangelhos.

• Dentro deste contexto, provavelmente não exista declaração mais importante do que aquela que Jesus fez aos judeus, no Evangelho segundo S. João 8,24: “Por isso vos disse que morrereis em vossos pecados; porque se não crerdes que Eu Sou, morrereis em vossos pecados”.

• O Livro de Atos diz: “Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que Ele resgatou com seu próprio Sangue.” – A Escritura mais uma vez afirma, sem nenhum rodeia, que foi Deus Quem comprou a igreja com Seu próprio Sangue, isto é, Jesus, que é Deus.

• S. Tomé, o discípulo, declara a Jesus ressuscitado: “Meu Senhor e meu Deus!” (Jo 20,28), e Jesus não o corrige, ao contrário, o estimula a perseverar na fé.

• O Apóstolo S. Paulo, em sua carta a Tito, encoraja: “Na expectativa da nossa esperança feliz, a aparição gloriosa de nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo“ (2,13).

• A segunda carta de São Pedro começa assim: “Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, àqueles que, pela justiça do nosso Deus e do Salvador Jesus Cristo, alcançaram por partilha uma fé tão preciosa como a nossa...”.

• A carta aos Hebreus afirma que o próprio Deus Pai declara ao Filho, Jesus Cristo: “Ó Deus, o teu Trono subsiste pelos séculos dos séculos; Cetro de equidade é o cetro do teu Reino!” (1,8).

• Jesus declarou ainda: “Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim tem a vida eterna” (Jo 6,47), e diversas outras afirmações semelhantes (Jo 6,35; 11,25 e outros). Nenhum profeta declarou tais consequências para quem não acreditasse nEle, diretamente. Ao contrário, todo profeta na Bíblia fala em Nome de Deus, e não em seu próprio nome, como fez o Cristo.

• "Eu sou a Luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a Luz da vida!” (Jo 8,12) / “Eu sou a Porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens!” (Jo 10,9) - Mais uma vez, em toda a Bíblia, somente Jesus pode dizer coisas como essas desta maneira, na primeira pessoa.

• “Disse-lhe Jesus: Eu sou a Ressurreição e a Vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá”. (Jo 11,25). – Observe-se que Ele não diz: “Sou aquele que conduz à ressurreição e à vida” ou “vou ensinar como alcançar a ressurreição e a vida”. Jesus afirma categoricamente que É Ele próprio a Ressurreição e a Vida.

• Jesus diz de si mesmo: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida!” (Jo 14,6) – Mais uma vez, ele não diz que aponta o Caminho ou leva ao Caminho, nem que conduz à Verdade e à Vida. Afirma que É Ele mesmo o Caminho, a Verdade e a vida.

Demonstrado está que não se pode, ao mesmo tempo, crer nas Sagradas Escrituras e não crer na divindade de Jesus. Se eu não creio que Jesus é Deus, nego a Escritura. Simples assim.

Escândalo para os homens

Assim, retomando a nossa linha de raciocínio inicial, somos forçados a compreender e aceitar que um sujeito que se declara Deus ou diz a verdade, e é Deus de fato. ou mente e é um completo maluco, que só merece a nossa piedade. Se esse homem diz a verdade, então sim, é um sábio e muito mais do que isso, - pois só Deus é de fato plenamente Sábio. É por isso que não é legítimo admirar Jesus apenas como um sábio, um grande homem, um pensador importante.

É preciso compreender, então, que a figura de Jesus de Nazaré é completamente polêmica. Com Ele, não há meios termos, não há como acreditar numa parte do que Ele diz e descartar outras partes. E também não há como não crer nEle e mesmo assim considera-lo um grande homem, sábio, filósofo ou o que quer que seja. Se não admito que Ele era Deus, então só posso vê-lo como louco.

Saulo de Tarso sofreu com essa polêmica. Foi movido por ela. Achava que inadmissível que aquele sujeito estranho, de estranhas palavras, que foi humilhado pelos homens e morreu crucificado, de modo ultrajante, fosse Deus! E precisamos reconhecer que Paulo não estava sendo imprudente, ao contrário: ele estava sendo até bastante coerente e sensato! 

Assim, como judeu zeloso, bem formado, respeitado e influente, ele resolveu tentar tudo o que podia para conter o que ele via, - baseado na mais elementar lógica humana, - como uma terrível e absurda heresia. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário