Neste capítulo, nos concentramos nas
gigantescas atrocidades cometidas por grupos e governos ateístas. No último
século, os regimes ateístas mais poderosos, – a Rússia e a China comunista e a
Alemanha nazista, – fizeram vítimas em números astronômicos. Stalin foi
responsável por cerca de vinte milhões de mortes, provocadas por meio de
genocídios, campos de trabalho forçado, julgamentos-espetáculos seguidos de
pelotões de fuzilamento, deslocamento de população, fome e assim por diante.
O recente estudo de Jung Chang e Jon Halliday,
publicado no livro "Mao: a História Desconhecida" (Companhia das Letras, 2013),
atribui ao regime de Mao Tsé-Tung um número espantoso de setenta milhões de
mortes(!). Um detalhe que faz muita diferença é que as matanças provocadas por
Stalin e Mao, ao contrário daquelas causadas pelos expedicionários das Cruzadas
ou pelos envolvidos na Guerra dos Trinta Anos, aconteceram em tempos de paz e
foram contra seus próprios compatriotas. No cômputo geral, o regime arreligioso
de Hitler surge em um distante terceiro lugar, com cerca de dez milhões de
assassinatos.
Tudo isso sem contar os assassinatos e
massacres ordenados por outros ditadores soviéticos como Lenin, Khrushchev e
Brezhnev, ou uma outra grande lista de tiranias ateias como as de Pol Pot, Enver
Hoxha, Nicolae Ceausescu, Fidel Castro, Kim Jing-il, todos déspostas assassinos
e sanguinários.
Consideremos Pol Pot, líder do Khmer Vermelho, facção do Partido Comunista que governou o Camboja de 1975 a 1979. Dentro desse período de quatro anos, Pol Pot e seus ideólogos revolucionários lideraram matanças e deslocamentos sistemáticos da população que eliminaram aproximadamente um quinto da população cambojana, um número estimado entre 1,5 e 2 milhões de pessoas inocentes. Em termos de porcentagem, Pol Pot matou mais compatriotas que Stalin e Mao. Mesmo assim, ainda que nos concentrássemos apenas em Stalin, Hitler e Mao, teríamos que reconhecer que os regimes ateístas assassinaram, em um único século, mais de cem milhões de pessoas!
Consideremos Pol Pot, líder do Khmer Vermelho, facção do Partido Comunista que governou o Camboja de 1975 a 1979. Dentro desse período de quatro anos, Pol Pot e seus ideólogos revolucionários lideraram matanças e deslocamentos sistemáticos da população que eliminaram aproximadamente um quinto da população cambojana, um número estimado entre 1,5 e 2 milhões de pessoas inocentes. Em termos de porcentagem, Pol Pot matou mais compatriotas que Stalin e Mao. Mesmo assim, ainda que nos concentrássemos apenas em Stalin, Hitler e Mao, teríamos que reconhecer que os regimes ateístas assassinaram, em um único século, mais de cem milhões de pessoas!
Os crimes de algum modo inspirados pela
religião simplesmente não podem competir com os assassinatos cometidos por
regimes ateístas. Mesmo levando em conta os maiores níveis populacionais, a
violência ateísta supera a violência religiosa em termos proporcionais
simplesmente indiscutíveis.
Das causas e métodos da Inquisição da Igreja Católica: a
Inquisição real e não a dos filmes
A Inquisição da Igreja Católica foi
estabelecida na França, pelo Papa Gregório IX em 1231, para combater a heresia
cátara, uma seita cuja doutrina contrariava todos os princípios que os
Evangelhos e a Igreja defenderam desde o início do cristianismo. Foi uma das
maiores ameças à fé cristã de todos os tempos. Os cátaros eram contra a
procriação e o Matrimônio. Consideravam malditas as grávidas, defendiam o
suicídio por inanição, pregavam a renúncia radical aos prazeres, negando a
Igreja e o culto religioso. Viam o corpo como intrinsecamente mau (uma
manifestação do mal), e ensinavam a salvação através de um ciclo de
reencarnações, e não por Jesus Cristo4.
Os cátaros ensinavam que nossos corpos e o
mundo material tinham sido criados por um deus mal, e que o homem não devia se
reproduzir. Segundo autores, chegavam a sacrificar mulheres grávidas com
punhaladas no ventre. Para o catarismo, dois princípios eternos dividiam o
Universo: um bom, criador do mundo dos espíritos, e um mau, criador do mundo
terreno6. Como todas as heresias,
o catarismo afirmava que a sua doutrina era o “verdadeiro cristianismo”, usando
alguns termos e conceitos cristãos, mas distorcendo seus significados e
renegando os dogmas. Viam a Cristo como um “anjo caído” e negavam a Ressurreição
do Senhor, rejeitando todos os Sacramentos. O aborto e o suicídio eram alguns
dos seus princípios básicos4.
O catarismo se expandiu muito: dominaram o
Languedoc, a Provença, influenciaram o nordeste da Espanha, a Lombardia, a
Itália, a atual Yugoslávia e os Bálcãs. Passaram a ameaçar o domínio da Igreja
na Europa, e o problema cresceu. Combatidos pelo Estado, os cátaros se
ocultaram, mas continuaram difundindo suas ideias e práticas7. Assim, a Inquisição surgiu para
garantir a sobrevivência da Igreja na luta contra essa e outras heresias.
Vejamos algumas de suas características:
• Sobre a
tortura, que era imposta pelo Estado, e não pela Igreja - a Inquisição
foi a primeira instituição jurídica no mundo a declarar que as confissões sob
tortura não seriam válidas para a condenação de alguém. A Inquisição exigiu que
a tortura fosse limitada, e que deveria ser usada apenas para a obtenção de
informações, e não como instrumento de punição. Que não poderia violar a
integridade física da pessoa; que deveria ser limitada a no máximo meia hora,
que deveria ser assistida por um médico e que jamais poderia se repetir4.
• O recurso da
tortura, que era usado sempre nos tribunais laicos, não era constante na
Inquisição, que recorreu muito raramente a esse procedimento: ao todo,
menos de 10% dos processos usaram tal
método8. A Inquisição
impôs uma regra que proibia aos eclesiásticos derramar qualquer gota de sangue
dos réus, e confissões obtidas sob tortura perderam a validade. No fim, o
tribunal religioso condenou pouco8.
Notemos como a verdade histórica é diferente
daquela que vemos nos filmes de Hollywood (EUA = protestantismo). Os fatos
surpreendem os leigos, acostumados a ouvir grandes e absurdos exageros. O
fato é que a Inquisição também tinha por finalidade controlar os excessos de
violência cometidos pelo Estado, e este é um fato tão certo que muitos presos,
julgados pelos tribunais do Estado, passavam a blasfemar contra Deus e contra a
Igreja, na esperança de serem transferidos para os tribunais da
Inquisição5!
Sobre a Inquisição espanhola, a mais comentada
e polêmica, é preciso saber que ela foi principalmente uma instituição civil,
não controlada pela Igreja, e que a própria Igreja censurou e tomou medidas
contra ela7. Também é fundamental
saber que quase tudo o que se divulgou a respeito da Inquisição espanhola é
fruto das calúnias difundidas pelo ex-padre Juan Antonio Llorente, um apóstata
que produziu documentos sobre a Inquisição na Espanha com o interesse de ajudar
a França de Napoleão a dominar aquele país. Llorente queimou todos os documentos
que usou, para que não se descobrissem falsificações7.
Além de tudo, os métodos aplicados pela
Inquisição eram mais humanos que os da autoridade civil da época: um notário
transcrevia o processo, os acusados não ficavam presos durante o inquérito,
podiam recusar um juiz e apelar para Roma contra alguma decisão do tribunal6.
• Fato: as ações repressoras da Inquisição
foram bem menos implacáveis que as civis. Por quê, então, se mantém uma
imagem tão terrível do Santo Ofício? Por vários motivos, mas foi sobretudo o
fanatismo do inquisidor espanhol Tomás de Torquemada (século XV), que ficou
gravado na memória popular. Daí veio o protestantismo, no século XVI, o
antipapismo anglicano, o iluminismo e o anticlericalismo dos séculos XIX e XX...
Um conjunto de eventos e adversários da Igreja que pintaram um quadro pavoroso
da Inquisição, que, mesmo sendo falso, ainda repousa na mentalidade do nosso
tempo.
Poucas pessoas conhecem esses detalhes importantíssimos a respeito da História, mas muitos se acham qualificados para criticar a Igreja, imaginando que sabem tudo o que é preciso saber para formar e expressar opinião.
Poucas pessoas conhecem esses detalhes importantíssimos a respeito da História, mas muitos se acham qualificados para criticar a Igreja, imaginando que sabem tudo o que é preciso saber para formar e expressar opinião.
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