OS SACRAMENTAIS têm grande valor de
santificação e consagração, pois, por meio deles, Deus derrama sobre o homem
suas bênçãos. Cremos que é da Vontade do SENHOR nos abençoar por intermédio da
Igreja, e abençoar nossas casas, nossos corpos, nossos objetos. E onde existe a
Bênção de Deus, o demônio não pode tocar.
Ao entrar em uma igreja, impulsionado pela fé e
pela beleza do ambiente que o cerca, o fiel católico se ajoelha diante do
Sacrário, faz o Sinal da Cruz, molhando ou não a ponta dos dedos na água
abençoada pelo sacerdote, repete uma a oração tradicional da Igreja, como o
Pai-Nosso... E possivelmente nem sempre, nem todos, tenha, a noção exata de cada
um desses atos. São os Sacramentais.
Estão bem perto, ao nosso alcance, e são de
grande benefício espiritual, como pequenos canais de comunhão com o Santo
Criador: assim são os Sacramentais. A palavra Sacramental significa “semelhante
a um Sacramento”, mas há grandes diferenças entre uma coisa e outra. Os Sacramentos (Batismo, Crisma, Eucaristia, Confissão, Unção dos enfermos, Ordem e Matrimônio) foram instituídos diretamente por
Jesus Cristo para conferir a Graça santificante que apaga o Pecado e fortalece
nossas almas, preparando-nos para a vida eterna no Céu. Já os Sacramentais não
conferem a Graça à maneira dos Sacramentos, mas são como que vias para ela, e
como tal ajudam a santificar as diferentes circunstâncias da vida humana. Os
Sacramentais despertam no cristão sentimentos de amor santo e de fé. Diz o
Catecismo da Igreja Católica (§1670-1667):
«Os Sacramentais (...) oferecem aos fiéis bem dispostos a
possibilidade de santificarem quase todos os acontecimentos da vida por meio da
Graça divina que deriva do Mistério Pascal da Paixão, Morte e Ressurreição de
Cristo. (...) A Santa Mãe Igreja instituiu também os sacramentais. Estes são
sinais sagrados por meio dos quais, imitando de algum modo os sacramentos, se
significam e se obtêm, pela oração da Igreja, efeitos principalmente de ordem
espiritual. Por meio deles, dispõem-se os homens para a recepção do principal
efeito dos sacramentos e são santificadas as várias circunstâncias da
vida.»1(II Concílio do Vaticano, Const. Sacrosanctum
Concilium, 60: AAS 56 (1964) 116: cf. CIC can. 1166; CCEO can.
867)
Os Sacramentais produzem seu efeito, no dizer
teológico, Ex opere operantis (pela ação daquele que opera), isto é,
depende da boa disposição dos que os operm. Assim, para que haja um frutuoso
efeito das graças dos Sacramentais, são necessárias nossa plena consciência e
boa disposição ao recebê-los (o amor, a fé, o respeito e reverência, a reta
intenção, o espírito de adoração, o comprometimento interno...).
Os sacramentais nos preparam para receber e
cooperar com as graças que Deus nos concede. São, por si mesmos, - como o
próprio nome indica, - atos fugazes e transitórios e, não permanentes, como no
caso dos Sacramentos.
Quais são os Sacramentais?
Os Sacramentos da Igreja, como sabemos e vimos, são sete. Já os Sacramentais são numerosos, sendo que muitos teólogos os classificam em seis grupos:
• Orans: basicamente são as orações que
se costuma rezar publicamente na Igreja, como o Pai Nosso e as Ladainhas.
• Tinctus: o uso da água benta e certas
unções que se usam na administração de alguns Sacramentos e que não pertencem à
sua essência.
• Edens: indica o uso do pão bento ou
outros alimentos santificados pela bênção de um Sacerdote.
• Confessus: quando se reza o
Confiteor, individual ou publicamente, para pedir perdão a Nosso Senhor
por nossos pecados e falhas, das quais já não nos lembramos mais. Cremos que
Deus, já neste ato, nos cumula de graças2.
• Dans: esmolas ou doações, espirituais
ou corporais, bem como os atos de misericórdia prescritos pela Igreja. – Acima
das esmolas que possamos dar, está o bem espiritual que possamos fazer ao
próximo. Além desse ato ser um Sacramental, adquirimos uma série de méritos pela
caridade fraterna e pelas outras virtudes que a acompanham.
• Benedicens: as bênçãos que dão o Papa,
os Bispos e os sacerdotes; os exorcismos; a bênção de reis, abades ou virgens e,
em geral, todas as bênçãos sobre coisas santas.
Certos objetos bentos de devoção, como
medalhas, velas e escapulários, também são considerados Sacramentais: o
Crucifixo, a Medalha de Nossa Senhora das Graças e a Medalha de São Bento estão
entre os maiores exemplos, sendo fundamental entender que não são "talismãs" nem
"amuletos da sorte", e sim sinais visíveis de nossa fé. Não agem
automaticamente contra as adversidades, como se tivessem "poderes mágicos", mas
são como recursos auxiliares para nos unir ainda mais a Nosso Senhor e devem nos
estimular no progresso da fé.
No caso do crucifixo, em sua forma clássica ou
na versão de São Damião, representam nossa fé na palavra do Cristo, que diz que
todo aquele que quiser segui-lo deve carregar a sua própria cruz. Sabemos muito
bem que a cruz que devemos carregar não é esta pequena peça que trazemos ao
pescoço, pendendo de um cordão ou de uma correntinha, mas é uma maneira de nos
lembrarmos sempre disso, além de funcionar como uma espécie de testemunho de
nossa fé.
Quantas graças, quantas dádivas da Santa Igreja
à nossa disposição!
Efeitos dos
Sacramentais
Os efeitos que produzem ou podem produzir os
Sacramentais dignamente recebidos são muitos. Em geral:
• Obtêm graças atuais (temporais), com especial
eficácia, pela intervenção da Igreja (ex opere operandis
Ecclesiae).
• Perdoam os pecados veniais por via de
impetração, enquanto que, pelas boas obras que fazem praticar e pela virtude das
orações da Igreja, excitam-nos aos sentimentos de contrição e atos de
caridade.
• Às vezes, perdoam toda pena temporal dos
pecados passados, em virtude das indulgências que costumam acompanhar o uso dos
Sacramentais.
• Obtêm-nos graças temporais, se convenientes
para nossa salvação. Por exemplo, a restauração da saúde corporal, a proteção
numa viagem perigosa, etc.
“Não há uso honesto das coisas materiais que não possa ser dirigido
à santificação dos homens e o louvor a Deus.”(II Concílio do Vaticano, Const.
Sacrosanctum Concilium, 61: AAS 56 (1964) 116-117)
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