Autor : Jornalista Paulo Nogueira, baseado em Londres, é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.
Já ouviu falar? Provavelmente não, pelo seu caráter semiclandestino.
Mas poucas organizações são tão influentes quanto o Bilderberg. O nome deriva do hotel em que o grupo se reuniu pela primeira vez, em meados dos anos 1950.
Hoje, se iniciou na Inglaterra mais um encontro do Bilderberg, num hotel de campo em Watford, a 30 quilômetros de Londres.
Um grupo de 138 homens poderosos de variadas partes do mundo vai discutir assuntos como a política externa americana, o futuro da África e a guerra civil na Síria.
Não há um só brasileiro entre os participantes da edição de 2013. Jamais houve, em todos esses anos. Isso pode ser um sinal de que o Brasil ainda tem muito a caminhar para ter, realmente, influência no mundo.
Basicamente, os integrantes do Bilberberg são representantes de grandes governos e grandes corporações. As reuniões são anuais, e o local varia. Mas o conteúdo dos encontros é sempre secreto, e a agenda trata da alta política internacional.
O grupo surgiu no rastro da Guerra Fria que opôs os Estados Unidos e a falecida União Soviética, depois da capitulação alemã.
Por trás da montagem da organização, havia uma preocupação com um possível surto de antiamericanismo no mundo que colocasse em risco os interesses dos Estados Unidos, primeiro, e do Ocidente, depois.
Um dos fundadores do Bilderberg, e ainda hoje ativo na militância, é o banqueiro David Rockfeller.
Todos os candidatos à presidência dos Estados Unidos são sabatinados pelo Bilderberg. Fiquemos nos últimos. Clinton? Foi. Bush? Foi. Obama? Foi. Na última reunião de 2012 Romney compareceu.
As reuniões costumam ser em maio ou junho, primavera no hemisfério norte. Em geral, em resorts em que os participantes possam também jogar golfe. Há um núcleo central e fixo, e é ele que define os convidados, de acordo com as circunstâncias.
Margaret Thatcher, por exemplo, foi convidada num encontro em meados dos anos 1970. Era conhecida apenas localmente, mas os comandantes do Bilderberg viram nela uma política extremamente promissora.
Acertaram, gostemos ou não.
Thatcher não falou nada no primeiro dia, e isso foi notado e cobrado. Espera-se que as pessoas falem.
Avisada, Thatcher falou no segundo dia, e virou instantaneamente objeto de admiração do grupo. Logo em seguida à reunião, ela foi convidada para conversas com gente poderosa nos Estados Unidos.
O resto é história.
Há um voto de silêncio no grupo. O conteúdo discutido é secreto. Todos os convidados se comprometem a não falar com jornalistas, embora magnatas da mídia sejam frequentes nos encontros.
Conrad Black, dono de uma rede internacional de jornais, está costumeiramente presente — mas em suas publicações jamais saiu nada sobre o Bilderberg.
Nos últimos anos, ativistas conseguiram descobrir com antecedência o local dos encontros e vem fazendo protestos vistosos contra o Bilderberg.
O motivo é o propósito do grupo de influenciar a política internacional sem delegação popular de qualquer caráter — e sempre na sombra.
O Bilderberg passou a ficar sob uma exposição inédita, talvez fatal para uma organização que floresceu no segredo. Algumas pessoas prevêem o fim do grupo.
Se isso acontecer, não haverá muitas razões para chorar.
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