sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Karl Marx era marxista.

Escrito por Eguinaldo Hélio de Souza | 28 Setembro 2013             
   
http://www.midiasemmascara.org/artigos/governo-do-pt/14550-dize-me-com-quem-andas.html    

Como pode alguém alegar a inocência de Marx diante das atrocidades comunistas? Já não estava tudo descrito no seu texto?

Alguns marxistas declarados ou simpatizantes se ofendem quando as atrocidades históricas cometidas em nome dessa ideologia lhe são apresentadas. A violência gratuita, o imenso rio de sangue, a perseguição religiosa, principalmente contra o cristianismo, o ataque à família tradicional são apenas alguns dos frutos podres do marxismo. Quando falamos na perversidade inerente às teorias de Marx, seus defensores alegam que essas ações nada tiveram a ver com o ideólogo alemão, que foram meros desvios. Usa-se frequentemente o clichê “Marx não era marxista”.


Nada mais enganoso. O fato dele pessoalmente não estar envolvido com essas ações perversas não significa que não as tenha inspirado. Se a pena é mais poderosa do que a espada, então quem inspira as ações é mais culpado do que quem as executa. E não há dúvida de que foi Karl Marx.

Basta lermos o Manifesto do Partido Comunista, celebrado panfleto de todo marxista convicto. Não é preciso nem ler as demais obras de Marx, Engels, Lenin e toda uma miríade de teóricos, crias do Manifesto, que contribuíram com a construção desse nebuloso edifício. O livreto já contém em germe as características da planta carnívora. Nele está a essência do pensamento que estimulou e justificou o assassinato, a tiranização e o sofrimento de milhares de seres humanos. Negar que as ações perversas desses estados totalitários surgidos sob a bandeira do comunismo sejam fruto direto das ideias Marx é querer jogar os escombros das torres gêmeas WTC para baixo do tapete.

Vejamos alguns trechos do Manifesto, publicado pela primeira vez em 21 de fevereiro de 1848, com grifos meus:

Esboçando em linhas gerais as fases do desenvolvimento proletário, descrevemos a história da guerra civil, mais ou menos oculta, que lavra na sociedade atual, até a hora em que essa guerra explode numa revolução aberta e o proletariado estabelece sua dominação pela derrubada violenta da burguesia. [1]
Abolição da família! Mesmo os mais radicais se enchem de indignação ao ouvirem proposta tão infame dos comunistas. [2]

Mas o comunismo quer abolir [as chamadas] verdades eternas, quer abolir a religião e a, moral, em lugar de lhes. dar uma nova forma... (Não resisti. Tive de grifar tudo). [3]

O proletariado utilizará sua supremacia política para arrancar pouco a pouco todo capital à burguesia, para centralizar todos os instrumentos de produção nas mãos do Estado... [4]

Todavia, nos países mais adiantados, as seguintes medidas poderão geralmente ser postas: Expropriação da propriedade latifundiária e emprego da renda da terra em proveito do Estado; Imposto fortemente progressivo; Abolição do direito de herança; Confiscação da propriedade de todos os emigrados e dos contrarrevolucionários. (Isto é, quem não concordasse com as ideias de Marx); Centralização do crédito nas mãos do Estado por meio de um banco nacional com capital do Estado e com o monopólio exclusivo;  Centralizarão, nas mãos do Estado, de todos os meios de comunicação e transporte. Adequação do sistema educativo ao processo de produção material (isto é, doutrinação comunista e anti-tudo o que não for marxista), etc. [5]

Resumindo, Marx e Engels idealizaram uma tomada violenta do poder, com a implantação de um governo onde o Estado se apoderaria à força da economia, dos meios de comunicação, da educação, destruindo “as verdades eternas, a religião e a moral”. E ai dos contrarrevolucionários (chamados de rebeldes em algumas traduções)! Esse foi o plano exposto no Manifesto.

Como pode alguém alegar a inocência de Marx diante das atrocidades comunistas? Já não estava tudo descrito no seu texto? Não foi exatamente assim que aconteceu, acontece ainda e vai acontecendo gradativamente no socialismo moderno? Se a pena de Karl Marx foi manchada de sangue, foi manchada pelas espadas que ele mesmo incitou.

Querem mais do Manifesto? Nele já estava expressa a inflexibilidade de Karl Marx, que expôs seu pensamento não como quem expõe meras reflexões, mas como alguém que proclama um evangelho infalível. Nada e nem ninguém era digno de criticar seu comunismo.

As acusações feitas ao comunismo, a partir de pontos de vista religiosos, filosóficos ou ideológicos não merecem exame aprofundado. [6]

Não! O mundo inteiro é tolo diante do monstro de Trevéris! Suas afirmações não são teorias, são uma religião em nome da qual todo opositor deve ser calado! E de fato foram. Dezenas de milhões calados para sempre!
Ele disse que o comunismo iria abolir a religião e concebeu o Estado como o mais poderoso Leviatã, mas ainda assim alguns nos querem fazer crer que tudo o que foi feito pelo comunismo na história não foi responsabilidade de Marx. Ou isso é ingenuidade ou é pura falsificação.

Pelos seus frutos os conhecereis! Longe de ser um desvio, o marxismo histórico é o fruto simples, puro e direto do marxismo teórico. A semente produziu o seu devido fruto, o monstro gerou o monstro, o que foi produzido foi justamente o que foi concebido.
Não se pode negar o óbvio. Karl Marx era sim um marxista.

Notas:


1. MARX, K. e  ENGELS, F. Manifesto do Partido Comunista. São Paulo: Global Editora, 1986, p. 28.

2. IDEM p. 32
3. IDEM p. 35
4. IDEM p. 35
5. MARX, K. e  ENGELS, F. Manifesto do Partido Comunista. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996, p. 45
6. MARX, K. e  ENGELS, F. Manifesto do Partido Comunista. São Paulo: Global Editora, 1986, p. 34.

www.juliosevero.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário