domingo, 16 de fevereiro de 2014

A virgindade de Maria e os "irmãos" de Jesus.

PARA nós, católicos, “Jesus é o único filho de Maria.” (CIC §501). Cremos que Jesus não teve irmãos de sangue, e isso testemunha o dogma da Perpétua Virgindade de Maria. Mas esta verdade de fé é muito contestada por “evangélicos” que, lendo superficialmente o Evangelho, encontram trechos aparentemente incompatíveis e menções aos "irmãos de Jesus". Vejamos o que diz Mateus:
“Não é este o filho do carpinteiro? Não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos, Tiago, José, Simão e Judas? Não vivem entre nós todas as suas irmãs?” (Mt 13,55-56).
Sim, o Evangelho cita irmãos e irmãs, e ainda revela, em outras passagens, seus nomes: Tiago, José, Simão e Judas. A versão de S. Marcos também nomeia os ditos irmãos de Jesus (Mc 6,3), e o Evangelho segundo S. Lucas diz: “Vieram ter com ele sua mãe e seus irmãos...” (Lc 8,19). O 4º Evangelho relata: “Depois disto desceu ele para Cafarnaum, com sua mãe, seus irmãos e seus discípulos” (Jo 2,12). Ainda nos Atos dos Apóstolos encontramos referências aos irmãos de Jesus: “...Perseveraram unânimes em oração, com as mulheres, entre elas Maria, mãe de Jesus, e os seus irmãos” (At 1,14).

E agora? Essas passagens são sempre usadas para atacar a fé dos católicos, e causam mesmo confusão: se os Evangelhos citam irmãos de Jesus, como podemos nós acreditar no Dogma da Virgindade Perpétua de Maria? Jesus teve mesmo irmãos de sangue?

A resposta para todas essas perguntas nos é dada pela própria Bíblia. Vejamos...

Como visto, os irmãos de Jesus seriam Tiago, José, Judas e Simão. Eram eles filhos de Maria e de José? Não, não eram. As Escrituras mesmo testemunham que eles tinham outro pai e outra mãe. A Bíblia cita dois Tiagos. Um é filho de Alfeu (Cléofas), e outro é filho de Zebedeu. Lemos em Mateus: “Tiago, filho de Zebedeu, (...) Tiago, filho de Alfeu e Tadeu.” (Mt 10, 2-3). E Mateus nos revela o nome da mãe de Tiago e José: “Entre elas se achavam Maria Madalena e Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu" (Mt 27,55-56).

Assim vemos que Alfeu (Cléofas) era o pai de Tiago e José, os mesmos que são chamados "irmãos de Jesus". Mas a mãe se chamava, sim, Maria. Essa Maria era a mãe de Jesus? Não. O Evangelho segundo S. João mostra esta Maria ao lado da outra Maria, a mãe de Jesus, na hora da crucificação: “Junto à cruz estavam a mãe de Jesus, a irmã da mãe dele, Maria de Cléofas, e Maria Madalena.” (Jo 19,25).

Se a Mãe de Jesus estava junto à Maria de Cléofas, que era a mãe de Tiago e José, então sabemos, sem dúvidas, que não se trata da mesma pessoa. Percebe-se também que Maria era um nome muito comum já naquela época. E João chama à outra Maria de “irmã da mãe de Jesus”: “...a irmã da mãe dele, Maria de Cléofas...”.

Então, se o Evangelho está certo (como católicos, cremos que está) ele demonstra que Maria de Cléofas era irmã da Maria mãe de Jesus, Nossa Senhora. Logo, segundo a Bíblia, Tiago e José, chamados irmãos de Jesus, eram na realidade seus primos.

E quanto a Judas Tadeu, que também é citado na lista dos “irmãos de Jesus”? O próprio Judas esclarece essa dúvida, no início da sua Epístola: “Judas, servo de Jesus Cristo, e irmão de Tiago...” (Jd 1,1).

Portanto, Tiago (que é diversas vezes chamado 'irmão de Jesus'), José e Judas eram irmãos de sangue, filhos do mesmo pai e da mesma mãe, e eram sobrinhos de Nossa Senhora; portanto, eram primos de Jesus. Fica aqui biblicamente provado o costume dos autores dos Evangelhos de se referir a primos e primas, ou até a parentes mais distantes, como "irmãos". Quanto a Simão, contamos com os registros históricos de Hesegipo, historiador do primeiro século (que possivelmente conheceu os descendentes dessas pessoas) que incluem Simão entre os filhos de Maria e Alfeu.

Por que, exatamente, a Bíblia chama essas pessoas de “irmãos de Jesus”? É bem simples: são chamados “irmãos” porque na língua hebraica falada na época não havia um termo específico para “primos”. Nos textos originais, a grafia AH é empregada para designar parentes de até segundo grau. Além disso, outras evidências demonstram que a Família de Nazaré era composta por três membros apenas, como no início do Evangelho segundo Lucas, quando Jesus é encontrado no Templo em Jerusalém, aos 12 anos, pregando aos doutores. De acordo com a lei judaica, toda a família devia peregrinar a Jerusalém, na Páscoa (conf. Dt 16,1-6; 2Cr 30,1-20; 35,1-19; 2Rs 23,21-23; Esd 6,19-22). E lemos que somente José, Maria e Jesus foram a Jerusalém. Maria afirma que somente ela e José procuraram Jesus, quando se perderam dele: “Filho, por que fizeste assim conosco? Teu pai e eu, aflitos, estamos à tua procura” (Lc 1,48). Se houvessem irmãos de Jesus, teriam que ser mencionados aqui, mas não são. Outros filhos não são mencionados entre os integrantes da Sagrada Família, nem nesta passagem e nem em nenhuma outra.

Outra passagem prova que Maria não tinha outros filhos: no momento da crucificação, em meio às terríveis dores, Jesus confere ao discípulo João a tarefa de acolher Maria em sua casa (Jo 19,27). Se Jesus tivesse irmãos de sangue, ele não deixaria sua mãe com João, até porque a lei mandava que, no caso da morte do filho mais velho, o irmão mais moço deveria assumir os cuidados da mãe. Como Jesus não tinha irmãos, precisou deixar sua mãe com João. Está na Bíblia.

Outras contestações

"...José não a conheceu até que ela deu à luz..." - Um trecho do Evangelho segundo Mateus diz: “(José) recebeu em sua casa sua esposa; e não a conheceu até que ela deu à luz um Filho” (Mt 1,25).

Alguns querem ver aí uma insinuação de que José e Maria não coabitaram no período da gravidez, mas que depois disso tiveram uma vida conjugal normal. Mas a palavra traduzida por “até” não tem essa conotação: trata-se do mesmo termo usado em 2Samuel (6, 23): “Mical, filha de Saul, não teve filhos até o dia de sua morte”. Fica demonstrado que a palavra “até” pode indicar continuidade. Mical não teve filhos até a morte. E será que depois da morte ela teve filhos? Óbvio que não: A palavra “até”, nesse contexto, sugere que a situação de Mical permaneceu a mesma depois da morte. O mesmo vale para a sentença “José não a conheceu até que ela deu à luz um filho”. Virgem antes, permaneceu depois, assim como Mical não teve filhos até a morte, e, claro, nem depois.

"Jesus, o Filho primogênito" - Outra contestação recorrente é aquela que se baseia, mais uma vez, na interpretação equivocada de uma única palavrinha: essa palavra é "primogênito". Porque e Evangelho segundo Lucas diz que Jesus foi o primogênito, alguns são rápidos em supor que Maria teve outros filhos...

Vamos entender bem o que isso quer dizer: no Evangelho segundo Lucas, está escrito: "Maria deu à Luz seu Filho primogênito" (Lc 2,7). No contexto bíblico, a palavra "primogênito" significa primeiro filho, e apenas isto, podendo esse primeiro ser filho único ou não. Segundo os estudos da filologia, na época da redação dos Evangelhos, a palavra "primogênito" significava, literalmente, "filho que abriu o útero". Vejamos:

No Livro de Números (Num 3,40), lemos: "O Senhor disse a Moisés: 'Faze o recenseamento de todos os primogênitos varões entre os israelitas, da idade de um mês para cima, e o levantamento dos seus nomes'".

Se a palavra primogênito indicasse a existência de outros irmãos, como poderiam haver primogênitos "da idade de um mês para cima"? Claro que os bebês de poucos meses, primeiros filhos, não têm nenhum irmão. Mesmo assim, são chamados primogênitos.

Um outro exemplo está no Livro do Êxodo: "E morrerá todo primogênito na terra do Egito, desde o primogênito do Faraó, que deveria assentar-se no seu trono, até o primogênito do escravo que faz girar a mó, assim como todo primogênito dos animais" (Ex 11,5).

O Faraó tinha um único filho, e este é chamado primogênito. Mais uma vez fica claro que o fato de Jesus ser primogênito não implica que Maria tenha tido outros filhos; filho único também é primogênito. Em lugar absolutamente nenhum da Bíblia está escrito que Maria, mãe de Jesus, teve outros filhos, ao contrário: todo o contexto do Livro Sagrado indica que Jesus foi o único Filho.

Para encerrar, lembramos que a Virgindade Perpétua de Maria não é fé somente católica. Os cristãos ortodoxos compartilham da mesma fé, e até os islâmicos. Assim também os chamados reformadores protestantes, que deram origem àquelas que hoje são chamadas “igrejas evangélicas”, deram testemunho disso, como vemos, por exemplo, nos escritos de Lutero:

“O Filho de Deus se fez homem, concebido do Espírito Santo, sem o auxílio de varão, a nascer de Maria pura, santa e sempre virgem.”
(Martinho Lutero, “Artigos da Doutrina Cristã”)

Plano de vida espiritual.

PLANO de vida espiritual consiste, simplesmente, em programar as práticas da vida espiritual (oração, Comunhão, leituras, estudo...) de modo a garantir que sejam realizadas com ordem e constância. Esse plano tem dois aspectos:

1º) A definição do tipo de práticas espirituais que nos propomos a exercitar. Tanto o tipo quanto o número e a frequência dessas práticas não tem que ser o mesmo para todos: para uns, o plano consistirá em rezar algumas orações breves ao acordar e ao deitar e em ler diariamente o Evangelho, durante cinco ou dez minutos; para outros, além disso, o plano incluirá a Comunhão frequente e, diariamente, a meditação, o Terço, uma leitura formativa, o exame de consciência, etc. Dependerá das circunstâncias espirituais de cada pessoa.

Uma boa direção espiritual pessoal poderá aconselhá-lo sobre o tipo e o número de práticas que lhe convém em cada momento da vida, sobre a sua frequência e sobre a conveniência, lógica e natural, de ir aumentando-as um pouco, por um plano inclinado, à medida que a alma amadurece. Nesse aumento também não há regras fixas: cada alma é uma alma.

2º) O segundo aspecto consiste em definir, de modo claro e concreto, em que dia e em que momento do dia cada prática será cumprida, ou seja, definir um horário, que garanta que o plano não fique inutilmente só no desejo abstrato, mas seja um meio eficaz de formação e de crescimento espiritual.

Monotonia e Amor

São interessantes, a esse respeito, as palavras da obra
“Caminho" (São Josemaria Escrivá): "'Sujeitar-se a um plano de vida, a um horário, é tão monótono!', disseste-me. – E eu te respondi: há monotonia porque falta Amor" (n. 77).

1) A monotonia - "Fazer todos os dias as mesmas coisas é tão monótono!", – é o que podemos pensar, - acaba tornando-se rotina, prática mecânica. Não seria melhor rezar, ler, comungar, buscar a Deus, só de vez em quando, nos momentos em que nos sentirmos mais dispostos, com mais condições de aproveitar esses meios, ou mais necessitados de Deus? Ledo engano! O problema da “monotonia” ou da “rotina” não procede da repetição, mas do vazio de amor do coração. Talvez entenda-se melhor tomando como referência um fato real:

Uma boa senhora de família minha conhecida veio conversar comigo, para desabafar e pedir conselho. Nem tinha começado a falar, e já chorava. Quando lhe perguntei por que, respondeu: “Durante vinte anos, meu marido, todos os dias, ao sair de casa para o trabalho, se despedia de mim com um beijo. De dois meses para cá, ele sai sem nem avisar”. Andava mal aquele amor. Tão mal, que o drama da separação veio pouco depois. Havendo amor, a repetição da mesma prática diária não é rotineira. Isso é o que devemos procurar, e pedir a Deus: amor. “Mas… e se não sinto esse amor?”

2) Aí vem um segundo ponto. Será que amar a Deus é somente sentir? Quando uma mãe, fatigada e morta de sono, levanta três, quatro, cinco vezes à noite para amamentar ou acalmar o seu bebê, duvido que, naquele momento, sinta grande emoção ou alegria. Mas ela ama seu filho, e esse seu amor, – quer sinta, quer não sinta, em forma de emoção, – justifica todos os seus sacrifícios. O Amor pelas coisas divinas nem sempre é sinônimo de ter prazer, como quando sinto vontade de beber cerveja, e então bebo; e quando não sinto, não bebo.

O amor daquela mãe é mil vezes mais autêntico que o amor de uma mulher superficial, que logo pensa em separação quando nota que a convivência com o marido já não lhe dá prazer, não lhe traz satisfações. A esse falso amor, chama-se mais adequadamente“egoísmo”.

Ao ler estas palavras, algumas pessoas respondem: "Passou-me entusiasmo!”, assim me escrevem. – Mas você não deve trabalhar por entusiasmo, e sim por Amor; com consciência do dever, que é também abnegação. Isso também afirma o “Caminho” (n. 994). É isso o que faz a mãe do bebê chorão. E para Deus será menos? Não estaremos dispostos a dar-lhe o que daríamos a uma pessoa querida, sendo que, ao rezar, comungar, e outras práticas espirituais, na realidade é Ele quem nos ama e nos dá? É coisa muito santa lembrar que é sempre Ele quem se entrega a nós.
Amar é “querer”

Não caia, portanto, na cilada da falsa autenticidade. Amar é querer bem (o bem, o que é bom), custe o que custar. Por isso, cito novamente o livro “Caminho": "Dizes que sim, que queres. – Está bem. -Mas queres como um avarento quer o seu ouro, como a mãe quer ao seu filho, como um ambicioso quer as honras, ou como um pobre sensual quer o seu prazer? – Não? Então não o queres"...

Pense um pouco nos sacrifícios que é capaz de fazer, nos compromissos a que não falta de jeito nenhum, nas despesas que não mede aquele que quer mesmo ficar rico, ou ganhar uma posição política elevada, ou satisfazer um prazer que o traz alucinado… Então? Deus não merece mais?

Se medita nisso, compreenderá a grande importância de ter e seguir um plano de vida espiritual, definindo-o bem claramente, talvez até por escrito na sua agenda, e ficará precavido contra os “grandes inimigos” do plano de vida espiritual:

a) Os sentimentalismo egoísta e a autenticidade falsa, já mencionados;

b) O engano perigosíssimo de quem diz a si mesmo: “agora, na hora prevista no plano para a oração, não vou fazer; faço depois”. Quase sempre, esse “depois” não existe. É muito melhor, quando se prevê dificuldade, fazê-lo antes, ou seja, adiantar uma prática, se você prevê que não a poderá cumprir no horário previsto. São Josemaria Escrivá dizia, meio brincando e muito a sério, que os grandes inimigos da alma são: “amanhã, depois, achei que, pensei que”… Quer dizer, as desculpas, que continuam sendo falsas desculpas por mais que queiramos justificá-las. Quase sempre, o momento em que Deus nos concede mais graça é precisamente o “mau momento”, aquela hora em que nos custa cumprir o nosso compromisso de fé e amor a Deus, e, mesmo assim, nós vencemos e o cumprimos;

c) Também é um inimigo o desânimo de achar que não serve de nada cumprir fielmente o plano, ao vermos que, por mais que o cumpramos não melhoramos como pensávamos. Creio que basta outro ponto de "Caminho" para responder a isso: "Quantos anos comungando diariamente! Qualquer outro seria santo, – disseste-me, - e eu, sempre na mesma! -Meu filho, – respondi-te, - continua com a Comunhão diária e pensa: "que seria de mim se não tivesse comungado?".

Se tiver oportunidade de ler a vida de Santa Teresa de Ávila, mulher admirável, forte, dinâmica e empreendedora, que era ao mesmo tempo uma alma mística, de elevadíssima oração, verá como a santa conta que as horas de oração que lhe trouxeram mais proveito espiritual foram aquelas (muitas!), em que se sentia incapaz de pensar e de sentir na Capela, mas perseverava nos seus horários de oração, entregando-se assim humildemente nas Mãos de Deus.

Mais um pouco sobre a inquisição.

Neste capítulo, nos concentramos nas gigantescas atrocidades cometidas por grupos e governos ateístas. No último século, os regimes ateístas mais poderosos, – a Rússia e a China comunista e a Alemanha nazista, – fizeram vítimas em números astronômicos. Stalin foi responsável por cerca de vinte milhões de mortes, provocadas por meio de genocídios, campos de trabalho forçado, julgamentos-espetáculos seguidos de pelotões de fuzilamento, deslocamento de população, fome e assim por diante.
O recente estudo de Jung Chang e Jon Halliday, publicado no livro "Mao: a História Desconhecida" (Companhia das Letras, 2013), atribui ao regime de Mao Tsé-Tung um número espantoso de setenta milhões de mortes(!). Um detalhe que faz muita diferença é que as matanças provocadas por Stalin e Mao, ao contrário daquelas causadas pelos expedicionários das Cruzadas ou pelos envolvidos na Guerra dos Trinta Anos, aconteceram em tempos de paz e foram contra seus próprios compatriotas. No cômputo geral, o regime arreligioso de Hitler surge em um distante terceiro lugar, com cerca de dez milhões de assassinatos.
Tudo isso sem contar os assassinatos e massacres ordenados por outros ditadores soviéticos como Lenin, Khrushchev e Brezhnev, ou uma outra grande lista de tiranias ateias como as de Pol Pot, Enver Hoxha, Nicolae Ceausescu, Fidel Castro, Kim Jing-il, todos déspostas assassinos e sanguinários.

Consideremos Pol Pot, líder do Khmer Vermelho, facção do Partido Comunista que governou o Camboja de 1975 a 1979. Dentro desse período de quatro anos, Pol Pot e seus ideólogos revolucionários lideraram matanças e deslocamentos sistemáticos da população que eliminaram aproximadamente um quinto da população cambojana, um número estimado entre 1,5 e 2 milhões de pessoas inocentes. Em termos de porcentagem, Pol Pot matou mais compatriotas que Stalin e Mao. Mesmo assim, ainda que nos concentrássemos apenas em Stalin, Hitler e Mao, teríamos que reconhecer que os regimes ateístas assassinaram, em um único século, mais de cem milhões de pessoas!
Os crimes de algum modo inspirados pela religião simplesmente não podem competir com os assassinatos cometidos por regimes ateístas. Mesmo levando em conta os maiores níveis populacionais, a violência ateísta supera a violência religiosa em termos proporcionais simplesmente indiscutíveis.
Das causas e métodos da Inquisição da Igreja Católica: a Inquisição real e não a dos filmes
A Inquisição da Igreja Católica foi estabelecida na França, pelo Papa Gregório IX em 1231, para combater a heresia cátara, uma seita cuja doutrina contrariava todos os princípios que os Evangelhos e a Igreja defenderam desde o início do cristianismo. Foi uma das maiores ameças à fé cristã de todos os tempos. Os cátaros eram contra a procriação e o Matrimônio. Consideravam malditas as grávidas, defendiam o suicídio por inanição, pregavam a renúncia radical aos prazeres, negando a Igreja e o culto religioso. Viam o corpo como intrinsecamente mau (uma manifestação do mal), e ensinavam a salvação através de um ciclo de reencarnações, e não por Jesus Cristo4.
Os cátaros ensinavam que nossos corpos e o mundo material tinham sido criados por um deus mal, e que o homem não devia se reproduzir. Segundo autores, chegavam a sacrificar mulheres grávidas com punhaladas no ventre. Para o catarismo, dois princípios eternos dividiam o Universo: um bom, criador do mundo dos espíritos, e um mau, criador do mundo terreno6. Como todas as heresias, o catarismo afirmava que a sua doutrina era o “verdadeiro cristianismo”, usando alguns termos e conceitos cristãos, mas distorcendo seus significados e renegando os dogmas. Viam a Cristo como um “anjo caído” e negavam a Ressurreição do Senhor, rejeitando todos os Sacramentos. O aborto e o suicídio eram alguns dos seus princípios básicos4.
O catarismo se expandiu muito: dominaram o Languedoc, a Provença, influenciaram o nordeste da Espanha, a Lombardia, a Itália, a atual Yugoslávia e os Bálcãs. Passaram a ameaçar o domínio da Igreja na Europa, e o problema cresceu. Combatidos pelo Estado, os cátaros se ocultaram, mas continuaram difundindo suas ideias e práticas7. Assim, a Inquisição surgiu para garantir a sobrevivência da Igreja na luta contra essa e outras heresias. Vejamos algumas de suas características:
• Sobre a tortura, que era imposta pelo Estado, e não pela Igreja - a Inquisição foi a primeira instituição jurídica no mundo a declarar que as confissões sob tortura não seriam válidas para a condenação de alguém. A Inquisição exigiu que a tortura fosse limitada, e que deveria ser usada apenas para a obtenção de informações, e não como instrumento de punição. Que não poderia violar a integridade física da pessoa; que deveria ser limitada a no máximo meia hora, que deveria ser assistida por um médico e que jamais poderia se repetir4.
• O recurso da tortura, que era usado sempre nos tribunais laicos, não era constante na Inquisição, que recorreu muito raramente a esse procedimento: ao todo, menos de 10% dos processos usaram tal método8. A Inquisição impôs uma regra que proibia aos eclesiásticos derramar qualquer gota de sangue dos réus, e confissões obtidas sob tortura perderam a validade. No fim, o tribunal religioso condenou pouco8.
Notemos como a verdade histórica é diferente daquela que vemos nos filmes de Hollywood (EUA = protestantismo). Os fatos surpreendem os leigos, acostumados a ouvir grandes e absurdos exageros. O fato é que a Inquisição também tinha por finalidade controlar os excessos de violência cometidos pelo Estado, e este é um fato tão certo que muitos presos, julgados pelos tribunais do Estado, passavam a blasfemar contra Deus e contra a Igreja, na esperança de serem transferidos para os tribunais da Inquisição5!
Sobre a Inquisição espanhola, a mais comentada e polêmica, é preciso saber que ela foi principalmente uma instituição civil, não controlada pela Igreja, e que a própria Igreja censurou e tomou medidas contra ela7. Também é fundamental saber que quase tudo o que se divulgou a respeito da Inquisição espanhola é fruto das calúnias difundidas pelo ex-padre Juan Antonio Llorente, um apóstata que produziu documentos sobre a Inquisição na Espanha com o interesse de ajudar a França de Napoleão a dominar aquele país. Llorente queimou todos os documentos que usou, para que não se descobrissem falsificações7.
Além de tudo, os métodos aplicados pela Inquisição eram mais humanos que os da autoridade civil da época: um notário transcrevia o processo, os acusados não ficavam presos durante o inquérito, podiam recusar um juiz e apelar para Roma contra alguma decisão do tribunal6.
• Fato: as ações repressoras da Inquisição foram bem menos implacáveis que as civis. Por quê, então, se mantém uma imagem tão terrível do Santo Ofício? Por vários motivos, mas foi sobretudo o fanatismo do inquisidor espanhol Tomás de Torquemada (século XV), que ficou gravado na memória popular. Daí veio o protestantismo, no século XVI, o antipapismo anglicano, o iluminismo e o anticlericalismo dos séculos XIX e XX... Um conjunto de eventos e adversários da Igreja que pintaram um quadro pavoroso da Inquisição, que, mesmo sendo falso, ainda repousa na mentalidade do nosso tempo.

Poucas pessoas conhecem esses detalhes importantíssimos a respeito da História, mas muitos se acham qualificados para criticar a Igreja, imaginando que sabem tudo o que é preciso saber para formar e expressar opinião.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

A Igreja e a sociedade.

Por Dom Henrique.
 
Há cristãos, realmente bem intencionados, que se preocupam grandemente que a Igreja seja significativa para a sociedade. Uma Igreja que seja ouvida, respeitada, querida... Uma Igreja com a qual a sociedade como um todo se identifique...

Mas, tal visão é ilusória e perigosa. Esconde mesmo uma tremenda armadilha...
 
O compromisso radical da Igreja não é com a sociedade, mas com Cristo Senhor e a Sua missão de anunciar e plantar nos corações o Reino do Pai, que Ele inaugurou com Sua santa Encarnação e Páscoa e deu como penhor aos Seus discípulos no dom do Santo Espírito. A Igreja existe para ser portadora do Reino, fazendo com que o Cristo de Deus reine nos corações e, através dos corações, o quanto possível, nas estruturas do mundo. Mas, a Igreja sabe que esse Reino realmente presente nos sacramentos instituídos pelo Senhor e nos corações que os celebram e os recebem com verdadeira piedade, jamais será pleno neste mundo.
 
Assim, a Igreja deve insistir, teimar, persistir com doce esperança na potência salvífica do Espírito do Senhor, anunciando e realizando a salvação que se encontra no Reinado de Deus. Mas, o critério não é agradar à sociedade, não é procurar ser significativa, aplaudida, bem compreendida! Este não pode ser nunca o critério da Igreja, pois nunca foi o critério do Senhor!

Os olhos da Mãe católica e de cada filho seu devem estar fixos em Jesus, o Autor da nossa Salvação. Somente assim a Esposa de Cristo poderá realmente ser testemunha e instrumento Dele no mundo. Aí sim, a Igreja será realmente significativa, da significatividade que realmente importa: será tiquinho de sal que dá sabor de Cristo ao mundo insosso, será pequena luz que iluminará as trevas das mentes e dos corações...

Será ela aceita, deste modo? O mundo vai compreendê-la? Terá os aplausos da sociedade? Que importa isto? Se a Mãe católica mendigar tais coisas terminará por prostituir-se! Basta-lhe - deve bastar-lhe! - tão somente o amor e a graça do seu Salvador e Esposo! Tendo isto, nada mais lhe faltará e tudo o mais será acréscimo...

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Ser gay x lobby gay.

Por Rodrigo Constantino (economista, não e cristão mas ,sua colocação e correta)

Em artigo hoje na Folha, Frei Betto discorda do Papa Francisco quanto aos gays:

"Se uma pessoa é gay, procura Deus e tem boa vontade, quem sou eu, por caridade, para julgá-la? O catecismo da Igreja Católica explica isso muito bem. Diz que eles não devem ser discriminados, mas integrados à sociedade. O problema não é ter essa tendência. Não! Devemos ser como irmãos. O problema é fazer lobby."

São palavras do papa Francisco ao deixar o Brasil, no voo entre Rio e Roma. A mensagem é esperançosa, mas, ao contrário do que o papa diz, o problema no Brasil é o lobby antigay, liderado pelo deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara.

 
Ou seja, para o Papa, o problema não são os gays, mas o lobby do movimento gay, que são coisas bem diferentes. Já Frei Betto pensa que o problema está em Feliciano e no lobby antigay. Dou razão ao Papa nessa divergência, ainda que a postura de Feliciano seja realmente condenável.

O movimento gay tem cores autoritárias, intolerantes, e não se contenta em lutar por direitos individuais; quer enfiar goela abaixo dos demais sua visão de mundo, quase que obrigando todos a acharem a coisa mais linda do mundo um homem beijando outro homem. 
 
Além disso, há um claro ataque do movimento aos valores familiares tradicionais. Alguns querem inclusive retirar o nome de pai e mãe de documentos para não "ofender" filhos de casal gay. Absurdo dos absurdos.
Em outras palavras, o movimento gay, coletivista, não enxerga indivíduos, mas apenas uma categoria monolítica, como todo movimento coletivista. E apela para a vitimização para conquistar privilégios e para impor uma agenda cultural perigosa. Tudo em nome da "tolerância" e da "diversidade", sem tolerar diversidade alguma na prática.
Frei Betto tenta dar uma aula sobre fobias em seu texto depois. Ele diz:
Terapia é própria para obsessivos, como é o caso de quem odeia constatar que homossexual é uma pessoa feliz. Isto sim é doença: a homofobia, aliás, como toda fobia. E há inúmeras: desde a eleuterofobia, o medo da liberdade que, com certeza, caracteriza os fundamentalistas, até a malaxofobia, o medo de amar sobretudo quem de nós difere.

Em primeiro lugar, cabe perguntar: por acaso todo gay é feliz? Eis um comentário estranho do autor, que usa o significado do termo "gay" para concluir algo sem sentido. Podemos ter gays felizes e bem resolvidos com sua situação, e podemos ter gays infelizes e profundamente angustiados com sua condição. Devemos olhar indivíduos, insisto.
Sobre fobia, cabe perguntar: estamos falando, realmente, de medo? Quem tem medo de gay? Alguém por acaso olha um homossexual e sai correndo em pânico? De que? Parece claro que o termo é inadequado na largada. O que muitos sentem é certo desconforto, ou em alguns casos até mesmo repulsa natural, ao ver um homem beijando outro homem. Podemos debater se isso é fruto de preconceito, de herança social, ou do que for, mas não devemos chamar de medo uma reação de aversão. 
Curiosamente, Frei Betto fala de medo da liberdade (eleuterofobia). Ora, sabemos que Frei Betto é defensor do regime cubano até hoje, que, aliás, sempre perseguiu duramente os homossexuais (Che Guevara queria, esse sim, curar na marra os gays, ao contrário do pastor Feliciano). Alguém que aplaude a mais longa e sanguinária ditadura do continente deveria tomar mais cuidado ao falar em medo da liberdade. Na verdade, Frei Betto odeia a liberdade - dos outros. Por isso defende Fidel Castro.
 
Sobre o medo de amar quem de nós difere (malaxofobia), cabe perguntar ao Frei Betto o que ele sente pelos capitalistas, pelos empresários que querem lucrar, pelos conservadores, pelos liberais, e sim, por reacionários religiosos como Marco Feliciano. Ele "ama" todos estes? Porque não foi isso que ficou parecendo no começo do artigo. Duplo padrão, a marca registrada da esquerda.
 
Enfim, o texto de Frei Betto é mais um sinal de que é preciso redobrar o cuidado com esse movimento gay. Quando temos Frei Betto e Jean Wyllys, do PSOL, de mãos dadas entoando a defesa de uma causa, é melhor ficar de olho bem aberto. É quase certo que tomar o partido contrário irá te colocar no rumo certo. Sim, eu confesso que sofro de certa "freibettofobia". É que eu vi o que aconteceu em Cuba. E disso sim, eu morro de medo!

É o coração versus a Bíblia.

Escrito por Dennis Prager | 30 Janeiro 2014             
                           

Esta exaltação do próprio coração vai bem além da autoconfiança – é a autodeificação.

Recentemente, entrevistei uma estudante sueca de 26 anos a respeito de suas ideias sobre a vida. Perguntei se ela acreditava em Deus ou em alguma religião.
 
"Não, isso é tolice," ela respondeu.
 
"Então como você sabe o que é certo e o que é errado?" perguntei.
 
"Meu coração me diz," ela replicou.
 
Em poucas palavras, essa é a principal razão para a grande divergência que há na América, e também entre a América e boa parte da Europa. A maioria das pessoas usa o seu coração –incitado por seus olhos— para determinar o que é certo e o que é errado. Uma minoria usa sua mente e/ou a Bíblia para fazer essa determinação.
 
Escolha quase qualquer assunto e estas duas maneiras opostas de determinar certo e errado se tornam evidentes .
 
Aqui vão três exemplos:
 
Casamento entre pessoas do mesmo sexo: o coração favorece essa ideia. É preciso ter um coração endurecido para não ser comovido quando se veem muitos adoráveis casais do mesmo sexo que querem comprometer suas vidas mutuamente em casamento. O olho vê os casais; o coração se comove para redefinir o casamento.
 
Direitos dos animais: o coração os favorece. É difícil encontrar uma pessoa, por exemplo, cujo coração não se comova ao ver um animal sendo usado para pesquisas médicas. O olho vê o animal fofinho; o coração então equipara a vida animal e a vida humana.
 
Aborto: Como se pode olhar para uma menina de 18 anos, que teve relações sem proteção, e não ficar comovido? Que tipo de pessoa sem coração vai lhe dizer que ela não deveria abortar e que deveria dar à luz?
 
Os olhos e o coração formam uma força extraordinariamente poderosa. Eles só podem ser superados, na formulação de políticas, por uma mente e um sistema de valores que sejam mais fortes do que a dupla coração-olho.
 
Com o declínio das religiões judaico-cristãs, o coração, moldado pelo que o olho vê (aqui está o poder da televisão), tornou-se a fonte das decisões morais das pessoas.
Este é um problema potencialmente fatal para nossa civilização. O coração pode ser muito belo, entretanto não é nem intelectualmente nem moralmente profundo.
 
Portanto, é assustador que centenas de milhares de pessoas não vejam problema algum em admitir que o seu coração é a fonte dos seus valores. Seu coração sabe mais do que milhares de anos de sabedoria acumulada; sabe mais do que religiões moldadas pelos melhores pensadores de nossa civilização (e, para o crente, moldadas por Deus); e sabe mais do que o livro que guiou nossa sociedade – dos Fundadores de nossa singularmente bem-sucedida sociedade, passando pelos militantes contra a escravidão e chegando até ao Rev. Martin Luther King Jr. e à maioria dos líderes da luta pela igualdade racial.
 
Esta exaltação do próprio coração vai bem além da autoconfiança – é a autodeificação.
Uma das primeiras coisas que se aprende no judaísmo e no cristianismo é que os olhos e o coração são geralmente terríveis guias no que diz respeito ao bom e ao santo. "... não se prostituam nem sigam as inclinações do seu coração e dos seus olhos." (Números 15:39); "O coração é mais enganoso que qualquer outra coisa..." (Jeremias 17:9).
 
Os apoiadores do casamento do mesmo sexo veem o adorável casal homossexual, e portanto não se interessam pelos efeitos das mudanças no casamento e na família sobre as crianças que não veem. E, como tem veneração pelos seus corações, o ideal bíblico de amor entre homem e mulher, casamento e família, não têm importância nenhuma para eles.
 
Os corações dos defensores dos direitos dos animais estão profundamente comovidos pelos animais que veem submetidos aos experimentos, mas não pelos milhões de pessoas que não veem que vão sofrer e morrer se pararmos com esses experimentos.

Da mesma forma, os corações das pessoas que apoiam a PETA (People for the Ethical Treatment of Animals, Pessoas pelo Tratamento Ético aos Animais) estão tão comovidas pela  condição dos frangos abatidos que a organização tem uma campanha intitulada "Holocausto no seu prato," que compara o abate de galinhas com o massacre dos Judeus pelos nazistas.
 
Por 25 anos tenho perguntado a graduandos do ensino médio em toda a América se salvariam seu cão ou uma pessoa desconhecida, caso ambos estivessem se afogando. A maioria tem quase sempre votado contra a pessoa. Por quê? Porque, dizem sem hesitar, eles amam seu cão, não o estranho. Uma geração inteira foi criada sem referência a nenhum código moral acima dos sentimentos do seu coração. Não sabem, e não se importariam se soubessem, que a Bíblia ensina que os seres humanos, não os animais, foram criados à imagem de Deus.
 
Da mesma forma, aqueles que não conseguem chamar nenhum aborto de imoral estão comovidos pelo que veem –-a mulher desolada que quer um aborto, não pelo feto humano que não veem. É por isso que os grupos pró-direitos abortivos são tão contra mostrar fotografias de fetos abortados – imagens assim podem comover o olho e o coração dos espectadores de maneira a julgar de outro modo a moralidade de muitos abortos.
É inegável que muitas pessoas usaram suas mentes e muitos usaram a Bíblia de maneiras que conduziram ao mal. E algumas dessas pessoas de fato não tinham coração. Mas nenhuma das grandes crueldades do século XX --o Gulag, Auschwitz, Camboja, Coréia do Norte, a Revolução Cultural de Mao—veio daqueles que obtiveram seus valores da Bíblia. E o maior mal deste século XXI, ainda que baseado numa religião, também não veio da Bíblia.
 
Enquanto isso, a combinação de mente, valores judaico-cristãos e coração produziu, ao longo dos séculos, o sucesso singular conhecido como América. Estribar-se no coração vai destruir esta diligente conquista em uma geração.
 
Original: It’s the heart versus the Bible - http://www.dennisprager.com/its-the-heart-versus-the-bible/
Tradução: Timóteo Kühn