sábado, 31 de agosto de 2013

O Foro São Paulo.

Fundado em 1990 por Lula e Fidel Castro — por ideia de Lula, como ele mesmo revelou em maio de 2011 [ver Vídeo 3] —, o “Foro de São Paulo é a mais vasta organização política que já existiu na América Latina e, sem dúvida, uma das maiores do mundo. Dele participam todos os governantes esquerdistas do continente. Mas não é uma organização de esquerda como outra qualquer. Ele reúne mais de uma centena de partidos legais e várias organizações criminosas ligadas ao narcotráfico e à indústria dos sequestros, como as Farc e o MIR chileno, todas empenhadas numa articulação estratégica comum e na busca de vantagens mútuas. Nunca se viu, no mundo, em escala tão gigantesca, uma convivência tão íntima, tão persistente, tão organizada e tão duradoura entre a política e o crime”, como escreveu o filósofo Olavo de Carvalho em 2007.

Por quase duas décadas, a imprensa brasileira ignorou — para não dizer escondeu — a existência do Foro de São Paulo, e quem quer que ainda fale a respeito é acusado de "teórico da conspiração", seja por "idiotas úteis" (como Lenin se referia a seus colaboradores inconscientes), seja por militantes cínicos, de modo que, se não há mesmo cura para os segundos, os primeiros ao menos, diante das provas aqui reunidas, precisarão escolher se serão tão cínicos quanto eles, ou se finalmente admitirão a própria idiotice — etapa fundamental do seu processo de cura.

PT/FARC/FORO - SEQUÊNCIA DE FATOS Em 24 de setembro de 2007, Olavo de Carvalho publicou o artigo "O perigo sou eu", no qual pede mais uma vez ao leitor — já o tinha feito em "Relendo notícias", de 2003 — a gentileza de examinar brevemente esta sequência de fatos:

"· Abril de 2001: O traficante Fernandinho-Beira Mar confessa que compra e injeta no mercado brasileiro, anualmente, duzentas toneladas de cocaína das Farc em troca de armas contrabandeadas do Líbano.

· 7 de dezembro de 2001: O Foro de São Paulo, coordenação do movimento comunista latino-americano, sob a presidência do sr. Luís Inácio Lula da Silva, lança um manifesto de apoio incondicional às Farc, no qual classifica como 'terrorismo de Estado' as ações militares do governo colombiano contra essa organização.

· 17 de outubro de 2002: O PT, através do assessor para assuntos internacionais da campanha eleitoral de Lula, Giancarlo Summa, afirma em nota oficial que o partido nada tem a ver com as Farc e que o Foro de São Paulo é apenas 'um foro de debates, e não uma estrutura de coordenação política internacional'.

· 1º de março de 2003: O governo petista estende oficialmente seu manto de proteção sobre as Farc, recusando-se a classificá-las como organização terrorista conforme solicitava o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe.

· 24 de agosto de 2003: O comandante das Farc, Raul Reyes, informa que o principal contato da narcoguerrilha no Brasil é o PT e, dentro dele, Lula, Frei Betto e Emir Sader.

· 15 de março de 2005:
Estoura o escândalo dos cinco milhões de dólares das Farc que um agente dessa organização, o falso padre Olivério Medina, afirma ter trazido para a campanha eleitoral do sr. Luís Inácio Lula da Silva. O assunto é investigado superficialmente e logo desaparece do noticiário.

 
· 2 de julho de 2005: Discursando no 15º. Aniversário do Foro de São Paulo, o sr. Luís Inácio Lula da Silva entra em contradição com a nota de 17 de outubro de 2002, confessando que o Foro é uma entidade secreta, 'construída para que pudéssemos conversar sem que parecesse e sem que as pessoas entendessem qualquer interferência política', que essa entidade interferiu ativamente no plebiscito venezuelano e que ali, em segredo, ele próprio tomou decisões de governo junto com Chávez, Fidel Castro e outros líderes esquerdistas, sem dar ciência disto ao Parlamento ou à opinião pública.

· 9 de abril de 2006: O chefe da Delegacia de Entorpecentes da PF do Rio, Vítor Santos, informa ao jornal O Dia que “dezoito traficantes da facção criminosa Comando Vermelho — entre eles pelo menos um da Favela do Jacarezinho e outro do Morro da Mangueira — vão periodicamente à fronteira do Brasil com a Colômbia para comprar cocaína diretamente com guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Os bandidos são alvo de investigação da Polícia Federal. Eles ocuparam o espaço que já foi exclusivo de Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar”.

· 12 de maio de 2006: O PCC em São Paulo lança ataques que espalham o terror entre a população. Em 27 de dezembro é a vez do Comando Vermelho fazer o mesmo no Rio de Janeiro.

· 18 de julho de 2006: O Supremo Tribunal Federal, sob a pressão de um vasto movimento político orquestrado pelo PT, concede asilo político ao falso padre Olivério Medina, agente das Farc.

· 16 de maio de 2007: O juiz Odilon de Oliveira, de Ponta-Porã, divulga provas de que as Farc atuam no território nacional treinando bandidos do PCC e do Comando Vermelho em técnicas de guerrilha urbana.
 
· 12 de fevereiro de 2007: As Farc fazem os maiores elogios ao PT por ter salvo da extinção o movimento comunista latino-americano por meio da fundação do Foro de São Paulo.

· Agosto de 2007: Nos vídeos preparatórios ao seu 3º. Congresso, o PT admite que seu objetivo é eliminar o capitalismo e implantar no Brasil um regime socialista; e fornece ainda um segundo desmentido à nota de Giancarlo Summa, ao confessar que o Foro de São Paulo é 'um espaço de articulação estratégica' (sic).

· 19 de setembro de 2007: Lula oferece o território brasileiro como sede para um encontro entre Hugo Chávez e os comandantes das Farc.

Entre esses fatos ocorreram outros inumeráveis cuja data não recordo precisamente no momento, entre os quais o fornecimento maciço de armas às Farc pelo governo Hugo Chávez, uma campanha nacional de mídia para desmoralizar o analista estratégico americano Constantine Menges que divulgava a existência de um eixo Lula-Castro-Chávez-Farc, os tiroteios entre guerrilheiros das Farc e soldados do Exército brasileiro na Amazônia, as denúncias de que as Farc davam treinamento em guerrilha urbana aos militantes do MST e, é claro, várias assembléias gerais e reuniões de grupos de trabalho do Foro de São Paulo.

A existência de uma ligação profunda, constante e solidária entre o PT e as Farc é um fato tão bem comprovado, que quem quer que insista em negá-la só pode ser parte interessada na manutenção do segredo ou então um mentecapto incurável. (...)"

Trechos do discurso de Lula, em que ele lembra de quando teve a ideia do Foro e do dia em que conheceu Fidel Castro, admite que Chávez tentou um golpe na Venezuela, e mostra como os participantes da entidade foram conquistando o poder em toda a América Latina, país por país (além, é claro, de soltar todas as suas bravatas eleitoreiras): "(...) Querido companheiro Daniel Ortega, presidente da Nicarágua, e sua companheira Rosario [Murillo]; querido companheiro [Ricardo] Alarcón [de Quesada], representando aqui o extraordinário povo cubano; querido companheiro [Nicolás] Maduro, chanceler da Venezuela, queridos companheiros latino-americanos e convidados para essa 17ª reunião do Foro de São Paulo.

Eu tenho sempre a preocupação, querido [José Manuel] Zelaya, de participar desses Foros e falar em português. [Trecho inaudível...] não entende nada do que 'yo hablo'. [Risos.] Eu tenho um tradutor que é um cubano naturalizado brasileiro. Se precisar o tradutor pode traduzir para que todo mundo entenda o que estou “hablando”. Se entende... Bom, se não entender, eu não tenho culpa.


Eu queria dizer a todos vocês que eu tô emocionado porque faz muito tempo que eu não participo de uma reunião do Foro de São Paulo. Parece que a última foi no Bar Latino em São Paulo em 2005, mas muito de passagem. E eu lembro quando tivemos a ideia de construir o Foro de São Paulo. Em 1985, eu fiz uma entrevista para um jornal brasileiro, e eu dizia que não era possível um metalúrgico chegar à presidência pelo voto e disputando democraticamente uma eleição. Quatro anos depois, eu fui à primeira disputa presidencial, fui para a segunda volta [turno], e terminei as eleições com 47% dos votos. O PT saiu muito fortalecido daquela eleição. Os partidos de esquerda que estão aqui, brasileiros — não sei se estão todos, mas o PCdoB, o PSB, não sei se estão... o PDT — que estiveram juntos comigo, todos nós saímos muito fortalecidos.


E aí então veio a ideia, conversando com os companheiros cubanos num primeiro momento, de fazermos uma reunião da esquerda latino-americana. E fizemos em São Paulo, no Hotel Danúbio que já não existe mais, em junho de 1990, a nossa primeira reunião. Havia, meu querido Maduro, tantos partidos de esquerda na América Latina e tantas divergências, que só da Argentina compareceram 13 partidos políticos, e a única coisa que unificava os argentinos eram os gols de Maradona na Copa do Mundo de 1990. [Risos. Aplausos.] Havia um processo de desconfiança muito grande entre toda a esquerda latino-americana. Nós não tínhamos ainda aprendido uma lição básica que iria permitir que a esquerda chegasse ao poder. Nós temos um brilhante educador brasileiro, que já morreu, um dos mais importantes, que muitos latino-americanos conhecem, Paulo Freire, e ele dizia: 'Juntar os diferentes para derrotar os antagônicos.'

E nós fomos aprendendo a conviver entre nós, e fomos construindo uma relação democrática difícil, complicada, muitas vezes era necessário muita paciência. Eu lembro que uma vez na reunião do Foro de São Paulo em El Salvador, nós não deixamos o Chávez participar, porque Chávez tinha tentado o golpe na Venezuela e nós não deixamos ele participar. Era muito difícil. Havia um processo de desconfiança entre nós muito grande. E de coração eu quero dizer pra vocês que uma das forças políticas que mais contribuiu para que nós chegássemos a construir o que nós construímos foram os companheiros do partido comunista cubano, que sempre tiveram paciência e experiência de nos ajudar. Não posso desmerecer o trabalho do companheiro Marco Aurélio Garcia, que hoje está no governo, não está aqui, mas que participou de quase todas as reuniões do Foro de São Paulo.


Eu fico imaginando que algumas pessoas não estão mais aqui entre nós. E eu queria saudar aqueles que não estão aqui entre nós, homenageando o companheiro Schafik [Handal], da Frente Farabundo Martí, que não está entre nós. [Aplausos.] Nós estamos um pouco mais velhos. Quando começou o Foro, eu não tinha nenhum cabelo branco. Tomaz Borges tinha todo o cabelo na cabeça. [Risos] Daniel Ortega era cabeludo. [Risos] Ou seja: nós estamos cansados, mais do que quando começamos o Foro. Mas o caminho que nós percorremos não pode perder a importância das nossas conquistas. Nós estamos falando de 21 anos. Vinte e um anos é o tempo de maturidade de um jovem ou de uma jovem. E nesses 21 anos, olhemos a fotografia da America Latina de 1990 e olhemos a fotografia da America Latina de 2011, e nós vamos perceber que um verdadeiro furacão de democracia passou pelo nosso continente. Um verdadeiro furacão.

Eu fico olhando a América do Sul. Quando cheguei à presidência em 2002, só tinha o Chávez. Mesmo assim, tinha sofrido um golpe. Depois, veio [Nestor] Kirchner. Depois de Kirchner, veio eleições no Paraguai. Depois, no Uruguai, com Tabaré [Ramón Vázquez Rosas]. Depois veio no Equador. E nós fomos fazendo uma mudança extraordinária que culminou com a eleição do companheiro Evo Morales na Bolívia. [Aplausos.] É a demonstração mais viva dessa evolução política da esquerda latino-americana. [Aplausos.]


Porque esses meninos, e eu digo meninos porque tive o prazer de participar no dia 19 de
julho de 1980 do primeiro aniversário da Frente Sandinista quando o orador principal foi Tomás Borges, o dia em que eu conheci Fidel Castro e fomos comer uma lagosta na casa não sei de quem, e eu lembro perfeitamente bem que, depois de chegar ao poder por uma revolução, no momento certo a Frente Sandinista não teve medo e convocou eleições democráticas. Perdeu. Daniel é o único ser humano do planeta que perdeu mais eleições do que eu. Eu perdi três eleições. Daniel perdeu quatro eleições. [Risos.] Quatro eleições. Entretanto, por nenhum momento, por mais acusado que esse companheiro fosse, ele deixou de acreditar que o caminho da democracia que a Frente Sandinista tinha optado era o melhor para a Nicarágua. E agora está o companheiro de volta para a presidência da República pela via do voto direto. Eu, como vocês estão percebendo, tenho muita dificuldade de fazer qualquer discurso de oposição depois de oito anos de governo.

Mas vou dizer uma coisa à nossa querida companheira [Aída 'Mocha' García Naranjo] tratada carinhosamente de 'Mocha'. Uma coisa que nós fizemos no Brasil e poderia ser feito [sic] no Peru era provar que aquele discurso de que primeiro a economia tem que crescer para depois distribuir é apenas meia verdade. Porque na maioria dos nossos países a economia cresceu e não foi distribuído. E no Brasil nós provamos que fazer ao inverso deu resultado. Primeiro distribuir pra fazer a economia crescer. [Aplausos.] Nós provamos três coisas no Brasil. Primeiro: de que é possível distribuir e essa distribuição fazer com que os pobres se transformem em cidadãos. Segundo: combinar exportação com importação. Porque no Brasil historicamente se falava que quando você exportava você diminuía o mercado interno, e quando você fortalecia o mercado interno você diminuía as exportações. No Brasil, nós crescemos o mercado externo e fortalecemos o mercado interno. Terceira derrota que nós impusemos à tese de que era preciso crescer para distribuir: diziam que não se podia aumentar o salário dos trabalhadores e nem o salário mínimo que causava inflação. Nós aumentamos o salário mínimo em 62% no meu governo, e durante oito anos 87% dos trabalhadores tiveram ganho real de salário acima da inflação. Geramos 15.300.000 empregos formais em oito anos de mandato. Desapropriamos 47 milhões de hectares de terra. Assentamos 590 mil pessoas. E dobramos o financiamento para agricultura familiar. Dobramos o [inaudível] crédito. Nós saímos de 70 milhões de trabalhadores com contas bancárias para 115 milhões de trabalhadores. Ou seja: 45 milhões de trabalhadores em 8 anos viraram cidadãos com acesso à bancalização.

E tudo isso, querida Mocha, eu conversava muito com meu amigo [Alejandro] Toledo e conversava muito com Alan García. Quantas e quantas vezes eu dizia: 'Companheiro, a coisa mais fácil, a coisa mais barata, o que custa menos pa
ra um governo é gastar dinheiro com o pobre, porque o pobre custa muito pouco para o Estado.' E quando nós criamos o Bolsa-Família, até alguns companheiros da esquerda no meu pais diziam que era política assistencialista. E as pessoas não sabem o milagre que uma mãe faz com 40, ou 50, ou 60 dólares na mão. Um rico dá de gorjeta depois de tomar um uísque. Mas uma mãe pobre, ela é capaz de levar comida para um filho para muitos dias com pouco dinheiro. E nós, no meio da crise, colocamos praticamente 52 milhões de brasileiros, ou 13 milhões de famílias, para receber uma ajuda mínima.

E essa gente se transformou em consumidor, se transformou em gerador de emprego, e se transformou em pessoas que ajudaram a economia a crescer. Um dado importante: no auge da crise de 2008, a classe C da região mais pobre do Brasil, que é o Nordeste e o Norte, consumiram mais do que a classe A e a classe B da região sul do país, numa demonstração que quando o pobre tem um pouquinho de dinheiro na mão, ele não deposita no banco pra especular. Ele vai comprar comida, ele vai comprar roupa, ele vai fazer com que a roda da economia comece a girar. É por isso que, em apenas 8 anos, nós tiramos 28 milhões de brasileiros da extrema pobreza e colocamos 36 milhões na classe média. Eu acho que poucas vezes foi possível um país sofrer um processo de evolução, de transformação econômica que nós sofremos no Brasil. (...)"
 
FORO DE SÃO PAULO ESTÁ POR TRÁS DAS MANIFESTAÇÕES NO BRASIL - JUNHO/2013

Notas de Olavo de Carvalho:

"O movimento arruaceiro foi lançado pelo Foro de São Paulo, como confessou o sr. Valter Pomar, para forçar um 'upgrade' do processo revolucionário, passando da fase 'de transição' para a de 'ruptura'. Como sempre acontece nessas ocasiões, alguns líderes da primeira fase teriam de ser sacrificados, caso não se adaptassem rapidamente ao novo ritmo das mudanças. A presidenta Dilma Rousseff e até o PT como um todo apareciam no cardápio como fortes candidatos à posição de cabeças cortadas. A "Constituinte" de Dona Dilma é apenas um recurso desesperado a que ela faz apelo para salvar o próprio pescoço, mostrando serviço ao Foro para provar que, em vez de ser passada para trás, pode tomar a dianteira do processo e tornar-se sua condutora em vez de sua vítima. Evidentemente, isso implica atenuar um pouco o sentido da 'ruptura' e esticar um pouco a fase de 'transição', criando uma etapa mista que assegure a sobrevivência, no poder, de pelo menos uma parte da primeira geração de líderes revolucionários, tradicionalmente a candidata maior ao exílio ou ao cemitério quando chega a fase da 'ruptura'. Como todo governante 'de transição', Lula e Dilma sempre viveram de arranjos e acomodações, aos quais agora o Foro de São Paulo queria dar um 'basta'. A reação 'de direita' que se viu nas ruas mostrou que a 'ruptura' era um tanto prematura demais, e isso, de certo modo, devolveu a iniciativa do processo ao governo 'de transição'. Meno male. Em todo caso, o fator agente decisivo é, agora como antes, o Foro de São Paulo. Dilma é o rabo que jamais abanará o cachorro."

 (Olavo de Carvalho)

"TODA REVOLUÇÃO COMUNISTA É FEITA PELA ESQUERDA CONTRA A ESQUER

DA. A REVOLUÇÃO É UM MONSTRO QUE SE ALIMENTA DE SI MESMO. FOI SEMPRE ASSIM, NUNCA SERÁ DE OUTRO MODO. A PRIMEIRA LEVA DE REVOLUCIONÁRIOS É SEMPRE SACRIFICADA. ISSO É UM DADO HISTÓRICO FUNDAMENTAL, MAS MUITO IGNORADO NO BRASIL."

 (Olavo de Carvalho)

"A esquerda inventa mil novas propostas, mil novas leis, mil novos programas, sabendo que uns irão adiante, outros serão barrados, mas TODOS manterão a direita ocupada em discussões sem fim enquanto o poder do Foro de São Paulo cresce de um modo ou de outro. Por exemplo, se o casamento gay é aprovado, é uma vitória. Se é rejeitado, dá ocasião a novos protestos. E assim por diante. Do mesmo modo, o Foro ganha com o sucesso do PT, que amplia os seus meios de ação, ou com o fracasso do PT, que é capitalizado como argumento em favor da 'ruptura'. Hegemonia é isso: é dominar o tabuleiro e ganhar pelos dois lados. CHEGA de discutir propostas uma a uma. O que é preciso é queimar a raiz de onde TODAS elas nascem.

(Olavo de Carvalho)

"Aviso: Não peçam meu apoio a nenhum movimento que seja 'contra a Dilma', 'contra o PT', 'contra os corruptos' ou coisa assim. Só apóio o que seja:
CONTRA O COMUNISMO
CONTRA O FORO DE SÃO PAULO
Estou muito velho para perder meu tempo com VEADAGENS CÍVICAS."

(Olavo de Carvalho)

"O negócio não é 'Não vote no PT'. É NÃO VOTE EM COMUNISTA. Em nenhum comunista, seja do PT ou de onde for, seja ostensivo ou camuflado. Coisas como PSTU e PSOL são INFINITAMENTE PIORES do que o PT.
NÃO VOTE EM COMUNISTA.
NÃO VOTE EM PUXA-SACOS DO COMUNISMO.
NÃO VOTE EM CÚMPLICES DO COMUNISMO."

(Olavo de Carvalho)

"Impeachment da Dilma para que? Para trocá-la por outro membro do Foro de São Paulo?
AUDITORIA NO FORO DE SÃO PAULO - JÁ!"

(Olavo de Carvalho)

"Em vez de lutar contra infindáveis PECs, PLs, decretos, etc., tentando matar baratas pelo método de jogar uma naftalina na cabeça de cada uma, vão direto ao ponto:

AUDITORIA NO FORO DE SÃO PAULO - JÁ!"
(Olavo de Carvalho)

"Sou a favor da manifestação contra o Foro, porém o mais urgente é persuadir o Ministério Público — ou uma CPI — a investigar as finanças dessa instituição cujos recursos, misteriosíssimos, parecem ser ilimitados.
AUDITORIA NO FORO DE SÃO PAULO - JÁ!"
 
(Olavo de Carvalho)

"Chega de discutir pontos particulares do programa comunista. É preciso acertar no coração do bicho em vez de apenas roer-lhe as unhas."

(Olavo de Carvalho)

"Também chega de discutir lindas 'propostas positivas' para um Brasil melhor enquanto a praga comunista não for extirpada. Quando uma jovem está sendo estuprada, não é hora de sonhar com um lindo casamento, filhinhos, uma casa própria etc. É hora de parar o estuprador."
 
(Olavo de Carvalho)

"Já escrevi que, na infância, eu tinha um tremendo complexo de burrice, achava que todo mundo entendia tudo e só eu era o cego perdido no tiroteio. Adotei como objetivo da minha vida entender e explicar — se possível — o que se passa. Não sou líder de merda nenhuma, não tenho ideologia definida, não tenho nenhum programa de ação a oferecer. Mas posso fornecer, aos interessados, algumas informações e análises históricas para que, no devido tempo, descubram o que fazer — e façam. Como diria o Pernalonga: That's all, folks."

 (Olavo de Carvalho)

Ver também: "Quem paga?" e "Caos e estratégia", de Olavo de Carvalho.

Nova ordem Mundial - As três elites globalistas.

 Por: OLAVO DE CARVALHO

 O texto abaixo é parte do debate entre Olavo de Carvalho e Alexandre Dugin, do blog http://debateolavodugin.blogspot.com
 
As perguntas são duas: quais são os atores em cena e qual a posição dos EUA no cenário?

Quanto à primeira pergunta: Descontado o cristianismo católico e protestante, do qual falarei mais tarde, as forças históricas que hoje disputam o poder no mundo articulam-se em três projetos de dominação global, que vou denominar provisoriamente “russo-chinês”, “ocidental” (às vezes chamado erroneamente “anglo-americano”) e “islâmico”. 

Cada um tem uma história bem documentada, mostrando suas origens remotas, as transformações que sofreu ao longo do tempo e o estado atual da sua implementação.

Os agentes que hoje os personificam são respectivamente:

1. A elite governante da Rússia e da China, especialmente os serviços secretos desses dois países.

2. A elite financeira ocidental, tal como representada especialmente no Clube Bilderberg, no Council on Foreign Relations e na Comissão Trilateral.

3. A Fraternidade Islâmica, as lideranças religiosas de vários países islâmicos e também alguns governos de países muçulmanos.

Desses três agentes, só o primeiro pode ser concebido em termos estritamente geopolíticos, já que seus planos e ações correspondem a interesses nacionais e regionais bem definidos. O segundo, que está mais avançado na consecução de seus planos de governo mundial, coloca-se explicitamente acima de quaisquer interesses nacionais, inclusive os dos países onde se originou e que lhe servem de base de operações. No terceiro, eventuais conflitos de interesses entre os governos nacionais e o objetivo maior do Califado Universal acabam sempre resolvidos em favor deste último, que embora só exista atualmente como ideal tem sua autoridade simbólica fundada em mandamentos corânicos que nenhum governo islâmico ousaria contrariar de frente.

As concepções de poder global que esses três agentes se esforçam para realizar são muito diferentes entre si porque brotam de inspirações ideológicas heterogêneas e às vezes incompatíveis.

Não se trata, portanto, de forças similares, de espécies do mesmo gênero. Não lutam pelos mesmos objetivos e, quando ocasionalmente recorrem às mesmas armas (por exemplo a guerra econômica), fazem-no em contextos estratégicos diferentes, onde o emprego dessas armas não atende necessariamente aos mesmos objetivos. 

Embora nominalmente as relações entre eles sejam de competição e disputa, às vezes até militar, existem imensas zonas de fusão e colaboração, ainda que móveis e cambiantes. Este fenômeno desorienta os observadores, produzindo toda sorte de interpretações deslocadas e fantasiosas, algumas sob a forma de “teorias da conspiração”, outras como contestações soi disant “realistas” e “científicas” dessas teorias.
Boa parte da nebulosidade do quadro mundial é produzida por um fator mais ou menos constante: cada um dos três agentes tende a interpretar nos seus próprios termos os planos e ações dos outros dois, em parte para fins de propaganda, em parte por genuína incompreensão.

As análises estratégicas de parte a parte refletem, cada uma, o viés ideológico que lhe é próprio. Ainda que tentando levar em conta a totalidade dos fatores disponíveis, o esquema russo-chinês privilegia o ponto de vista geopolítico e militar, o ocidental o ponto de vista econômico, o islâmico a disputa de religiões.
Essa diferença reflete, por sua vez, a composição sociológica das classes dominantes nas áreas geográficas respectivas: 

1) Oriunda da Nomenklatura comunista, a classe dominante russo-chinesa compõe-se essencialmente de burocratas, agentes dos serviços de inteligência e oficiais militares.

2) O predomínio dos financistas e banqueiros internacionais no establishment ocidental é demasiado conhecido para que seja necessário insistir sobre isso.

3) Nos vários países do complexo islâmico, a autoridade do governante depende substancialmente da aprovação da umma – a comunidade multitudinária dos intérpretes categorizados da religião tradicional. Embora haja ali uma grande variedade de situações internas, não é exagerado descrever como teocrática a estrutura do poder dominante. 

Assim, pela primeira vez na história do mundo, as três modalidades essenciais do poder – político-militar, econômico e religioso – se encontram personificadas em blocos supranacionais distintos, cada qual com seus planos de dominação mundial e seus modos de ação peculiares. Isso não quer dizer que cada um deles não atue em todos os fronts, mas apenas que suas respectivas visões históricas e estratégicas são delimitadas, em última instância, pela modalidade de poder que representam. Não é exagero dizer que o mundo de hoje é objeto de uma disputa entre militares, banqueiros e pregadores. 

Embora nas discussões correntes esses três blocos sejam quase que invariavelmente designados pelos nomes de nações, Estados e governos, descrever a relação entre eles em termos de uma disputa entre nações ou interesses nacionais é um hábito residual da antiga geopolítica que não ajuda em nada a compreender a situação de hoje.

Só no caso russo-chinês o projeto globalista corresponde simetricamente aos interesses nacionais e os agentes principais são os respectivos Estados e governos. Isso acontece pela simples razão de que o regime comunista, vigorando ali por décadas, dissolveu ou eliminou todos os demais agentes possíveis. A elite globalista da Rússia e da China é os governos desses dois países. 

Já a elite globalista do Ocidente não representa nenhum interesse nacional e não se identifica com nenhum Estado ou governo em particular, embora domine muitos deles. Ao contrário: quando seus interesses colidem com os das suas nações de origem (e isso acontece necessariamente), ela não hesita em voltar-se contra a própria pátria, subjugá-la e, se preciso, destruí-la.

Os globalistas islâmicos atendem, em princípio, a interesses gerais de todos os Estados muçulmanos, unidos no grande projeto do Califado Universal. Divergências produzidas por choques de interesses nacionais (como por exemplo entre o Irã e a Arábia Saudita) não têm sido suficientes para abrir feridas insanáveis na unidade do projeto islâmico de longo prazo. A Fraternidade Islâmica, condutora maior do processo, é uma organização transnacional: ela governa alguns países, em outros está na oposição, mas sua influência é onipresente no mundo islâmico.

A heterogeneidade e assimetria dos três blocos reflete-se na imagem que fazem uns dos outros, tal como transparece nos seus discursos de propaganda – um sistema de erros do qual se depreende a forte sugestão de que os destinos do mundo estão nas mãos de loucos delirantes:

1. A perspectiva russo-chinesa (hoje ampliada sob a forma do eurasismo, que será um dos tópicos deste debate) descreve o bloco ocidental como (a) uma expansão mundial do poder nacional americano; (b) a expressão materializada da ideologia liberal da “sociedade aberta” tal como propugnada eminentemente por Sir Karl Popper; (c) a encarnação viva da mentalidade materialista, cientificista e racionalista do Iluminismo e, portanto, a inimiga por excelência de toda espiritualidade tradicional. 

2. O globalismo ocidental declara não ter outros inimigos senão “o terrorismo”, que ele não identifica de maneira alguma com o bloco islâmico, mas descreve como resíduo de crenças bárbaras em vias de extinção, e “o fundamentalismo”, noção em que se misturam indistintamente os porta-vozes ideológicos do terrorismo islâmico e a “direita cristã”, como se esta fosse aliada daquele e não uma de suas principais vítimas (de modo que o medo do terrorismo islâmico é usado como pretexto para justificar o boicote oficial à religião cristã na Europa e nos EUA!). A Rússia e a China não são apresentadas jamais como possíveis agressoras, mas como aliadas do Ocidente, a China na pior das hipóteses como concorrente comercial. Em suma: a ideologia do globalismo ocidental fala como se já personificasse um consenso universal estabelecido, só hostilizado por grupos marginais e religiosos um tanto insanos.

3. O bloco islâmico descreve o seu inimigo ocidental em termos que só revelam sua disposição de odiá-lo per fas et per nefas, já que ora o apresenta como herdeiro dos antigos cruzados, ora como personificação do materialismo e do hedonismo modernos. A generosa colaboração da Rússia e da China com os grupos terroristas é decerto a razão pela qual esses dois países são como que inexistentes no discurso ideológico islâmico. Contornam-se com isso incompatibilidades teóricas insanáveis. Alguns teóricos do Califado alegam que o socialismo, uma vez vitorioso no mundo, precisará de uma alma, e o Islam lhe dará uma.
Na mesma medida em que cultiva uma imagem falsa de seus concorrentes, cada um dos blocos projeta também uma imagem falsa de si mesmo. Deixando de lado, por enquanto, as fantasias projetivas islâmicas e ocidentais, vejamos as russo-chinesas.

O bloco russo-chinês apresenta-se como aliado dos EUA na “luta contra o terrorismo”, ao mesmo tempo que fornece armas e toda sorte de ajuda a praticamente todas as organizações terroristas do mundo e aos regimes anti-americanos do Irã, da Venezuela, etc., e espalha, até por meio de altos funcionários, a lenda de que o atentado ao World Trade Center foi obra do governo americano.
A Rússia queixa-se de ter sido “corrompida” pelas reformas liberais de Boris Yeltsin, de inspiração americana, como se antes delas vivesse num templo de pureza e não na podridão sem fim do regime comunista. O governo soviético, convém lembrar, viveu essencialmente do roubo e da extorsão por sessenta anos, sem jamais ter de prestar contas, e corrompeu a população mediante o hábito institucionalizado das propinas, das trocas de favores, do tráfico de influência, sem os quais a máquina estatal simplesmente não funcionava.[2] Quando seus bens foram rateados após a dissolução oficial do regime, os beneficiados foram os próprios membros da nomenklatura, que se transformaram em bilionários da noite para o dia, sem cortar os laços que os uniam ao velho aparato estatal, especialmente à KGB (“não existe isso de ex-KGB”, confessou Vladimir Putin).

Imaginem o que teria acontecido na Alemanha após a II Guerra se os vencedores, em vez de perseguir e castigar os próceres do antigo regime, os tivessem premiado com o acesso aos bens do Estado nazista. Foi exatamente o que aconteceu na Rússia: tão logo dissolvida oficialmente a URSS, seus agentes de influência na Europa e nos EUA se mobilizaram numa bem sucedida operação para bloquear toda investigação dos crimes soviéticos.[3] Ninguém foi punido pelo assassinato de pelo menos dezenas de milhões de civis e pela criação da mais eficiente máquina de terror estatal que a humanidade já conheceu. Ao contrário: o caos e a corrupção que se seguiram ao desmantelamento do Estado soviético não foram causados pelo novo sistema de livre empresa, mas pelo fato de que os primeiros a beneficiar-se dele foram os senhores do antigo regime, uma horda de ladrões e assassinos como jamais se viu em qualquer país civilizado. 

Mais ainda. Ao choramingar que foi corrompida pelo capitalismo americano, a Rússia esquece que foi ela que o corrompeu. Desde a década de 30, o governo Stálin, consciente de que a força da América residia “no seu patriotismo, na sua consciência ética e na sua religião” (sic), desencadeou uma gigantesca operação destinada, nas palavras do seu executor principal, Willi Münzenberg, a “corromper o Ocidente de tal modo que ele vai acabar fedendo”. Compra de consciências, envolvimento de altos funcionários em espionagem e negócios escusos, intensas campanhas de propaganda para debilitar as crenças morais da população e infiltração generalizada no sistema educacional acabaram por dar resultados sobretudo a partir da década de 60, modificando radicalmente a sociedade americana ao ponto de torná-la irreconhecível. 

Foi também a ação soviética que deu dimensões planetárias ao tráfico de drogas, desde os anos 50. A história está bem documentada em Red Cocaine: The Drugging of America and the West, de Joseph D. Douglass. Quando a Rússia choraminga que após a queda do comunismo foi invadida pela cultura das drogas, ela colhe apenas o que semeou. 

Nada dessa vasta ação corruptora é coisa do passado. Hoje em dia há mais agentes russos nos EUA do que no tempo da Guerra Fria. [4]

A China, bem alimentada por investimentos americanos, dá provas de que a aparente liberalização da sua economia foi apenas uma fachada para a manutenção do regime totalitário, cada vez mais sólido e aparentemente indestrutível. 

Quanto à posição dos EUA no quadro mundial, vejamos primeiro como o prof. Duguin a descreve, e depois como ela é na realidade.

Segundo a doutrina eurasiana, os EUA definem-se como a encarnação por excelência do globalismo liberal.[5] O liberalismo tal como o prof. Duguin o enxerga no rosto da América é, em essência, o da “sociedade aberta” propugnada por Sir Karl Popper. 

Eis como o prof. Duguin resume a idéia liberal:

“Para compreender a coerência filosófica da ideologia nacional-bolchevique… é absolutamente necessário ler o livro fundamental de Karl Popper, A Sociedade Aberta e Seus Inimigos
“Popper desenvolveu uma tipologia fundamental para o nosso assunto. Segundo ele, a história da humanidade e a história das idéias se dividem em duas metades (desiguais, aliás). De um lado, há os partidários da ‘sociedade aberta’, que representa a seu ver a forma de existência normal dos indivíduos racionais (assim são para ele todos os homens) que baseiam sua conduta no cálculo e na vontade pessoal supostamente livre. O conjunto de tais indivíduos deve logicamente formar a ‘sociedade aberta’, essencialmente ‘não totalitária’, dado que nela falta qualquer idéia unificadora ou sistema de valores de caráter coletivista, supra-individual ou não-individual. A ‘sociedade aberta’ é aberta precisamente pela razão de que ela ignora todas as ‘teleologias’, todos os ‘absolutos’, todas as diferenças tipológicas estabelecidas, portanto ignora todos os limites que emanam do domínio não-individual e não-racional (supra-racional, a-racional ou irracional, este ultimo termo sendo mais freqüente em Popper).
“Do outro lado há o campo ideológico dos ‘inimigos da sociedade aberta’, onde Popper inclui Heráclito, Platão, Aristóteles, os escolásticos, assim como a filosofia alemã de Schlegel, de Fichte e sobretudo de Hegel e Marx. Karl Popper… mostra a unidade essencial de suas abordagens e discerne a estrutura da sua Weltanschauung comum, cujos traços característicos são a negação do valor intrínseco do indivíduo, donde decorre o desprezo pelo racionalismo autônomo, e a tendência à submissão do indivíduo e de sua razão aos valores ‘não-individuais e não-racionais’, o que desemboca sempre e fatalmente, segundo Popper, na apologia da ditadura e do totalitarismo politicos. (…)
“Os nacional-bolcheviques… aceitam absolutamente e sem reservas a visão dualista de Popper e estão totalmente de acordo com a sua classificação. Mas, em contrapartida, consideram-se eles próprios os inimigos convictos da ‘sociedade aberta’… Eles rejeitam de uma maneira absoluta a ‘sociedade aberta’ e seus fundamentos filosóficos, isto é, o primado do indivíduo, o valor do pensamento racional, o liberalismo progressivo social, a democracia igualitarista numérica atômica, a crítica livre, a Weltanschauung cartesiana-kantiana…” [6]
Agora, o globalismo:

“Hoje em dia, é evidente que o Estado Mundial concebido como um Mercado Mundial não é uma perspectiva longínqua ou quimérica, porque aquela doutrina liberal [de Karl Popper] vem se tornando pouco a pouco a idéia governante da nossa civilização. E isso pressupõe a destruição final das nações enquanto vestígios da época passada, enquanto ultimo obstáculo à expansão irresistível do mundialismo… A doutrina mundialista é a expressão perfeita e acabada do modelo da ‘sociedade aberta’.” [7]
Globalismo liberal é, portanto, o projeto em curso que visa a implantar em todo o mundo o modelo da “sociedade aberta” popperiana, destruindo no caminho, necessariamente, as soberanias nacionais e todo princípio metafísico ou moral que se pretenda superior à racionalidade individual. É o fim das nações e de toda espiritualidade tradicional, as primeiras substituídas por uma administração mundial científico-tecnocrática, a segunda pela mescla de cientificismo, materialismo e subjetivismo relativista que inspira as elites globalistas do Ocidente.

Sendo os EUA o principal foco irradiador desse projeto, e a Rússia o principal foco de resistência (por motivos que veremos mais tarde), o choque é inevitável:

“The main thesis of the neo-Eurasianism is that the struggle between Russia and the United States is inevitable, since the United States is the engine of globalization seeking to destroy Russia, the fortress of spirituality and tradition.” [8]
Fiz questão de reproduzir com certo detalhe a opinião do meu oponente porque, embora não a considere falsa no que diz respeito à mentalidade das elites globalistas, realmente inspiradas em ideais popperianos, posso provar sem grande margem de erro que:

1) A descrição não se aplica de maneira alguma aos EUA, nação onde o popperianismo é um enxerto recente, sem raízes locais e totalmente hostil às tradições americanas.

2) Os EUA não são o centro de comando do projeto globalista, mas, ao contrário, sua vítima prioritária, marcada para morrer.

3) A elite globalista não é inimiga da Rússia, da China ou dos países islâmicos virtualmente associados ao projeto eurasiano, mas, ao contrário, sua colaboradora e cúmplice no empenho de destruir a soberania, o poderio politico-militar e a economia dos EUA.

4) Longe de favorecer o capitalismo de livre-empresa, o projeto globalista tem dado mão forte a políticas estatistas e controladoras por toda parte, não diferindo, nisso, do intervencionismo propugnado pelos eurasianos. O globalismo só é “liberal” no sentido local que o termo tem nos EUA como sinônimo de “esquerdista”. O projeto globalista é herdeiro direto e continuador do socialismo fabiano, tradicional aliado dos comunistas. A própria ideologia popperiana não é liberal-capitalista, no sentido do liberalismo clássico, mas, antes de tudo “uma abordagem experimental da engenharia social”. [9]

5) O eurasismo se volta contra a “sociedade aberta” popperiana enquanto modelo ideológico abstrato, mas como ao mesmo tempo o eurasismo por seu lado não é só um modelo ideológico abstrato e sim uma estratégia geopolítica, é claro que ele atira na ideologia popperiana para acertar, por trás dela, um poder nacional determinado, o dos EUA, que nada têm a ver com a ideologia popperiana e dela só pode esperar o mal. Pior: o nacionalismo americano é a uma poderosa resistência cristã às ambições globalistas que vêm tentando se apossar do país para destruí-lo como potência autonoma e usá-lo como instrumento de seus próprios planos essencialmente antinacionais. A destruição do poder americano removerá do caminho o ultimo obstáculo ponderável à instauração do governo mundial. Aí só restará a partilha dos despojos entre os três esquemas globalistas: ocidental, russo-chinês e islâmico. 

6) A Rússia não é de maneira alguma a “fortaleza da espiritualidade e da tradição”, incumbida por mandato celeste de castigar, na pele dos EUA, os pecados do Ocidente materialista e imoral. É, hoje como no tempo de Stalin, um antro de corrupção e maldade como jamais se viu, empenhado, como anunciou a profecia de Fátima, em espalhar os seus erros pelo mundo. Observe-se que essa profecia nunca se referiu ao comunismo em especial, mas aos “erros da Rússia” de modo genérico, e anunciou que a disseminação desses erros, com todo o cortejo de desgraças e sofrimentos que acarretava, só cessaria caso o Papa e todos os bispos católicos do mundo realizassem o rito de consagração da Rússia. Como esse rito jamais foi realizado, não existe a menor razão para não enxergar no projeto eurasiano uma segunda onda e um upgrade dos “erros da Rússia”, o anúncio de uma catástrofe de proporções incalculáveis.

7) Se hoje a Rússia, pela boca do prof. Duguin, se apresenta ao mundo como portadora da grande mensagem espiritual salvadora, é preciso lembrar que ela já o fez duas vezes:

(a) No século XIX todos os pensadores da linha eslavófila, como Dostoievski, Soloviev e Leontiev, enxergavam o Ocidente como a fonte de todos os males, e anunciavam que no século seguinte a Rússia iria ensinar ao mundo “o verdadeiro cristianismo”. O que se viu foi que toda essa arrogância espiritual foi impotente para deter o avanço do materialismo comunista na própria Rússia. 

(b) O comunismo russo prometeu trazer ao mundo uma era de paz, prosperidade e liberdade acima dos mais belos sonhos das gerações passadas. Tudo o que conseguiu fazer foi criar um inferno totalitário que nem Átila ou Gengis-Khan poderiam ter vislumbrado em pesadelo.

Seria ótimo se cada país aprendesse a curar seus próprios males antes de se fazer de salvador da humanidade. A Rússia de Alexandre Duguin parece ter tirado de seus crimes e fracassos a lição oposta.

A industria do aborto e o controle populacional.

Por trás do projeto para implantar o aborto estão basicamente dois interesses:
 
A Política Internacional de Controle de População, uma nova forma de colonialismo que os países do norte (países ricos, desenvolvidos )– querem impor aos países do sul (países sem desenvolvimento);
 
E o interesse financeiro na lucrativa Indústria do Aborto.
 
Existe de fato um esquema armado, bem estruturado com projetos e metas que envolvem Milhões de dólares visando o controle populacional; Estes projetos comportam organizações com representações em diversos países, inclusive no Brasil com o nome de “BEMFAM”, “Católicas Pelo Direito de Decidir”, “CEPIA”, entre outras.
 
Na cabeça da campanha está o Conselho Populacional da Organização da Nações Unidas (ONU) e uma série de instituições que apoiam e promovem as ações de grupos militantes disfarçados de ONGs. Assim como também é sistematicamente planejada e armada a conquista da lucrativa indústria do aborto.
 
 de diversas instituições, a maioria internacionais são elas:
 
  • Fundação Ford
  • Fundação Rockefeller
  • Fundação MacArthur
  • ONU (Unicef, FNUAP e Unifem)
  • O Programa de DST/AIDS do Ministério da Saúde
  • SPM (Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres)
  • Global Fund for Women
  • OAK Fundation
  •  
 Para conquistarem seus objetivos, eles investem nas seguintes estratégias:
 
  • Legalização do Aborto
  • Esterilização
  • União homossexual
  • Contracepção
  • Cultura de poucos filhos
  • Educação Sexual Hedonista ( Busca por prazer ) 
Enfim, tudo que não gera filhos.
 
No Brasil a taxa de 6 filhos por mulher caiu para menos de 2, da década de 60 até 2006, ou seja, taxa incapaz de repor a própria população existente (“Indicadores Sociodemográficos e de Saúde no Brasil – 2009″. IBGE )
Todo esse projeto que visa o Aborto legalizado, passou a ser conhecido à fundo após o documento do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, até então CONFIDENCIAL, ter sido rejeitado pela Casa Branca em 1989;
 
O Documento foi chamado de Relatório Kissinger e foi a grande cartada na tentativa de implantar, de uma vez por todas, a ideologia da eugenia nazista(sem aspas) em nome do Controle Demográfico visando os interesses dos países ricos.
 
Este relatório veio à luz porque foi rejeitado pela Casa Branca, mas ganhou força após investimentos privados e se estruturou tornando-se assim uma grande máfia.
 
O documento, conhecido como Relatório Kissinger foi apresentado para o Governo Americano com o nome de “Implicações de crescimento da população mundial para a segurança e os interesses externos dos Estados Unidos”.
 
Esse Relatório, assinado pelo então Secretário de Estado Henry Kissinger, foi encaminhado para todas as embaixadas dos Estados Unidos, como instrumento de trabalho para que agentes pudessem pressionar os governos.
 
No Relatório Kissinger encontramos:
 
A condição e a utilização das mulheres nas sociedades dos países subdesenvolvidos são particularmente importantes na redução do tamanho da família… As pesquisas mostram que a redução da fertilidade está relacionada com o trabalho fora do lar(NSSM 200, Pag.151)
Ter como prioridade educar e ensinar sistematicamente a próxima geração a desejar famílias menos numerosas (idem pag.111)
A grande necessidade é convencer a população que é para seu benefício individual e nacional ter em média, só 3 ou então dois filhos” (idem pag.158)
…devemos mostrar nossa ênfase no direito de cada pessoa e casal determinar livremente e de maneira responsável o número e o espaçamento de seus filhos e no direito a terem informações, educação e os meios para realizar isso, e mostrar que nós estamos sempre interessados em melhorar o bem-estar de todos (idem pag.22, §34)
Há também o perigo de que alguns líderes dos países menos desenvolvidos vejam as pressões dos países desenvolvidos na questão do planejamento familiar como forma de imperialismo econômico e racial; isso bem poderia gerar um sério protesto” (idem pag.106)
Prestar serviços de planejamento familiar integrados aos serviços de saúde de maneira mais ampla ajudaria aos EUA a combater a acusação ideológica de que os EUA estão mais interessados em limitar o número de pessoas dos países menos desenvolvidos do que em seu futuro bem-estar (idem pag.177)
A assistência para o controle populacional deve ser empregada principalmente nos países em desenvolvimento de maior e rápido crescimento nos que os EUA têm mais interesses políticos e estratégicos especiais. Esses países são Índia, Bangladesh, Paquistão, Nigéria, México, Indonésia, Brasil, Filipinas, Tailândia, Egito, Turquia, Etiópia e Colômbia (idem, pag.14/15, §30)
 
Quanto diretamente ao aborto diz o documento:
 
Certos fatos sobre o aborto precisam ser entendidos:
-Nenhum país já reduziu o crescimento de sua população sem recorrer ao aborto.
-As leis de aborto de muitos países não são estritamente cumpridas e alguns abortos por razões médicas são provavelmente tolerados na maioria dos lugares. É sabido que em alguns países com leis bastante restritivas, pode-se abertamente conseguir aborto de médicos, sem interferência das autoridades.
…sem dúvida nenhuma, o aborto legal ou ilegal, tem se tornado o mais amplo método de controle da fertilidade em uso hoje no mundo (idem.pag. 182/184)
 
A sanha para legalizar o aborto no Brasil não é porque estão interessados na tal “liberdade para as mulheres”, mas porque querem eliminar o números de pobres no país a preço de sangue e claro, implantar uma rede de clínicas de aborto, que no mundo é o segundo mais lucrativo mercado, ficando atrás apenas da indústria do sexo.

Entre os recursos destinados a projetos, no Brasil, encontramos:

Planejamento Familiar e a Assembléia Constituinte Brasileira. Monitorar e onde necessário dar assistência no desenvolvimento do tema planejamento familiar no texto da constituição brasileira. Membros do Grupo Brasileiro de parlamentares sobre População e Desenvolvimento receberão instruções técnicas sobre o assunto que contribuirão para debates sobre planejamento familiar - Pathfinder Fund, US$112.755”

Manter assessoramento ao Grupo Parlamentar de Estudos de População e Desenvolvimento; manter contratos com governos estaduais, manutenção de uma rede de clínicas; propagação de informações e programas de educação para o público em geral. IPPF para BEMFAM: US$ 2.552.000 em 1989; 1.752.200 em 1990 e 1.752.200 em 1991” ( “Inventory of Population Projects in Developing Countries around the World”, publicado pelo Fundo de População das Nações Unidas - FNUAP, 1989/91).

Outros recursos destinados ao “assessoramento” legislativo não constam desse documento. É o caso, por exemplo de recursos específicos destinados ao CFÊMEA - Centro Feminista de Estudos e Assessoria, que faz o “lobby” no Congresso Nacional para aprovação de leis de interesses daqueles grupos e organismos internacionais. Os que apóiam o CFÊMEA são: FNUAP, UNIFEM, UNICEF, Fundação Ford, Fundação MacArthur, entre outros. Em 1994 a Fundação Ford destinou US$ 175.000 para o CFÊMEA “Para monitoração política e programa de educação sobre Direitos Reprodutivos” (Civil Rights, New York). Além dos 836 milhões de dólares destinados ao Brasil, nos chamados “Projetos de População”, nestes últimos 5 anos, outros recursos não mencionados na publicação do FNUAP. É o caso, por exemplo dos recursos destinados pelo UNIFEM para o CFÊMEA, o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher ($202.000) e outras organizações que se dedicam aos projetos de controle de população e suas estratégias.
Evidentemente que, com tantos recursos, é fácil conseguir pessoal para defender a legalização do aborto e de outras atividades relacionadas ao controle de população, além da maciça propaganda nos meios de comunicações e envolvimento da comunidade. E tudo isso como se fosse de interesse nacional ou de defesa dos direitos da mulher.

Claro está que muitos, de boa fé, trabalham para esses projetos, por absoluta desinformação. Outros porém, assalariados, cumprem apenas com o seu dever de empregados ou contratados.
Na área política, posso assegurar que muitos parlamentares agem de boa fé ao aprovar ou defender aquelas medidas. Bombardeados pela propaganda e pelo “lobby”, muitos de nossos deputados e senadores até acreditam que estão fazendo o melhor para sua comunidade ao defenderem a legalização do aborto, da esterilização etc.

Valorização da mulher? 

Nos governos Lula e Dilma as mulheres tem sido vistas tão somente como instrumentos para a promoção do aborto. As vítimas de estupro são bem acolhidas, mas com uma condição: que estejam dispostas a abortar. Este não foi o caso de Regiane Marques de Souza, violentada em Maricá (RJ) em dezembro de 2010.

Regiane, após ser violentada, foi acolhida pelo Núcleo de Apoio à Mulher e encaminhada para o Hospital Fernando Magalhães (Rio de Janeiro), a fim de fazer o aborto. Em 23 de fevereiro de 2011, Regiane já estava no hospital, pronta para o “procedimento”, quando mudou de ideia e resolveu aceitar a criança. A partir de então, a acolhida desapareceu. Em 24 de agosto de 2011, Regiane deu à luz uma linda menina, a quem deu o nome de Maria Vitória. No entanto, seja durante a gravidez, seja após o parto, ela nunca recebeu um único auxílio dos órgãos do governo encarregados de defender “a mulher”. Em seu comovente depoimento de 5 de junho de 2013, Regiane afirma: “a Secretaria de Políticas para as Mulheres não faz nada para as mulheres que decidem não fazer aborto”. Aos seis meses de gravidez ela voltou ao CEDIM (Conselho Estadual dos Direitos da Mulher) do Rio de Janeiro pedindo apoio e recebeu esta resposta: “o problema é seu; você não precisava estar passando por isso”. Grávida e desempregada, ela apenas ouviu as feministas do governo dizerem que o problema era dela[1]. Inutilmente Regiane procurou a Secretaria de Políticas para as Mulheres pedindo um auxílio para suas crianças, uma vez que onde ela mora não há creche. Nada foi feito.

Eis como ela relata o descaso do governo:

 “CRAS[2], CREAS[3], Plantão Social, todo tipo de órgão que tem do governo, eles falam que entendem a minha situação, mas também nunca me fizeram uma visita, nunca ligaram para mim para saber nem como eu estou sustentando minhas três crianças”.

Mas em momento algum Regiane se arrepende de não ter abortado.

“Eu optei por não abortar, mas foi por livre e espontânea vontade, não tenho receio. É minha filha, estou satisfeita, o problema eu tenho é com o governo, que não me apoia. Não quer saber de minha necessidade, não quer saber de como estou vivendo com os meus filhos...”

Termina de maneira enfática comparando o governo com o autor do estupro:

“Eu tive mais problemas com o governo do que com a própria pessoa que me violentou. Porque ele foi preso, e o governo... eu peço ajuda e ninguém faz nada”[4].
 
Dilma sanciona lei de expansão do aborto
 
Contrariando pedidos insistentes de grupos pró-vida, a presidente Dilma Rousseff, logo após o término da estadia do Papa Francisco no Brasil, sancionou, sem nenhum veto, a Lei 12.845, de 1º de agosto de 2013, que “dispõe sobre o atendimento obrigatório e integral de pessoas em situação de violência sexual”.
 A lei tem por objetivo expandir a prática do aborto em caso de gravidez resultante de estupro. Esse aborto, embora constitua crime, há anos vem sendo financiado pelo governo[5]. No entanto, a palavra “aborto” não aparece nem no texto nem no título da lei.
A estratégia não é nova. Em novembro de 1989, o então Ministro da Saúde José Serra editou uma norma técnica intitulada “Prevenção e Tratamento dos Agravos Resultantes da Violência Sexual contra Mulheres e Adolescentes” cujo objetivo central era instruir os hospitais a praticarem aborto em crianças de até cinco meses de gestação quando concebidas em um (suposto) estupro. A palavra “aborto”, porém, não aparecia no título da norma. Para “provar” que havia sido violentada, bastava que a mulher apresentasse um boletim de ocorrência policial (o que não prova coisa alguma). Não se exigia o laudo do Instituto Médico Legal nem o Registro de Atendimento Médico à época da violência sofrida.
Em 2005, sob o governo Lula, essa Norma Técnica do Aborto foi reeditada pelo Ministro da Saúde Humberto Costa[6] com um agravante: nem sequer se exigia o boletim de ocorrência para que a gestante “provasse” que foi violentada. Bastava a palavra da mulher junto ao hospital. O Ministério da Saúde teve inclusive o cuidado de elaborar um formulário a ser preenchido pela suposta vítima, facilitando o trabalho da gestante não violentada de inventar uma história de violência a fim de obter o “direito” ao aborto[7].
 Essa Norma Técnica, porém, por horrenda que seja, não tem força de lei. Ela ensina a praticar o aborto, ensina com detalhe cada procedimento abortivo, mas não obriga os hospitais a praticá-lo. Na prática, somente os grandes hospitais, com uma equipe médica treinada para o aborto, têm seguido essa Norma. Faltava uma lei que obrigasse todos os hospitais do SUS a encaminhar as (supostas) vítimas de violência para os centros de aborto. Essa lacuna foi preenchida pela lei 12.845/2013, recém-sancionada pela Presidente Dilma. A nova lei fala de “atendimento imediato, obrigatório em todos os hospitais integrantes da rede do SUS” (art. 3º, caput) e não apenas nos “hospitais públicos que tenham Pronto Socorro e Serviço de Ginecologia”, como previa o projeto original[8]. Esse “atendimento” inclui o aborto precoce (“pílula do dia seguinte”) mascarado sob o nome de “profilaxia da gravidez” (art. 3º, IV). O cerne da lei, porém, está no inciso VII do artigo 3º que fala do “fornecimento de informações às vítimas sobre os direitos legais e sobre todos os serviços sanitários disponíveis”. Todos os hospitais do SUS terão, portanto, o dever de informar as (supostas) vítimas de violência sobre o (falso) direito que elas têm de abortar seus filhos e quais hospitais estão disponíveis para executar esse “serviço”. A extensão da lei é reconhecida pelos defensores do falso direito ao aborto, financiados por fundações estrangeiras, quando, em linhas gerais, dizem: “Erra quem pensa que esse será um ajuste simples nos serviços: é preciso treinar equipes, organizar redes de garantia de direitos, estabelecer parcerias sensíveis entre a saúde e a segurança pública”.
 

O que pensa a esquerda latina.

Reunião da ONU na América Latina é "sequestrada"
A cabine telefônica de estilo britânico intitulada “Converse com Deus” aparecia numa praça, ao lado de fora de uma reunião da ONU no Uruguai. Ostentava um pôster que perguntava se a gravidez da Virgem Maria era “desejada.” Os pedestres eram incentivados a gravar uma mensagem para Deus denunciando o “fundamentalismo” religioso e rezando pelo aborto legal.
Dentro da reunião, representantes da América Latina e nações caribenhas escutaram discursos da Planned Parenthood (Federação Internacional de Planejamento Familiar) e de uma sexóloga enquanto rascunhavam prioridades para o novo conjunto de metas de desenvolvimento. A cabine telefônica tinha sido montada por grupos feministas e secularistas para influenciar a conferência.
A reunião foi a primeira de uma série na região a propor metas para a agenda pós-2014. Foi organizada pela Comissão Econômica da ONU para a América Latina e Caribe (CEALC) e pelo Fundo de População da ONU, e realizada pelo governo do Uruguai, que recentemente legalizou o aborto. Autoridades de 38 países, 24 agências e 260 organizações não-governamentais compareceram.

“Extremistas radicais se infiltraram” na reunião, informou a Rede Parlamentar de Questões Críticas.
De acordo com um observador, o debate foi “sequestrado” pela Argentina, Equador e Uruguai. O habitual “código de respeito” em eventos internacionais foi repetidamente ignorado, levando o secretário da conferência a criticar a “falta de diplomacia” dos participantes.
O resultado foi o Consenso de Montevidéu sobre População e Desenvolvimento. O documento pede políticas para dar às pessoas condições de exercer “direitos sexuais” sem discriminação. Orienta os países da América Latina e Caribe a “considerar emendar suas leis” que restringem o aborto e permitir que as adolescentes tenham acesso à pílula do dia seguinte sem envolvimento dos pais. A legalização do aborto “reduzirá o número de abortos", afirma o documento, não oferecendo evidência alguma.

Contudo, no que a Argentina denunciou como retrocesso, o consenso reafirmou o direito soberano das nações de aplicarem as recomendações de acordo com suas leis e prioridades.
Esse documento “só poderia ser possível numa reunião regional na qual os governos enviam suas feministas radicais em vez de pessoas que verdadeiramente representam seu próprio povo,” disse Austin Ruse, presidente do C-FAM. Suas posições “não teriam absolutamente nenhuma chance de serem aprovadas na Assembleia Geral, onde os delegados estão cansados desse tipo de agenda radical".

Uma pessoa recebeu dois horários privilegiados de palestra na reunião de 3 dias. Carmen Barroso, diretora do hemisfério ocidental da Planned Parenthood disse numa entrevista que a América Latina e o Caribe deveriam ser líderes na promoção da “cidadania sexual.” Esse conceito, introduzido no início da década de 1990, vê a sexualidade dentro do sistema de cidadania a partir de uma perspectiva neomarxista.

"A América Latina e o Caribe não podem progredir na área de saúde sexual e reprodutiva se o aborto não for um direito", Mariela Castro disse na conferência. A sexóloga, filha do presidente cubano Raul Castro, é membro da força-tarefa de alto nível da Conferência Internacional de População e Desenvolvimento. Ela patrocinou uma lei tornando Cuba o primeiro país na região a fornecer cirurgia gratuita de operação de mudança de sexo para indivíduos transgêneros.

O político uruguaio Gerardo Amarilla denunciou a discriminação religiosa do espetáculo da cabine telefônica e zombou dos organizadores da conferência destacando seu país como “progressista.”
Ele enumerou os crescentes problemas do Uruguai, incluindo a  desintegração da família, infecções sexualmente transmissíveis, uso de drogas, violência, depressão e suicídio. “Talvez sejamos ‘progressistas’ e estejamos nos desenvolvendo,” disse ele, “certamente em direção ao precipício.”

Publicado no 'Friday Fax' do C-FAM.

Tradução: Julio Severo

Jogos de aborto entre Brasil e ONU.

Por : Julio Severo

Na semana passada, o governo de Dilma Rousseff foi pressionado pelo CEDAW (Comitê para a Eliminação da Discriminação contra as Mulheres) sobre um número alegado de 200.000 mortes de mulheres a cada ano por causa do aborto ilegal no Brasil. As representantes do Brasil não mostraram nenhuma disposição de questionar esse número patentemente inflado.
Dados oficiais do governo brasileiro mostram que 146 mulheres, cuja gravidez terminou em aborto, morreram em 1996. Em 2004, 156 mulheres morreram.
Onde foi que o CEDAW arranjou a estatística extravagante de 200.000 mortes? Das ONGs feministas brasileiras financiadas por instituições americanas pró-aborto como as Fundações MacArthur, Rockefeller e Ford, que geralmente patrocinam o treinamento pró-aborto de líderes feministas do Brasil, de modo que elas não estejam em descompasso com as feministas americanas em manobras de linguagem, estatísticas e ações políticas e legais.
Depois desse treinamento, elas estão prontas para avançar para ocupações governamentais e não governamentais, e muitas delas estão hoje no sistema da ONU ecoando insanidades ideológicas do Primeiro Mundo com uma voz “brasileira”.
O CEDAW cobrou as representantes brasileiras acerca dessa estatística elevada, perguntando: “O que é que vocês vão fazer com esse problema político enorme que têm?” O CEDAW também deixou claro que acredita que a criminalização do aborto está ligada à alta taxa de mortes por ano.
Essa foi uma “pressão” excelente e oportuna, pois o governo brasileiro tem toda disposição do mundo, ideológica e outras, para resolver “esse problema político enorme”. Dilma Rousseff, “ex-membro de uma organização terrorista comunista que lutava para derrubar o governo do Brasil nas décadas de 1960 e 1970, tem um histórico de apoio à descriminalização do aborto antes de sua corrida presidencial”.
Contudo, ela se viu forçada a assinar um documento de compromisso de não apresentar legislação abortista ou homossexualista durante seu mandato presidencial para elevar seus números cada vez mais baixos nas pesquisas eleitorais depois que os cristãos começaram a alertar a população sobre o histórico dela.
Por causa desse documento de compromisso, ela tem algumas dificuldades para resolver “esse problema político enorme”. Mas isso não a impediu de nomear Eleonora Menicucci como ministra das mulheres. Menicucci, que liderou a delegação do Brasil para “enfrentar” o CEDAW, é amiga de Rousseff e esteve encarcerada com ela na década de 1970, quando elas foram presas por terrorismo.
Menicucci era membro de um grupo feminista e foi treinada, na Colômbia, para realizar abortos. Ainda que o aborto seja ilegal no Brasil (exceto em caso de estupro e risco de vida para a mãe), ela se gabou de que ela mesma teve dois abortos propositados.
Não foi um desprazer para ela se encontrar com suas amigas feministas do CEDAW, que deixou claro que o CEDAW “não pode defender o aborto”. Apesar disso, Magaly Arocha, do CEDAW, disse à delegação brasileira: “As mulheres vão abortar. Essa é a realidade”.
O documento oficial da ONU disse: “Os abortos inseguros no Brasil são uma questão de grande preocupação para esse Comitê [para a Eliminação da Discriminação contra as Mulheres], que já recomendou que o Brasil descriminalize o aborto”.
Para acalmar suas camaradas abortistas na ONU, o relatório de Menicucci explicou a tentativa do governo de esmagar um projeto de lei que defende a vida chamado Estatuto do Nascituro, que proibiria o assassinato de crianças em gestação em todas as circunstâncias.
O CEDAW também se queixou para a delegação brasileira de que “dá para se ver práticas discriminatórias… de casamento na legislação e quis uma explicação”. Mas a resposta brasileira oficial assegurou que o governo vem adotando medidas para eliminar as “desigualdades”: “Importantes realizações estão sendo feitas por meios judiciais, principalmente o Supremo Tribunal Federal, que permitiu que duplas de mesmo sexo registrassem sua união civil homossexual”.
Uau! A prioridade do CEDAW, como agência da ONU para “ajudar” as mulheres, é avançar o “casamento” homossexual e o aborto! Não é de surpreender que o mesmo CEDAW que está avançando uma ideologia feminista radical seja um feroz inimigo do Dia das Mães. O CEDAW odeia todo traço original de características femininas. O CEDAW quer as mulheres em 50% de todas as ocupações masculinas, inclusive as forças armadas. O CEDAW odeia as mulheres em papéis femininos.
O CEDAW se queixou de que o Brasil tem um número pequeno de mulheres no Congresso Nacional. O ideal da ONU, é claro, seria 50%, mas pode ter certeza de que a ONU não ficaria contente se tais mulheres se parecessem com Madre Teresa de Calcutá. A mulher ideal para a ONU é como Eleonora Menicucci, com um histórico de abortos, treinamento para realizar abortos, terrorismo comunista e uma vida sexual promíscua. Com tais mulheres, o Congresso Nacional e Dilma nunca mais terão problema alguma para avançar o feminismo, o aborto, o homossexualismo e outras ideologias aprovadas pela ONU.
O CEDAW também elogiou muito a Lei Maria da Penha, uma lei contra violência doméstica. Qualquer mínimo ato violento de um marido ou parceiro pode acarretar penalidades duras contra eles. Contudo, em atos violentos entre mulheres e crianças em gestação, não existe nenhuma Maria da Penha para proteger as crianças de violência e assassinato, que são suavizados e transformados em direito. Se os homens adotassem semelhante insanidade, eles poderiam receber da ONU um “direito” de matar mulheres. E com tal insanidade em andamento, a preocupação prioritária da ONU seria o assassinato de mulheres como “direito”.
A realidade é que a preocupação prioritária do CEDAW com a delegação brasileira foi como descriminalizar o assassinato de bebês em gestação por meio do aborto!
Havia um interessante jogo entre o Brasil e a ONU. Menicucci e o CEDAW queriam defender o aborto abertamente, mas ambos recorreram a uma linguagem malandra para expressar seus sentimentos ideológicos.
O relatório brasileiro para CEDAW se queixou: “O afastamento de posições conservadoras em relação ao papel de homens e mulheres em nossa sociedade está ocorrendo mais lentamente do que se desejaria”.
As opiniões conservadoras da maioria dos brasileiros, principalmente mulheres, estão impedindo Dilma e Menicucci de serem livres para impor suas opiniões pessoais e ideológicas em todas as mulheres brasileiras e outros brasileiros.
De forma semelhante, as opiniões conservadoras da maioria das mulheres e nações estão impedindo a ONU de ser livre para impor suas opiniões pessoais e ideológicas no resto do mundo.
Mesmo assim, com jogos de palavras e linguagem malandra sobre “direitos”, eles esperam alcançar o que com honestidade e números corretos jamais poderiam alcançar.
Uma versão deste artigo, também de autoria de Julio Severo, foi publicada por LifeSiteNews para o público internacional.