segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Emoção, Fé e Razão.

Infelizmente Hoje em dia,, há pessoas que deixam de lado a Razão, o raciocínio, e preferem confiar em seus fracos sentidos e emoções. Ora, isso já é perigoso para o corpo, mas é muito mais perigoso para a alma. Muitas pessoas, assim passaram a expressar e crer de modo totalmente emocional, sem dar ouvidos à Razão que Deus nos deu para que possamos crer. “Creio para entender e entendo para crer”, dizia Santo Agostinho.Muitas pessoas procuram na Religião não a Salvação, a Verdade, a Vida Eterna, mas apenas sensações agradáveis, emoções que as façam sentir-se bem consigo mesmas.

 Disse o Senhor: “Eu te instruirei, e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir…não queiras ser como o cavalo e o mulo sem entendimento” (Sl 31,8-9). Nosso dever de Cristãos é procurar entender, aprender o que a Igreja que Cristo mandou ensinar a todos os povos (Mc 16,15), usar a inteligência que Deus nos deu e não ser “como o cavalo e o mulo” que nada compreendem e vivem apenas em busca do que seus sentidos dizem ser bom.
Esta busca da emoção, do sensível (aquilo que percebemos por nossos sentidos) é algo que pode trazer problemas enormes para uma pessoa bem intencionada. A fé edificada sobre a emoção não é fé verdadeira, mas mera busca de recompensa rápida, tão pouco profunda e tão ineficiente quanto a caminhada do burrico atrás da cenoura que seu mestre mantém pendurada adiante dele para que ele não pare de caminhar.


 Isso acontece freqüentemente em grupos e em pessoas que são levadas a um estado emocional pertubador, que acreditam ser Deus agindo nelas. Este estado, porém, não é um estado permanente, mas uma mera excitação nervosa que seria provocada de modo muito similar se estivessem assistindo a um espetáculo não-religioso. O problema, porém, é que para estas pessoas, isso é a Fé, isto é a Religião. A Religião, para elas, resume-se em um estado de espírito agradável, em uma sensação que forçosamente um dia irá passar. Elas tomam uma experiência emocional por uma revelação, e um estado emocional pela graça de Deus.


 Ora, este estado passará. Mais cedo ou mais tarde, coisas desagradáveis virão a ocorrer, e estas pessoas não estarão preparadas para elas. Na vida cotidiana, nos pequenos problemas encontrados ao longo do caminho, elas vão ver obstáculos enormes, e no fim daquela exultação emocional verão o fim de sua “Fé” edificada não sobre Cristo, mas sobre suas emoções passageiras.


 O que é Fé? Fé é crer, é acreditar no que não se vê, em um ato da vontade e do intelecto, não sentir. A Fé não é algo que possa ser sentido, e muitos dos maiores santos nunca, jamais, estiveram qualquer tipo de consolo ou sensação agradável enquanto caminhavam pela Terra. Dizemos no Salve Rainha que somos degredados, chorando neste vale de lágrimas, é na Fé que persiste apesar da ausência total de sensações agradáveis, que está a Cruz, que é nosso caminho. Cristo não veio para nos dar uma vaga “sensação de bem-estar”; este, ao menos segundo o que diz a publicidade, é o ramo dos desodorantes e outros produtos. Cristo veio nos dar a graça de carregarmos com ele nossas cruzes, para um dia, após a morte, estarmos junto a Ele no Céu. Lá, sim, não mais haverá situações desagradáveis.


 Cristo nos deu sua Igreja, que tem a tríplice missão de Ensinar, Santificar e Governar.
O ensino da Igreja é a Doutrina que Cristo ensinou, Doutrina essa que não é “sentida” mas estudada e aprendida pela Razão. De nada adianta fazer trezentos “Encontros” por ano e sentir-se “Feliz” se não buscamos aprender o que Cristo ensinou. Não será pelo nosso estado emocional que poderemos aprender a Doutrina, mas sim pelo estudo do Catecismo.
 

A Santificação ocorre por meio dos Sacramentos, que são sinais visíveis de uma realidade invisível. Esta realidade invisível é a Graça de Deus que eles conferem. A Graça não pode ser vista, não pode ser sentida nem sequer percebida pelas emoções. Receber o Sacramento da Reconciliação após a confissão dos pecados a um Sacerdote não causa nenhum estado emocional preciso, mas nos faz voltar a ter a Graça. É bem verdade que pode haver, e em muitos casos há uma grande alegria por nos vermos livres da inimizade de Deus, que certamente nos valeria o inferno caso morrêssemos neste estado, mas isso não é causado diretamente pelo próprio Sacramento, mas sim pelo reconhecimento que fazemos de nossa situação depois de recebê-lo.

 Do mesmo modo, receber o Santíssimo Sacramento não é tomar um remédio psiquiátrico de tarja preta que faça imediatamente o triste sentir-se cheio de alegria, mas sim receber o sinal visível da Graça de Deus que ele nos infunde e que não pode ser percebida. Ninguém pode ver a Graça, ninguém consegue senti-la ou percebê-la de qualquer forma que seja. Procurar estados emocionais não é de modo algum equivalente a buscar a Graça de Deus, e abandonar a Razão, abdicar de nosso livre-arbítrio (a nossa capacidade de escolher entre duas coisas que parecem boas) em prol apenas da busca de emoções que supostamente seriam sinais visíveis de Deus é rejeitar os Sacramentos que Cristo nos deu e que são necessários para nossa Salvação.


 O Governo da Igreja é feito por sua hierarquia, que transmite a Doutrina, ministra os Sacramentos e governa por suas normas a vida dos Cristãos. A busca de emoções faz com que muitos deixem de obedecer ao que nos ordena o Magistério da Igreja.


Fonte: Prof. Carlos Ramalhete

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